BárbaraReprodução

Rio - Em entrevista ao portal "UOL", ex-goleiras da seleção brasileira feminina de futebol defendem a goleira Bárbara, após falhas no empate com a Holanda por 3 a 3 nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
"É uma questão cultural: a atacante pode perder 10 gols, mas se faz um está tudo certo. Já a goleira pode fechar o gol, mas se tem uma falha, por menor que seja, será crucificada", disse especialista de futebol feminino da CBF, Romeu Castro.
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Em apoio à goleira Bárbara, a técnica da seleção brasileira feminina sub-17, Simone Jatobá e, Maravilha e Meg, ex-goleiras que integram a comissão técnica da equipe comentaram sobre a partida. Meg jogou oito anos pela seleção brasileira, enquanto Maravilha ficou por 13 anos.
"A Bárbara não está em Tóquio por acaso. É a sua quarta Olimpíada", afirma Maravilha, que é a treinadora de goleiras da seleção sub-17 e carrega um ensinamento que trouxe para sua vida particular, herdado de uma falha no Campeonato Mundial de 1999.
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Era a semifinal contra os Estados Unidos, e o erro que cometi me ensinou bastante: nunca se pode confiar demais. Na vida ou jogando no gol. Em todas as situações é preciso estar ligado. Mas para a Bárbara, eu digo: não se deve se vangloriar demais quando se faz uma grande defesa, nem se abater com os erros", disse Meg.
"Tive que me adaptar, era um treinamento antigo. Eu era da seleção de handebol, mas joguei nove anos na seleção de futebol até a Olimpíada de Atlanta [em 1996]. E aprendi que todo mundo acha que entende de futebol. Mas não entende muito. Essa é a verdade. Então, é mais fácil achar um culpado ou dois para um resultado negativo. Mas eu fazia a minha própria análise e não aceitava as críticas de fora. Somente as minhas. E procurava corrigir o que fosse possível.
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Veja o caso da Bárbara. Ela fechou o gol contra a China na estreia das Olimpíadas e agora sofre com as críticas na partida contra a Holanda. E eu digo a ela: siga com seu preparo psicológico. Nem escute essas críticas, nem leia nada. Não se abale, você é uma medalhista olímpica, você merece respeito", completou Meg.
A técnica Simone Jatobá compartilha com a mesma linha de pensamento. Jatobá foi lateral-direita do Brasil de 2000, a primeira convocação da ex-jogadora, até 2014.
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"Foram oito ou nove anos jogando efetivamente, e convivi com essa história de que sempre se busca um culpado: a culpa é de uma zagueira ou da goleira. Sempre se busca um culpado. Não tem o 'todos' nessa cultura do futebol. É uma mentalidade antiquada. Só se vê uma peça", disse Jatobá.
"Concordo com a Pia Sundhage, que vai manter a Bárbara contra Zâmbia. É preciso depositar toda a confiança nela. Energia positiva. A Bárbara não precisa provar nada para ninguém", completou.
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