Galvão Bueno foi o convidado do programa Roda Viva exibido nesta segunda-feira (1)Reprodução / Vídeo

Rio - Da parte de Galvão Bueno, não existe qualquer desavença com Neymar. Foi o que deixou claro o narrador esportivo em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, exibido nesta segunda-feira (1º), ao ser questionado sobre sua relação com o jogador.
Segundo ele, apesar das críticas feitas aos desempenhos dentro de campo, a vida pessoal do camisa 10 do Al-Hilal sempre foi respeitada.
"A situação com o Neymar é assim: um jogador fora da curva, um craque excepcional. As pessoas falam muito sobre a vida pessoal dele, das festas, mas ninguém nunca ouviu uma palavra minha sobre [esse assunto]. Até porque eu não admito que interfiram na minha nesses anos todos. Falar do Neymar sempre foi em campo", afirmou Galvão.
O locutor, de 73 anos, disse que em alguns momentos, o craque pode ter reprovado comentários feitos sobre situações em que ele se desestabilizou. "Em alguns momentos, dentro de campo, ele se perdeu um pouco. Perdeu o controle, tomou algumas atitudes, fez algumas bobagens. Aí, ele pode não ter gostado. Se ele talvez não se sinta bem perto de mim, não tenho absolutamente nada contra o Neymar", analisou.
Recentemente, o atleta se recusou a participar do documentário "Galvão: Olha o que ele fez", lançado em maio de 2023 no Globoplay.
No entanto, o narrador reforçou seu apoio ao atleta. "Torço muito por ele. Que ele possa ter um grande retorno, possa estar na próxima Copa do Mundo. Mas que tenha um pouco mais de tranquilidade dentro de campo. A vida é dele, ninguém tem absolutamente nada a ver com isso", ponderou.
Felipão na bronca
Durante o programa, Galvão deu detalhes de como foi a transmissão da fatídica vitória da Alemanha por 7 a 1 contra o Brasil, na semifinal da Copa do Mundo 2014. O narrador descreveu esta partida como uma "tragédia", dentro dos limites do futebol, e comentou o ressentimento do então treinador Luiz Felipe Scolari.
"O Felipão diz que eu apontei o dedo do país contra ele. Podia ser mais bonzinho? Não, não podia. Era o fato. Era o momento. Era aquilo que estava acontecendo. Não fiz nada contra ele. Se ele não quer mais falar comigo, lamento", disse.
Racismo
Galvão comentou, ainda, sobre os episódios de racismo sofridos por Vinícius Júnior no futebol europeu. "Ele conquistou uma vitória recentemente. É a primeira vez na Espanha que pessoas foram condenadas à prisão por um ato racista em um jogo", lembrou. 
"Ele tem uma frase que é: 'Eu não sou uma vítima do racismo. Eu sou um algoz dos racistas'. Isso é bom demais. Ele conversando, falou com lágrimas nos olhos: 'É duro. É claro que eu sofro. Mas eu vou lutar muito. Eu não quero que o meu irmão pequenininho passe pelo que eu estou passando, e mais ninguém preto, em qualquer parte do mundo'. Além de ser muito bom de bola, é um moleque valente, com a cabeça muito forte."
Trajetória
Galvão Bueno nasceu em 21 de julho de 1950. Como locutor esportivo, participou da cobertura de 13 Copas do Mundo, incluindo os títulos do tetra, em 1994, e do penta, em 2002, da seleção brasileira, além de narrações marcantes na Fórmula 1 e em outros esportes. Grande apreciador de vinhos, virou destacado empresário do setor, tendo sua própria vinícola na região Sul do Brasil.
Ele retornará para os Jogos Olímpicos Paris 2024. Em parceria com a Globo e o COB (Comitê Olímpico  Brasileiro), o veterano estará à frente de "entrevistas, resenhas diárias, reportagens e uma visão diferente da competição", como o comunicador mesmo resumiu.