Rogério CabocloDivulgação/CBF
Quem é mulher e passou por constrangimento semelhante sabe que não é fácil repelir os abusos verbais de seu patrão. Sabe que não é fácil colocar toda a sua carreira em risco e denunciar um empregador que tem o poder de destruir a sua vida e tudo aquilo que você conquistou até então. Sabe como é dura a decisão de tentar buscar justiça com o conhecimento de que precisará enfrentar alguém que usará de todos os meios para te atacar e te desqualificar enquanto pessoa e enquanto mulher.
Entre os métodos sórdidos nesse processo está a ação deliberada, ao tornar pública sua defesa, de divulgação do meu nome e minha identidade, até então preservados por mim e por todos os meios de comunicação.
Esse tipo de agressão, além de outros tantos ataques que já sofri por parte do Sr. Rogério Caboclo, me traz uma tristeza imensa. Digo tristeza pois é assim que me sinto ao entender que não existe e nem existirá remorso por todas as agressões verbais e comportamentos predatórios que tive que aguentar. Tristeza por ver que a linha de defesa escolhe deliberadamente me atacar e me expor, perpetuando a ideia de que discursos e comportamentos misóginos devem ser aceitos pelas mulheres dentro da linha hierárquica de uma empresa.
É inconcebível pensar que eu, subordinada direta de um dos homens mais poderosos desse país poderia estar no “total controle da situação”. Dizer que o Sr. Rogério Caboclo foi “mal interpretado” é um discurso leviano e dissimulado. A conveniência de assediar, humilhar e menosprezar constantemente alguém e depois dizer que essas ações foram apenas um “tom acima do que se poderia esperar” é típica de quem está numa situação de poder e se recusa a olhar para o próximo com respeito e igualdade, considerando todas as pessoas inferiores a ele.
A atitude covarde de esconder seus assédios alegando uma suposta "relação de amizade" é completamente falsa e descabida. Como poderiam os termos repugnantes da conversa terem sido por mim consentidos, se por diversas vezes solicitei educadamente que o Sr. Rogério não entrasse em assuntos sobre a minha vida particular?
Onde está o consenso quando uma das partes diz reiteradamente que não quer falar sobre temas de foro íntimo e seu chefe insiste em manter diálogos absolutamente repulsivos e invasivos? Dentro da minha consciência é impossível conceber que esse é o tipo de tratamento que o Sr. Rogério considera como sendo “normal”, proveniente de uma relação de trabalho com sua assessora. Repudio esse tipo de colocação formulada por pessoas insensíveis ao inferno que vivi e continuo vivendo.
Vejo que essa linha que o Sr. Rogério e sua defesa vêm seguindo é a tentativa de realização da ameaça por ele formulada de me destruir. Ao minimizar, tentar banalizar e tratar como “normal” todo o mal causado pelo Sr. Rogério, eles tentam me atingir novamente, mas me manterei forte e seguirei adiante".
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