Rio - Conhecido por fazer o público rir por quase 20 anos com o "Casseta e Planeta", Hélio de la Peña é um botafoguense fanático. Ele não tem receio de posicionar, como fez com uma carta aberta quando Vitinho saiu do clube e foi para o CSKA, da Rússia.
>>> LEIA MAIS: 'O meu coração alvinegro': A paixão de Stepan Nercessian pelo Botafogo
Em mais um capítulo da série "O meu coração alvinegro", o humorista fala sobre sua paixão pelo Botafogo, as glórias, momento do clube e muito mais. Confira.
O DIA: Qual foi sua principal influência para ser botafoguense?
Hélio de la Peña: Minha família toda era de vascaínos, minha mãe, meu pai, meu avô, mas o Botafogo quando eu era pequeno estava em uma fase muito boa. Em 1967, 1968, o Botafogo foi bicampeão carioca, quando eu tinha 7, 8 anos. Lembro também de uma goleada sobre o Vasco, por 4 a 0, era muito bom poder sacanear meus parentes. A equipe era fantástica, com Gérson, Jairzinho e outros craques.
Quando ganhou sua primeira camisa do Fogão?
Quando eu tinha 10 anos ganhei minha camisa primeira camisa. Depois quando ganhei meu primeiro salário dando aula de Matemática a primeira coisa que eu fiz foi comprar uma camisa do Fogão. Agora a minha gaveta está lotada.
Qual foi o primeiro jogo do Botafogo que você foi ao estádio?
Não consigo lembrar do primeiro jogo, mas minha primeira memória é de 1971, eu tinha 11 anos. Foi uma final: Botafogo x Fluminense. Tínhamos um grande time, mas no fim do Campeonato o Jairizinho se machucou, fomos paro jogo final podendo empatar com o Flu e perdemos com um gol do Lula, em um lance que o Marco Antônio empurrou o nosso goleiro, o Ubirajara. Esse jogo me marcou muito porque eu fui com o meu pai e nos entrávamos pelo setor de hidráulica, por causa do namorado da minha tia, que tinha conhecimento no Maracanã e eu fui apresentado ao juiz do jogo, José Marçal Filho, e eu fique feliz porque nunca tinha sido apresentado a um árbitro, mas no fim fiquei com muita raiva de ter apertado a mão dele.
Jogo inesquecível do Botafogo?
A final do Carioca de 2010, por ter sido o último jogo do Botafogo no antigo Maraca, a gente vinha de uma sequência de derrotas para o Flamengo em finais, mas naquele ano tínhamos jogadores que não tinham o trauma como o Loco e o Herrera e conseguimos vencer um time com Adriano, Love, Bruno, que na época estava solto. Vencer uma final com eles em campo, Maracanã lotado com aquela cavadinha do Loco foi demais.
Como foi a fase de 21 anos sem títulos para você?
Foi terrível, eu me afastei um pouco do futebol. Eu ia mais ao cinema, comecei a fazer o Casseta e me afastei do Maracanã, porque era complicado. Mas minha maior decepção mesmo no futebol não foi nessa época, mas nos anos 90, na final da Copa do Brasil contra o Juventude. Naquele jogo tinha mais de 100 mil botafoguenses, precisávamos de um mísero gol, mas jogamos numa retranca incrível e creio que até hoje se a partida tivesse continuado não teríamos marcado um gol naquela retranca.
Ídolo da infância do Botafogo? E qual seu ídolo atual?
Meu grande ídolo no Botafogo é o Jairzinho, Furacão da Copa. Eu o admiro muito. Foi ídolo do Botafogo e do Brasil, fez gol em todos os jogos de Copa em 1970, foi campeão do Mundo. Para mim, ele em campo era a certeza de vitória, dava tranquilidade de saber que ele estava em campo. Tem outros grandes ídolos como Nilton Santos, Gérson, o Caju, recentemente Loco, Maurício, Seedorf, Jefferson, são grandes figuras, o Marinho, que não ganhou títulos, mas era muito craque, mas no degrau mais alto pra mim o Jair. Era muito pequeno na época do Garrincha e não pude vê-lo em campo.
Ainda tem mágoa do Vitinho?
Não tenho mágoa nenhuma do Vitinho, acho que ele é um jogador muito bom, mas saiu muito novo, acho que foi mal orientado pelo empresário, pela Traffic, acho que ele poderia ter ficado até o fim do ano. Com ele em campo teríamos um Brasileiro melhor, acho que com a saída dele nos continuamos bem, mas faz falta, falta um jogador mais ousado. Contra o Flu, por exemplo, ele fez muita falta, eu estava no Maracanã e para mim ficou a sensação de que o Botafogo carece de um jogador ousado que chute, temos finalizado pouco.
Tem vontade de ser presidente do clube?
De forma alguma, não tenho interesse de participar de política no clube. Não quero me envolver profissionalmente com o futebol. Para mim futebol é um hobby, é paixão. Não quero estar sujeito a decepções no clube, prefiro ficar na arquibancada, aplaudir quando merece, criticar quando precisa e ter uma boa relação com os dirigentes. Não quero conquistar inimigos e desafetos.
Como é ver o Seedorf com a camisa do Fogão?
Sensação de muito orgulho, porque eu vejo que o Brasil todo o admira e de certa forma inveja o Botafogo por ele ser alguém de fama mundial. É uma referência importante e eu atribuo a ele o bom desempenho dos jovens do nosso elenco. Pela questão profissional dele, o Seedorf é o primeiro a chegar e o último a sair dos treinos. Nunca está presente em festas ou no Barra Music.
Acredita no título Brasileiro e/ou da Copa do Brasil?
Acho que para o Botafogo ter um bom desempenho no segundo semestre, como foi no primeiro, vai precisar voltar a ser mais agressivo, chutar a gol. Não adianta ter posse de bola e não finalizar. Para sonhar com conquistas tem de ser mais ofensivo. Acredito que vamos permanecer no G-4. E quem sabe trazer esse título inédito da Copa do Brasil?