Cafu e Ronaldo foram os únicos remanescentes do tetra na conquista do penta em 2002Divulgação / Fifa

Rio - O filme parece repetido, mas não é. Pela segunda vez na história, a seleção brasileira completará um jejum de 24 anos sem título mundial. E novamente essa história pode terminar nos Estados Unidos, que sediará a Copa do Mundo de 2026. Bicampeões, Cafu e Ronaldo são os únicos que fizeram parte das conquistas do tetra e do penta, e podem servir de espelho para a nova geração brasileira.
Em 1994, Cafu e Ronaldo ainda não gozavam do mesmo prestígio na conquista do penta, oito anos depois. Na ocasião, ambos estavam no início da carreira e foram reservas. O lateral, na época com 24 anos, tinha rodagem pelo São Paulo, onde foi campeão do Brasileiro, da Libertadores e da Recopa. Já o Fenômeno, por sua vez, tinha apenas 17 anos e era uma promessa que estava sendo lapidada para o futuro.
Diferentemente de Ronaldo, Cafu ainda chegou a ser utilizado pelo técnico Carlos Alberto Parreira no lugar de Jorginho, inclusive na final. O Fenômeno, por outro lado, não saiu do banco em nenhuma partida. Quatro anos mais tarde, a dupla disputaria a Copa do Mundo de 1998, na França, entre os titulares. Ronaldo, à época, já tinha sido eleito o melhor do mundo em 1996 e 1997, e era o protagonista.

Cafu: de reserva a capitão do penta

Cafu foi convocado para representar a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1994 depois de se destacar pelo São Paulo. Desde que estreou no profissional do clube paulista, em 1989, até o mundial, o lateral-direito entrou em campo 270 vezes. No período, foi campeão de um Brasileiro (1991), de duas Libertadores (1992 e 1993) e duas Recopas (1993 e 1994).
Antes do Mundial de 1994, ele já tinha vestido a amarelinha em outra oportunidade. Em 1990, entrou em campo pela primeira vez com a camisa da Seleção. Na época, Cafu tinha o número 7 estampado nas costas e atuava como segundo volante. O histórico lateral-direito participou de duas edições da Copa América antes de entrar em campo na Copa de 1994. Ao todo, foram quatro jogos disputados em cada uma delas.
Cafu foi utilizado por Carlos Alberto Parreira no lugar de Jorginho em algumas partidas da Copa de 1994. Na final, deixou o banco aos 20 minutos do primeiro tempo, após o lateral sentir um problema físico. Depois da decisão, ganhou o posto de titular da Seleção, sendo campeão da Copa América de 1997 e 1999, além de vice do Mundial de 1998, na França, justamente para os anfitriões.
Em 2002, Cafu herdou a braçadeira de capitão, que pertencia a Emerson. O volante foi cortado por lesão na véspera da Copa do Mundo. O lateral se tornou o único jogador da história a disputar três finais consecutivas e ergueu o troféu do penta, no Japão. Ele é o atleta que mais vestiu a camisa amarelinha (142), com mais partidas em Copas (20) e o brasileiro com mais vitórias em Copas (16).

Ronaldo: a promessa que virou Fenômeno

Ronaldo sempre mostrou que tinha algo diferente. Com apenas 17 anos, recebeu sua primeira oportunidade na Seleção principal em março de 1994, às vésperas da Copa do Mundo. No último amistoso antes da convocação para o Mundial, fez um dos gols na vitória sobre a Islândia e carimbou o passaporte para os Estados Unidos. O intuito de Carlos Alberto Parreira, no entanto, era dar experiência ao jovem.
Em 1994, Ronaldo sofreu com toda a pressão do jejum de 24 anos, mas não entrou em campo. Porém, a experiência surtiu efeito nos anos seguintes. O Fenômeno, que ainda era chamado de "Ronaldinho", já começou a mostrar o seu valor com a amarelinha a partir do ano seguinte. No Mundial de 1998, na França, já era a grande estrela da Seleção e também o melhor do mundo de 1996 e 1997.
Ronaldo sofreu uma convulsão na véspera da decisão contra a anfitriã França. O Brasil sentiu a ausência da sua principal estrela e foi derrotado por 3 a 0. O Fenômeno sofreu com os julgamentos nos anos seguintes e também com lesões, que quase encerraram a sua carreira. Entretanto, ele deu a volta por cima, retornou para a Copa do Mundo de 2002 e foi o destaque da conquista do penta.
*Matéria com colaboração do estagiário Theo Faria, sob a supervisão de Rodrigo Souza