Pelé comemora gol pela seleção brasileira com Jairzinho, na Copa do Mundo de 1970Arquivo da Fifa

Rio - O futebol perdeu o seu Rei. Pelé morreu na tarde desta quinta-feira (29), aos 82 anos, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O maior jogador da história estava internado desde o dia 29 de novembro, em virtude de uma infecção respiratória e para reavaliação do tratamento de um câncer no cólon, mas faleceu em decorrência da falência múltipla dos órgãos. 
Após a morte do tricampeão mundial, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, publicou uma carta de reverência a Pelé. O mandatário da entidade máxima do futebol chamou o eterno camisa 10 de "maior jogador de futebol de todos os tempos", destacou os seus feitos, exaltou o seu legado para o esporte e lamentou a sua morte. 
"Pelé foi único em muitos aspectos. Ele marcou mais de 1.000 gols ao longo de sua carreira e foi o único jogador a ter vencido a Copa do Mundo três vezes. A visão dele socando o ar em comemoração é uma das mais icônicas do nosso esporte e está gravada em nossa história", disse Infantino.
"A vida de Pelé é mais do que futebol. Ele mudou as percepções para melhor no Brasil, na América do Sul e no mundo. Seu legado é talvez impossível de resumir em palavras. Hoje, o mundo inteiro chora a perda de Pelé; o maior jogador de futebol de todos os tempos", completou. 
Pelé passou por uma cirurgia no cólon em setembro de 2021 e desde então estava realizando tratamento de quimioterapia. No início deste ano, foram detectadas metástases no intestino, no pulmão e no fígado. No dia 29 de novembro, foi internado. Na época, recebeu homenagens durante a Copa do Mundo.
No dia 21 de dezembro, o boletim médico informou que houve uma "progressão da doença oncológica". Apesar do quadro complicado, Pelé passou alguns dias estável, mas não foi liberado para passar o Natal em casa com a família. Nas últimas horas, no entanto, a saúde do ex-jogador voltou a piorar.
Pelé deixa sete filhos e a esposa Márcia Aoki, com quem estava casado desde 2016. Do primeiro casamento, com Rosemeri Cholbi, nasceram Kelly Cristina, Edinho e Jennifer. Ele também é pai dos gêmeos Joshua e Celeste, do relacionamento com a psicóloga Assíria Lemos, e teve duas filhas fora do casamento: Sandra Regina, que só obteve o reconhecimento da paternidade pela Justiça, morta em 2006, e Flávia.
Confira a carta
"Caros Amigos da FIFA, queridos Amigos do Futebol, Caro Ednaldo Rodrigues e todos da Confederação Brasileira do Futebol (CBF).

Estou com o coração partido ao saber que perdemos Pelé, o Atleta do Século.

Hoje é um dia verdadeiramente trágico para o futebol e o Jogo Bonito, como ele chamou, nunca mais será o mesmo.

Pelé foi único em muitos aspectos. Ele marcou mais de 1.000 gols ao longo de sua carreira e foi o único jogador a ter vencido a Copa do Mundo três vezes. A visão dele socando o ar em comemoração é uma das mais icônicas do nosso esporte e está gravada em nossa história.

Mas foram sua habilidade e imaginação que realmente se destacaram. Pelé experimentou coisas que nenhum outro jogador sonharia, como o famoso movimento na semifinal da Copa do Mundo de 1970, que ficou conhecido como o “Drible do Pelé”. Ou o gol que ele marcou na final da Copa do Mundo de 1958, aos 17 anos, quando passou a bola por cima de um zagueiro e chutou de voleio para a rede.

Na verdade, como o futebol televisionado ainda estava em sua infância na época, vimos apenas pequenos vislumbres do que ele era capaz. Quem sabe o que teria acontecido se ele estivesse por volta de 10 ou 15 anos depois?

Às vezes, é difícil separar o mito do fato. Alguns dizem que o governo brasileiro o declarou Tesouro Nacional em 1961, e com isso evitou que ele fosse vendido para um clube fora do Brasil. Eles também dizem que uma trégua foi estabelecida na Guerra Civil da Nigéria na década de 1960 para permitir que ambos os lados o vissem e o Santos jogar uma partida contra um time local.

Mesmo que haja algum exagero aqui, o simples fato de ambas as histórias serem plausíveis ilustra a estima que ele tinha em todo o mundo e a mística que o cercava.

Mais importante, ele conseguiu tudo isso com um sorriso no rosto. O futebol podia ser brutal naquela época e Pelé frequentemente recebia tratamento rude. Mas, embora soubesse defender-se, foi sempre um desportista exemplar, com um respeito genuíno pelos adversários.

Tive o grande privilégio de conhecer o grande homem em 2016, após assistir à estreia do filme de Pelé. Os momentos passados com ele ficarão para sempre gravados no meu coração, assim como para todos os que amam o futebol. Ele tinha uma presença magnética e, quando você estava com ele, o resto do mundo parava.

A vida de Pelé é mais do que futebol. Ele mudou as percepções para melhor no Brasil, na América do Sul e no mundo. Seu legado é talvez impossível de resumir em palavras.

Hoje, o mundo inteiro chora a perda de Pelé; o maior jogador de futebol de todos os tempos."