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Rio - A vítima do estupro que resultou na prisão do ex-atacante Robinho, que foi condenado na Itália e cumpre pena de nove anos de prisão no Brasil desde março, falou pela primeira vez sobre o caso. Sem mostrar o rosto, a mulher albanesa, chamada Mercedes, desabafou sobre tudo que aconteceu naquela noite de 2013 em uma boate de Milão.
"Se eu fosse me descrever, me sentia como uma música brasileira. Cheia de ritmo, cheia de alegria, cheia de luz. Digo sempre que eu estava cheia de cores. Coisa que depois se apagou. Obviamente tiraram uma parte importante de mim", disse Mercedes ao documentário "O Caso Robinho", que será lançado nesta quarta-feira (30) no Globoplay.
A albanesa também afirmou ter a expectativa de que sua denúncia ajude outras mulheres vítimas de violência sexual.
"Espero que meu testemunho seja útil. Não para condenar de novo em nível midiático ou para humilhar publicamente. Mas que possa servir como ensinamento. Porque no fim é muito fácil chegar à sentença, à condenação. Seria justo que se pare antes, que isso não aconteça. É nisso que precisamos trabalhar. Trabalhar com os meninos, nas escolas, educar com a família, que é a base para tudo. A gente precisa ser responsável desde cedo", completou.
O depoimento completo de Mercedes poderá ser visto no documentário, que será dividido em quatro episódios.

Caso Robinho

Em 2022, o ex-jogador foi condenado na Itália a nove anos de prisão pelo crime de violência sexual em grupo contra uma jovem mulher de origem albanesa. O caso aconteceu em 2013, em Milão.
A mais alta corte da Itália encerrou qualquer possibilidade de recurso após as derrotas Robinho em todas as instâncias. A Itália, então, pediu a extradição para as autoridades brasileiras, o que não ocorreu porque o Brasil não extradita seus cidadãos. Por isso, as autoridades italianas solicitaram que a pena seja cumprida aqui.
Na dia 20 de março, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que Robinho cumprirá no Brasil a pena de nove anos de prisão por estupro coletivo. A decisão foi tomada por maioria (9 votos a 2). Os ministros também decidiram que ele cumprirá a pena imediatamente e em regime fechado.
Robinho foi preso pela Polícia Federal de Santos no dia 21 de março. Após passar pela audiência de custódia e realizar exame de corpo de delito, ele foi encaminhado para o complexo prisional de Tremembé, no interior de São Paulo.

Pedido de liberdade será julgado em novembro

O pedido de liberdade de Robinho voltará a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal em novembro. O caso retornará à pauta em plenário virtual, entre os dias 15 e 26.
O julgamento que poderia tirar o ex-atacante da seleção brasileira da prisão teve início em setembro. Na ocasião, o ministro Luiz Fux, relator do processo, e o ministro Edson Fachin votaram contra a soltura do ex-jogador. Em seguida, o ministro Gilmar Mendes pediu vista e interrompeu a sessão, devolvendo o caso para julgamento somente agora.
A defesa de Robinho apela ao STF contra a decisão do STJ, alegando que a prisão é ilegal, uma vez que ele ainda pode recorrer dentro do tribunal. Além disso, afirmam que a Lei de Imigração, que faz a pena ser cumprida no Brasil, viola a Constituição.