Dorival Júnior em coletivaRafael Ribeiro/CBF

Rio - Técnico da seleção brasileira, Dorival Júnior comentou as situações de Robinho e Daniel Alves, presos e condenados por estupro. Em coletiva nesta sexta-feira (22), o treinador se solidarizou com as vítimas e seus familiares e lamentou a situação dos atletas, principalmente do ex-atacante, preso na última quinta (21), com quem trabalhou no Santos. 
"Acho que é uma situação muito delicada. O Robinho foi meu atleta, uma pessoa fantástica, um profissional desses, dentro da nossa convivência, acima da média. Não tive oportunidade de trabalhar com o Daniel, mas a história dele dentro do futebol todos nós conhecemos. É um momento difícil para nós expressarmos toda e qualquer situação. Primeiro eu penso nas famílias das pessoas envolvidas e principalmente das vítimas envolvidas nesses episódios, que acontecem diariamente no nosso país e em todo mundo e que, de repente, não são abordados, são abafados porque as pessoas não têm voz", disse Dorival, que defendeu punição aos crimes de violência sexual.
"Se houve realmente e comprovado algum tipo de crime, ele tem que ser penalizado. Por mais que doa no meu coração falar disso a respeito de uma pessoa com quem tive um convívio excepcional. Eu olho muito mais pelas vítimas, pelas famílias, assim como por suas famílias também, eu sei o quão doloroso deve ter sido a cada uma delas que passam por um momento como esse. Não desejo isso a ninguém, sinto por tudo o que passarão a partir de então em suas vidas, todos os que estão envolvidos. É o sentimento que fica. Gostaria de dizer que não só esses casos, mas milhares acontecem ao longo dos dias e a nossa sociedade, infelizmente, se omite da grande maioria. Precisamos penalizar também esses casos que não são expostos e acontecem com frequência", completou.
Dorival e Robinho trabalharam juntos no Santos em 2010. Na época, o ex-atacante era um dos principais nomes do time ao lado de Ganso e Neymar. Juntos, eles ajudaram o Peixe a conquistar a Copa do Brasil daquele ano.
Dorival Júnior foi a terceira pessoa na Seleção a se manifestar nas últimas horas sobre a prisão dos ex-jogadores por estupro. Antes dele, o capitão Danilo citou a importância de um "aprendizado" por parte dos jogadores com a situação, enquanto Leila Pereira, presidente do Palmeiras e chefe da delegação, tratou os dois casos como 'um tapa na cara das mulheres'.

Caso Robinho

Robinho foi condenado por todas instâncias da Justiça da Itália a nove anos de reclusão por participar de crime de estupro coletivo contra uma jovem albanesa, ocorrido em uma boate de Milão, na Itália, em 2013. Entretanto, o atleta nunca foi preso, pois deixou o país antes da condenação final. Ele alega inocência. Por isso, as autoridades italianas solicitaram que a pena seja cumprida no Brasil.
Com isso, a justiça italiana requereu uma homologação de sentença, ou seja, pediu que a decisão ocorrida na Itália pudesse ter efeitos no Brasil, o que foi aprovado na última quarta (20). Vale ressaltar que o STJ não realizou novo julgamento sobre o caso ocorrido em 2013 ou discutiu a decisão tomada pelos italianos.

Caso Daniel Alves

Condenado em fevereiro a quatro anos e meio de prisão por estupro contra uma mulher de 23 anos, em uma boate de Barcelona, Daniel Alves teve o pedido de liberdade provisória concedido pela Justiça espanhola na última quarta-feira. O Tribunal decretou a fiança de 1 milhão de euros (R$ 5,4 milhões) para o brasileiro. O jogador também não poderá sair da Espanha e vai entregar os passaportes em seu nome (brasileiro e espanhol) à Justiça local, além de comparecer semanalmente no Tribunal. Ainda cabe recurso contra a decisão. Ele alega inocência e recorre da sentença pelo crime de agressão sexual.
Apesar da decisão favorável, Daniel ainda não deixou a cadeia. Ele tenta conseguir recursos para fazer o pagamento da fiança de 1 milhão de euros, já que teve suas contas bloqueadas no Brasil e na Espanha. Como ainda não levantou a quantia, ele seguirá preso durante o fim de semana.
Em paralelo, o Superior Tribunal da Justiça da Catalunha (STJC) avalia dois recursos no processo que condenou Daniel Alves. Um do Ministério Público, que pede uma punição maior, de nove anos de prisão. Novamente, o argumento é de que há risco de fuga do jogador, mesmo depois de cumprido o tempo de prisão.