BebetoReprodução/ Facebook Bebeto

Rio - Completando 60 anos nesta sexta-feira (16), Bebeto deu detalhes sobre sua polêmica saída do Flamengo em 1989, quando era um dos principais nomes do elenco rubro-negro, para defender o Vasco. Em entrevista ao site "ge", ele falou sobre os motivos que o levaram a decidir se transferir para o clube de São Januário.
"Eu nunca pensei em sair do Flamengo. Quando meu irmão faleceu, aquele pessoal ali me abraçou de uma maneira que não esqueço nunca mais. Adílio me pegava, me levava pra a casa dele, para o shopping, a gente saía. Mozer me levava para almoçar na casa dele. Os caras toda hora me tiravam de casa para eu não ficar pensando. Nos treinamentos aquela alegria, brincavam comigo o tempo todo. Mas teve uma época, quando renovei meu contrato, o presidente (do Flamengo) me deu 10 (notas) promissórias. E quando meu irmão faleceu eu trouxe todo mundo, todo mundo veio comigo, eu tinha comprado uma casa na Barra, em 1984. E eu precisava pagar a casa. Tinha 10 promissórias e cada mês que vencia eu botava para pagar a casa. Mas não tinha fundo. Isso foram 10 vezes", iniciou Bebeto.
"Aí foi que apareceu José Moraes. Ele foi meu procurador depois da morte do meu irmão: “meu garoto, eu vou adiantar você para você não ficar nessa preocupação da sua casa. Depois você me paga”. Demorou muito para Flamengo me pagar. Então quando apareceu essa coisa do Vasco, eu estava disputando a Copa América, concentrado na Granja Comary. E aí o Zé falou: “tem uma proposta aí para você”. Antes disso eu já tinha tido proposta do Bayern de Munique, da Juventus. E eu já tinha praticamente um pré-contrato assinado com o Vasco. Antes, eu perguntava qual era o clube, o Zé não me falava. “Pô, vai te dar tanto, tanto". Se eu não me engano eram 600 mil dólares na época”, completou.
De acordo com o ex-atacante, após selar sua ida para o Vasco, ele passou a ser alvo frequente de ameaças e precisou andar com seguranças.
"Ligavam para a minha casa. Seu Eurico (Miranda) botou 10 seguranças para ficar do meu lado o tempo todo. Eu ia para o treino com 10 seguranças. Eram 2 ou 3 carros. 1 me seguindo, 1 na frente, 2 atrás... Ameaçaram meu filho e minha esposa. E família é a base de tudo, meu alicerce, minha vida, minha história. E foi muito triste, mas depois a gente foi acostumando. Aí depois ganhamos de 4 a 1 do Flamengo, eu meti 2. Eu sou profissional, né? Tenho que honrar a camisa que eu estou vestindo", revelou o ex-jogador.
"A verdade é que na época o Flamengo não me deu valor. Precisou outro clube me dar valor, depois de todo ano sendo artilheiro, fazendo gols, decidindo partidas. Eu não ia arriscar a minha família, casado. Estava com filhinho já", finalizou.
No Vasco, Bebeto logo se tornou um dos principais nomes da equipe. No mesmo ano em que chegou a São Januário, participou da conquista do segundo título brasileiro da história do clube, algo que não acontecia há 15 anos.