Rio - Demitidos do Botafogo pelo presidente Maurício Assumpção, Emerson Sheik, Edilson, Julio Cesar e Bolívar não pouparam críticas ao dirigente. O quarteto se reuniu nesta quarta-feira, em um restaurante na Barra da Tijuca, e falou sobre a saída do clube. Eles ainda buscam entender o que levou o cartola a tomar a decisão de dispensá-los.
"Estava jantando com um amigo, peguei o telefone quase às duas da manhã e vi que o Julio Cesar tinha me ligado. Fiquei preocupado, achando que tivesse acontecido alguma coisa. Mesmo tarde, liguei de volta, e ele falou que estávamos afastados. Achei que fosse alguma brincadeira, mas ele foi muito sério na hora de dar a notícia. A princípio, era um afastamento. Ainda assim, pediram para que fôssemos ao treinamento no dia seguinte. Mas até hoje, talvez essa seja a grande pergunta: por que tudo isso aconteceu? Uma preocupação nossa, coletiva, foi o que isso poderia gerar. Cada um tem uma história dentro do futebol, e nossas histórias não foram respeitadas. Fiquei preocupado com o Botafogo dentro da competição. Mas também me preocupei com as nossas histórias no futebol. A história do presidente é muito inferior à nossa. O motivo, só ele pode responder", disse Sheik.
O atacante foi contundente e expôs problemas no dia a dia do Botafogo.
"Fui contratado pelo Botafogo e tive o salário todo pago pelo Corinthians. Fui contratado pelo Botafogo para ajudar o time. Falando em condições, talvez pela ausência do presidente, talvez ele não tenha essa informação, joguei seis partidas com o meu tendão doendo absurdamente. O Botafogo tem uma história linda, uma torcida linda, mas não tem um campo decente para treinar. Por isso, várias lesões. Só vim para o Botafogo na intenção de ajudar. Eu não fiz nada. Eu tava jantando aqui com um amigo e fui dispensado. Falei para a minha irmã, odeio perder, não gosto. Se tem uma coisa que me magoou profundamente é o fato de lembrar que eu chegava em casa arrasado, não gosto de perder. Quando aconteceu tudo isso, eu pensei: 'Esse cara só pode estar de sacanagem'. Vim de um lugar que não faltava remédio, meus companheiros não pediam dinheiro para gasolina. A diretoria se fazia presente. A comissão técnica tenho que elogiar. Mancini é um cara extraordinário", disse o atacante.
O lateral-esquerdo Julio Cesar reclamou da postura de Maurício Assumpção de não procurar o quarteto para explicar a demissão.
"Quando a gente é contratado pelo clube não é por e-mail ou telefone. O presidente tinha que ser homem de chegar na gente e falar a verdade. Acho que isso foi o que mais nos deixou chateados. Ele tinha que ser homem de chegar na gente e assumir a responsabilidade de demitir. Em hora nenhuma ele falou com a gente", declarou.
Edilson rebateu a acusação de corpo mole e revelou que bancou o próprio tratamento de uma lesão.
"Eu dou risada. O Mancini sabe muito bem. Nunca fiz corpo mole em momento algum. Isso não é da minha pessoa. Todos viram minha entrega nos jogos e nos treinos. Eu me doava. Contra o Ceará, acabei me machucando. Acho uma falta de caráter da parte dele me acusar dessa forma. Os médicos me deram previsão para voltar dia 15, contra o Santos. Tentei viajar contra o Inter, mas infelizmente não consegui. Eu pagava o meu tratamento do meu próprio bolso. Essa foi uma discussão com o Gottardo (diretor de futebol). Essa é uma falta de consideração com os atletas. Joguei em clubes de menor expressão, mas num clube como o Botafogo, não pode faltar um remédio para um atleta. Acho o fim do mundo", disse o lateral-direito.
Um dos líderes do elenco, Bolívar destacou o papel positivo no time na temporada passada.
"Quando fazíamos uma reunião, essa reunião não era com o presidente, era com pessoas de confiança dele. Tinha uma decisão de jogadores e comissão. Tomar uma decisão era em prol de todos. O Emerson ajudou várias pessoas ali dentro. Aí você vê o caráter da pessoa. Estava ajudando pessoas que passavam por dificuldades financeiras. Essa questão de líderes negativos, que foi falado... Ano passado o Botafogo fez uma grande campanha e nós sempre éramos citados como lideranças positivas. As coisas começaram erradas neste ano. A gente respeita a decisão do presidente, mas achamos errado pela falta de consideração pelos quatro aqui", disse Bolívar.