Por edsel.britto

Rio - Vivendo o pior ano em toda sua história, o Botafogo conhecerá, nesta terça-feira, o seu novo presidente para os próximos três anos. Quem assumir a direção do clube sabe que terá um desafio gigantesco pela frente. Com o iminente rebaixamento para a Série B do Brasileirão e com 100% das receitas bloqueadas pelo Ministério do Trabalho, o cenário para o Alvinegro em 2015 é caótico.

Na disputa pelas eleições do clube estão Carlos Eduardo Pereira, Marcelo Guimarães, Thiago Cesário e Vinicius Assumpção. Em entrevista ao Jornal O Dia, os quatro candidatos contaram um pouco de sua história com o Botafogo e mostraram quais as principais propostas para recolocar o time Alvinegro de volta nos trilhos.

Confira a entrevista:

O que leva alguém a querer ser presidente do Botafogo na atual situação?

Carlos Eduardo Pereira: No momento que o clube está mais precisando, é que nós alvinegros temos que nos apresentar e aceitar o desafio. Você dirigir uma instituição com tudo direitinho, tudo pago, em dia, receitas liberadas, é muito interessante. É claro que não gostaríamos que o Botafogo estivesse nesta situação, mas infelizmente, a realidade é outra e nós vamos oferecer nossa experiência. Em 92, passamos por coisa parecida, mas em escala diferente, quando Emil Pinheiro tirou o time dele e levou para o América. O Botafogo ficou praticamente sem time e o Jorge Aurélio assumiu.

Eu assumi a vice-presidência administrativa. No ano seguinte,com o Mauro Nei, conquistamos a Conmebol com um time montado graças ao Aurito Ferreira, brilhante vice-presidente na época. É muito da criatividade e credibilidade para inverter este quadro. O Botafogo sempre foi um time com muito conceito e muita credibilidade, representado por grandes homens. Acho que podemos marcar um reencontro com a história do Botafogo e quebrar essa imagem negativa de penhoras, falta de dinheiro e assumir os compromissos do clube. Não é fácil, mas acredito que temos um grupo bom e disposto a trabalhar em favor do Botafogo.

Marcelo Guimarães: Tenho duas razões fundamentais. Uma de caráter objetivo e outra subjetiva, afetiva. Minha formação, trajetória e experiência profissional me impulsionaram a aceitar esse grande desafio. Tive uma vivência como profissional no clube e sei o quanto a política atrapalha o seu desenvolvimento. Venho na política para despolitizar o clube, para apoiar o trabalho de uma equipe de profissionais de mercado, testados, experientes, que irão trabalhar em um ambiente corporativo moderno e eficiente. A outra é emocional. Aos 7 anos, fui levado pelas mãos do meu avô Júlio, grande alvinegro e pelo meu pai Aguinaldo, para assistir aquele esquadrão de 67-68 e minha vida nunca mais foi a mesma. Sou irmão do Aguinaldo Jr., grande botafoguense, pai da Manuela e recém-casado com a Ana Paula, minhas alvinegras queridas. Vou misturar amor e profissionalismo na medida certa.

Thiago Cesário: A paixão pelo Botafogo. Em relação ao Botafogo, eu não penso, ele me enlouquece. Então, a paixão me motiva a aceitar desafios, a largar a vida e tentar ajudar o clube. Há muitos anos eu resolvi parar de falar e reclamar e tentar colocar a minha inteligência, meu trabalho, meu network a serviço do Botafogo. O outro lado é a missão. Eu represento a chapa azul, a chapa de união do Botafogo. 110 de história do futebol ali dentro, temos ex-presidentes como o Montenegro, Bebeto, muita história ali dentro. A minha chapa eu consegui trazer desembargadores, juízes, advogados, promotores, procuradores, economistas, todos os apoiadores financeiros que ajudam o Botafogo há mais de uma década. Eu consegui trazer todas as pessoas que militam no futebol pelo Botafogo.

Então eles me deram essa missão. Nós tentamos fazer uma chapa de união, mas não foi possível. Tentamos unir todas as correntes e nós fizemos a maior união possível dentro do clube. Está todo mundo representativo na nossa chapa, menos aqueles que estão nas outras, mas que não são tantos assim , sem querer falar mal ou menosprezar, mas a história do Botafogo, dos grandes vencedores estão todos comigo nessa missão de recolocar o Botafogo no trilho pelos próximos 100 anos. Eu aceitei a missão.

Vinícius Assumpção: Nos últimos 40 anos, tenho ido a todos jogos e vejo da arquibancada o Botafogo perder musculatura, perder tamanho. O Botafogo vem se apequenando a cada ano, tornado-se menor, e o mais grave, que é perder a capacidade de andar sozinho. A cada ano que passa, o clube depende de um salvador da pátria, de um Messias. Isso está errado. Estou vendo o Botafogo ir para o ralo, morrer. Decidi ser candidato a presidente do Botafogo naquele jogo de 4 a 0 para o Flamengo em 2013 na Copa do Brasil. Ali eu vi que não era mais o clube que eu aprendi a amar.

Nós precisamos dar uma guinada, começamos a discutir e juntar um grupo de pessoas para poder apresentar um projeto que mude o modelo de gestão. O Botafogo precisa sair na frente e a única chance de sobreviver é apresentar algo novo para conseguir. Para isso, temos um modelo de gestão totalmente profissional, aonde vamos dar um tratamento especial à questão financeira e à ampliação democrática. Hoje, o Botafogo é um clube de poucos. Eu falo isso há mais de 20 anos. Então, sou candidato para mudar o modelo de gestão, colocar o Botafogo nos trilhos e principalmente ampliar a democracia.

Eu não vejo o clube se fortalecer novamente sem a sua torcida ao lado. Eu não quero estar com eles olhando de longe, só falando que preciso deles porque tenho que ter sócio-torcedor e encher estádio. A torcida tem que estar dentro do clube, tem que ser parte integrante desse processo de recuperação. Sem isso, nós não vamos conseguir ultrapassar essa barreira e o clube pode ter um triste fim, coisa que nenhum grande Alvinegro está querendo.

Em grave crise financeira e com salários atrasados, candidatos focam na recuperação financeira do clubeRodrigo Stafford

Sempre foi um sonho seu?

Carlos Eduardo: É uma coisa que vem acontecendo com o tempo. Sempre fui da arquibancada. Acompanhando meu pai no Maracanã ou no estádio de General Severiano. Meu objetivo sempre foi ser um torcedor e quando o Botafogo estiver voando num céu de brigadeiro eu quero voltar para a arquibancada e ficar fora, porque não é esse o meu objetivo. É um momento especial na vida do clube e, como iniciamos esta oposição em 2011, a ideia é continuar esse trabalho em 2014.

Marcelo: Nem em meu mais remoto sonho imaginava ser presidente do Botafogo. Sonhava quando criança em jogar no Botafogo, queria ser o Roberto Miranda, meu grande ídolo de infância. Quando saí do clube, com meu contrato rescindido, em nome de um projeto de aparelhamento do clube, meu sonho já nasceu como projeto e aqui estou eu, pronto para servir ao clube.

Thiago: Sempre tive esse sonho. Como botafoguense público e alucinado, sempre achei que um dia eu poderia ajudar o botafogo e eu ia ficar muito orgulhoso se eu pudesse ser presidente do clube. É um sonho de juventude, nem de criança é. Depois que eu passei dos 20 anos e comecei a me destacar profissionalmente, pensei que poderia emprestar um pouco do meu sucesso, da minha capacidade técnica de gestão pro meu clube do coração. Eu achei que iria realizar esse feito mais velho, depois dos 60 anos, mas estou realizando depois do 50 e já está bom.

Vinícius: Eu sempre falei que gosto de sonhar coletivamente. Um sonho coletivo vira realidade. Quando se sonha sozinho, você não consegue transformar. O que eu queria era juntar as pessoas que pensavam igual a nós e dar um basta. Implementar um modelo diferente no Botafogo e o meu nome foi consequência. Poderiam ter sido outros nomes, temos outros na chapa, como o Marcos Portela, o André Barros, o meu vice-presidente Ique e tantos outros, que poderiam estar no meu lugar, mas, de consenso, as pessoas escolheram o meu.

Para mim, dirigir o clube será um grande privilégio. Muita gente fala que são quatro malucos que estão querendo ser presidente do Botafogo para que, tem até quem desconfie que queiram se dar bem. Para mim não é isso. Será um privilégio ser presidente do clube porque eu não quero me servir do Botafogo, eu quero servir a ele. Meu sonho é terminar o mandato com o Botafogo nos trilhos no final dos três anos.

Por que não se juntou com nenhuma outra chapa?

Carlos Eduardo: Motivos diversos. O principal deles é que quisemos manter nossa posição pura de oposicionista. As outras chapas, de uma maneira ou outra, tiveram ligações com as gestões do Maurício. O Vinícius foi conselheiro e não fez oposição. O Marcelo era um funcionário remunerado que foi demitido pelo Maurício e o Thiago foi vice do Maurício até poucos dias atrás. Então, a gente quis se manter com a identidade da oposição. Estivemos aberto ao diálogo, inclusive com o próprio Carlos Augusto Montenegro (Chapa Azul), mas a proposta dele de união era uma união que ele dominava a chapa, então não havia menor condição de acontecer. Tanto é que compusemos a "Botafogo Acima de Tudo" com Nelson Mufarrej, que será o vice geral. Somos realmente a chapa que reúne as pessoas de oposição no Botafogo.

Marcelo: Fomos procurados por todas elas, mas não encontramos abrigo em nossas visões e projetos. Mas nosso compromisso é convocar todos os botafoguenses de boa vontade, em caso de vitória, e estar à disposição deles em caso de não vencermos o pleito.

Thiago: Nós tentamos uma união de todas as chapas e depois tentamos com somente uma delas, mas não aceitaram e não foi possível essa aglutinação, agregar os melhores valores alvinegros para tentar resolver os inúmeros e gigantescos problemas que o clube vai ter, principalmente, no ano de 2015.

Vinícius: Desde 84 ou 85 que isso não acontece dentro do Botafogo. Acho que surgiram quatro chapas porque chegou o fim da linha e as pessoas resolveram se mobilizar. Nós tentamos buscar algumas unidades durante o tempo. Eu até costumo dizer que nós vamos ganhar a eleição e iremos dialogar com as outras três. Não quero administrar o clube sozinho. Isso não é uma tarefa de um homem só. Tentamos o diálogo desde o inicio, mas tinham alguns conceitos que nós não podíamos abrir mão, principalmente essa questão da ampliação da democracia interna e do modelo de gestão. As outras chapas até apresentam algum modelo diferente, mas não estão tão enfáticas na questão da democracia do clube.

Por que se considera mais preparado do que os outros?

Carlos Eduardo: A gente tem uma experiência de longa data e já vivemos uma situação semelhante em 92. Não tínhamos time e receitas. Tivemos que montar tudo às pressas. Depois, esta preparação que começou em 92, seguiu em 93, com o título da Conmebol, 94 nos trouxemos o túlio e 95 conquistamos o Brasileiro. Eu era o vice-presidente geral do Montenegro. A gestão do clube não apresenta surpresas. O mais importante é resgatarmos a credibilidade do Botafogo e resolver a questão das penhoras.

Marcelo: Sou o único entre os candidatos que teve uma experiência executiva recente no clube, e saberei dar o sentido de urgência que o Botafogo precisa nas questões que são fundamentais nesse momento, além de ter sentido na pele, o quanto a política atrapalha o desenvolvimento do nosso clube. Fui durante 3 anos e meio diretor de marketing do Botafogo, tive meu trabalho bem avaliado e trago toda uma proposta de profissionalização, fundamental para superarmos esse momento tão difícil.

Thiago: Por causa do grupo que me acompanha. Não vou analisar individualmente, respeito todos os candidatos. Eles são botafoguenses, são pessoas do meu relacionamento. Todos os candidatos eu conheço há muitos anos e alguns são meus amigos. Esses problemas, como os R$ 740 milhões de dívidas e mais da metade do seu orçamento comprometido com receitas a pagar aos credores precisam ser resolvidos por quem entenda. Teremos problemas seríssimos jurídicos e políticos pela frente. Você precisa ter um grupo muito heterogêneo para atuar nessas áreas e nós temos.

Vinícius: A minha história é diferente dos outros três. O Thiago, da Chapa Azul, na minha opinião é o candidato da situação. Representa esse modelo atual, é onde toda a diretoria do Maurício se encontra, pelo menos 90% está lá. O Botafogo é tão pequeno que virou uma província, acaba todo mundo se conhecendo por conta de ser pequeno internamente, na parte política. O Carlos Eduardo é um cara do conselho, nunca o vi na arquibancada. A mesma coisa o Marcelo Guimarães, que eu acho que é um executivo, um cara mais do marketing.

O Botafogo precisa de alguém que consiga entender aquela lógica do botafoguense na arquibancada e eu julgo que estou com isso mais forte A minha história é a arquibancada. Se eu falar quanto estádios eu conheço no Brasil, tirando esses da Copa do Mundo... conheço quase todos que o Botafogo já jogou. Na minha juventude, me enfiei em cada buraco para acompanhar o Botafogo. Me sinto mais preparado por perceber qual a direção que a torcida quer que o clube tome. Tenho história no Botafogo, conheço o clube profundamente, estou com 30 anos como sócio, sou formado em administração de empresas e estou com uma visão estritamente profissional.

Candidatos apostam em sócio-torcedor para reaproximar a torcida do BotafogoMárcio Mercante / Agência O Dia

Quais são suas principais propostas?

Carlos Eduardo: A principal delas é a questão fiscal. O Refis já está inicialmente garantido por um investidor botafoguense. Ao contrário do que a Chapa Azul tem dito, independe de quem vá ganhar as eleições. Os quatro candidatos firmaram esse compromisso e reconheceram essa operação. Foi uma ação para o Botafogo. Este grande investidor está fazendo uma colaboração inestimável ao clube. A partir de janeiro, o valor cai e o Botafogo pode começar a cumprir com suas receitas. Para isso, precisamos voltar ao Ato Trabalhista e, para voltar, precisamos recuperar a credibilidade. Infelizmente, o Botafogo foi afastado pela acusação de sonegar suas receitas.

A nossa proposta e vamos procurar os desembargadores do TRT no dia seguinte da nossa vitória. Nós vamos levar a eles a informação não só que o Botafogo quer arcar com seus compromissos, mas que está disposto a abrir para que o Tribunal coloque uma pessoa acompanhando toda a operação dentro do clube para ver que não há nenhuma sonegação e ver que estamos dispostos a pagar dentro da capacidade. Hoje, temos pouquíssimas receitas liberadas. Alguma coisa da transmissão, temos a possibilidade da negociação do uniforme, acho eu. Não sabemos se o atual presidente renovou ou não para 2015. Acho que não. Da TV, acho que ainda tem uns 15 milhões. Ou seja, devemos ter uns 40 milhões de reais previstos num orçamento de 100, que é mais ou menos quanto custa rodar o Botafogo dentro dos padrões. Infelizmente, você vê que o Botafogo em 2013 gastou 160 milhões. E as receitas são exatamente essas: Tv e patrocínio de camisa.

O Engenhão infelizmente a gente não sabe quando vai poder contar com ele. O principal foco é a questão fiscal. Resolvida ela, vamos poder começar a caminhar. Para o Carioca, vamos precisar de um estádio e nossa expectativa é que o Engenhão esteja liberado, mesmo que apenas com anel inferior: 20 mil torcedores. Temos esta expectativa. Temos a questão de partir para a construção de um centro de treinamento integrado. Não este modelo disperso que o Botafogo teve anunciado até hoje. Desde que Maurício tomou posse, ele anunciou uns 4 ou 5 CT's, fez pedra fundamental e não fez nada. No primeiro momento, a questão fiscal é que vai nortear nossa gestão. 

Marcelo: Na verdade, existe um um amplo projeto que aborda e prevê providências em relação a todos os assuntos fundamentais do nosso clube: melhor atendimento ao nosso sócio e ao nosso torcedor, a melhoria da sede do General Severiano, para melhor atender ao nosso associado e voltar a receber treinos do time profissional, prover os Esportes Olímpicos de recursos advindos de Leis de Incentivo a Cultura, prover o Botafogo de um time competitivo, equacionar nossas dividas, ampliar nossa capacidade de gerar receita, recuperar a credibilidade eretornar o clube ao império da Lei, além de construir os CT´s da Base e do Futebol.Acrescento relaciono o que chamamos de “medidas de primeiro dia”. São elas:Apresentar nosso projeto executivo, composto de múltiplas oportunidades de investimento e garantias de governança e responsabilidade fiscal para os atuais investidores Alvinegros e para o mercado em geral;Pedir audiência com o Governador, o Prefeito e o Ministro da Fazenda para comunicar opção pelas Leis de Refinanciamento e a adoção de medidas de governança, alinhadas com as mais modernas, testadas e eficientes tendências do bom mercado. Ajustar os termos do Ato Trabalhista e repactuar as dívidas recentes de custeio e salários. Estabelecer um Orçamento participativo já em 2015 para equilibrar as finanças correntes do Clube. Assumir imediatamente a gestão executiva do Engenhão, com ênfase nas atividades capazes de gerar renda e melhor atender nossa torcida. Por último, reunir o futebol, sem sobressaltos, nem medidas desestabilizadoras ou autocráticas, para redefinir hierarquia e compromissos, de curto, médio e longo prazo.

Thiago: O Botafogo precisa de três coisas urgentes: pagar o Refis, voltar ao Ato Trabalhista e recuperar o Engenhão. O Botafogo devia mais de R$ 180 milhões e o Refis refinanciou R$ 18 milhões em cinco parcelas de R$ 3,5 milhões. O clube já pagou três e a quarta vai vencer no dia 28 de novembro, dois dias depois que o novo presidente assumir e a quinta vencendo no final de dezembro. Depois disso, em janeiro, as parcelas caem para R$ 600 mil, aí você consegue equacionar essa dívida. Depois, precisamos voltar para o Ato Trabalhista, porque ele organiza a fila de credores do Ministério do Trabalho. Sem o Refis e o Ato, o Botafogo tem 100% de suas receitas penhoradas e aí você não consegue gerir o clube. Como gestor de uma empresa com mais de 17 anos de sucesso no Rio de Janeiro, além de outras que já tive, sei a fórmula para você administrar um negócio. Parece simples, mas você precisa de pulso para fazer. Você precisar ter as suas receitas pagando as suas despesas, você não pode ter despesas muito maiores que suas receitas. Esse é o segundo ponto. Quem vai fazer isso? Essa tropa jurídica que eu tenho dentro da Chapa Azul vai sensibilizar o juiz do TRT a permitir que o Botafogo volte ao ato trabalhista. O presidente do Tribunal vai mudar e o presidente do Botafogo também vai mudar, e é isso que o tribunal espera. Terceiro ponto é o Engenhão, que tem que voltar correndo.

Para ontem! É uma fonte de receitas que giram em torno de R$ 15 a 20 milhões anuais. Nós precisamos sensibilizar o prefeito Eduardo Paes para dar a contrapartida pelo tempo que o Engenhão ficou parado, pelos lucros cessantes e pelo dinheiro que o Botafogo perdeu. As previsões são que a folha de pagamento do Botafogo gire em torno de R$ 2 milhões, sendo otimista. Como você vai montar um time? Hoje a fo,lha de pagamento está em R$ 4,5 milhões. Vamos ter que conhecer os empresários, hoje a regra é essa. A determinação da FIFA (que afasta terceiros do futebol) ainda não vai entrar em vigor agora. O Botafogo vai se prepara para o futuro trabalhando a base como o ponto mais importante para o futebol e viabilizando as estruturas para o CT da bas. Mas tem o profissional também que a torcida não é paciente, mas fiel e sagrada. Ela nunca nos abandona. Vamos abrir o diálogo com empresários e montar o melhor time possível, que honre as tradições do Botafogo, que é uma das maiores vitrines do Brasil.

Vinícius: Tratamento profissional da dívida. Cuidar das finanças do Botafogo como se fosse uma empresa. Nós precisamos planejar e além disso, é necessário uma adequação. O clube só pode gastar o equivalente ao que recebe. Precisa ter uma politica responsável, apesar de conviver com a paixão, de ter que ter time, de ser campeão. Eu sou da arquibancada. Eu quero ser campeão. Para isso,precisamos buscar alternativas de receitas. Nós já estamos conversando com empresas que querem assumir o Engenhão, uma delas quer ir além desse processo, com camisa, Mourisco Mar, e outros tipos de patrocínio. Eu ainda não estou autorizado a dizer nomes, não tenho a confirmação. Estive conversando com um executivo e ele me disse: "Vinícius, se você apresentar alguma coisa diferente desse modelo que está hoje no futebol brasileiro, as empresas vão sair correndo atrás de você". Hoje, o futebol é uma caixa preta. Tem uma série de empresários e empresas que não querem vincular seu nome ao futebol porque é sinônimo de 'sacanagem', esconde-esconde, corrupção. Se você apresenta uma gestão ética, transparente, com modelo estritamente profissional e de forma diferenciada, você vai ter muita gente te procurando.

É isso que queremos para o Botafogo. Montar um plano de recuperação financeira, dar tratamento profissional em relação a divida, ampliar a democracia do clube com sócio-torcedor e já estamos estudando para poder apresentar um novo programa vinculado ao Engenhão, que terá de 4 a 5 categorias de sócios, onde nós consigamos atender a toda a demanda da torcida, ter uma politica de relacionamento muito forte de atendimento ao torcedor, de tratamento Vip e dar a ele direito de voto para que ele possa, pelo menos, escolher o presidente do clube depois de dois anos de adimplência e, depois de três anos contínuos, poder escolher em continuar a ser sócio-torcedor com direito a voto ou tornar-se sócio-proprietário com desconto, para poder ser votado e frequentar a sede social. Nós precisamos oxigenar a política dentro do Botafogo. - Quais as propostas para os esportes olímpicos? Carlos Eduardo: Os esportes olímpicos passam pela captação de recursos por projetos incentivados. Para isso, precisamos ter o CND. Para ter a CND (Certidão Negativa de Débito), voltamos à questão do Ato Trabalhista e Refis e questão do Fundo de Garantia por tempo de serviço. São essas questões que temos que resolver. Espero que consiga resolver. Temos uma estrutura razoável em termos de atletas. Vamos tentar incentivar ao máximo os esportes amadores, especialmente em ano olímpico (2016).

Em obras, Engenhão é um dos trunfos do Botafogo para recuperar a saúde financeiraBruno de Lima / Agência O Dia

Quais são suas propostas para os esportes olímpicos?

Carlos Eduardo: Os esportes olímpicos passam pela captação de recursos por projetos incentivados. Para isso, precisamos ter o CND. Para ter a CND (Certidão Negativa de Débito), voltamos à questão do Ato Trabalhista e Refis e questão do Fundo de Garantia por tempo de serviço. São essas questões que temos que resolver. Espero que consiga resolver. Temos uma estrutura razoável em termos de atletas. Vamos tentar incentivar ao máximo os esportes amadores, especialmente em ano olímpico (2016).

Marcelo: Precisamos manter nossas tradições relacionadas aos esportes olímpicos, em especial das equipes de base desses esportes. Termos a financiá-los e impulsioná-los, uma consistente estratégia de captação de recursos por via das Leis de Incentivo ao Esporte. Em relação ao Remo, coerentes com nossa proposta de respeito aos legados, vemos com simpatia, a manutenção de todos que comandam o esportes no cube, que tem nos enchido de orgulho.

Thiago: O Remo é manter a pegada. O Remo é tricampeão brasileiro e bi carioca. Os outros esportes como basquete, vôlei, futebol de salão, polo aquático, natação, esses vão ser trabalhados. O Botafogo tem uma vocação histórica com escolinhas, então eu quero a sede repleta de crianças com a camisa do Botafogo, tudo quanto é o esporte, tudo quanto é horário e tudo quanto é jeito. E também vamos pensar em um conceito de sustentabilidade, com parcerias públicas e privadas. Você tem leis de incentivos fiscais que vão possibilitar a captação de recursos para a melhoria das disputas em cima e no trabalho na revelação de atletas. As escolinhas vão dar sustentabilidade para os projetos. A situação financeira do Botafogo não vai permitir que você planeje colocação de dinheiro limpo ali. Não tem como tirar da entrada do clube para colocar no basquete, vai ser difícil. Com todo esse network que a chapa azul tem, com todo esse número de pessoas, nós temos certeza que as parcerias vão acontecer. Nós temos que colocar as pessoas certas, empolgadas, que tenham uma rede de trabalho e de contatos que tragam soluções para cada um dos esportes. O clube vai ser gerenciado descentralizadamente e isso vai permitir que cada esporte possa conseguir a viabilidade de seu sustento. Eu tenho certeza que isso vai trazer benefícios e competitividade para os esportes Alvinegro.

Vinícius: Meu vice geral é oriundo do esporte olímpico. O Ique, Luiz Claúdio Fetterman, do polo aquatico. Nós vamos dar o primeiro passo dividindo a gestão por sede. Deixar a arrecadação dentro das próprias sedes. O remo, na Lagoa, a natação no Mourisco, então a arrecadação dessas escolinhas ficarão para o próprio esporte. Vamos repensar uma estrutura de gestão financeira para que as sedes sejam auto-sustentáveis e o esporte olímpico está dentro desta lógica. Para ir buscar, depois, um grande investidor.

Quando você tira a receita das escolinhas do basquete, por exemplo e coloca dentro de um caixa único você não resolve os problemas do futebol nem do basquete. Aquilo é importante para a sobrevivência do basquete. E cada esporte vai fomentar as escolinhas porque elas serão fundamentais para suas receitas. É uma visão que eles vão buscar receitas novas.

Nós temos o Carlos Alberto Lancetta que vai nos ajudar nesta área e buscamos uma grande empresa que possa patrocinar todos os esportes olímpicos do clube. Buscar parcerias. Mostrar que a marca é boa, barata e com grande visibilidade. O remo faz bom trabalho, mas é isolado. Não tem um norte da direção para os esportes olímpicos.

Ali foi competência de um grupo de pessoas que até põe dinheiro do próprio bolso como o caso do meu vice no polo aquático. Trouxe agora dois australianos e banca do próprio bolso. O Botafogo, às vezes, não tem dinheiro para viajar, Eu muitas vezes ajudei em caixinhas para a equipe viajar para conquistar títulos pelo Brasil. Esta política temos que acabar.

* Colaborou Edsel Britto

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