Por edsel.britto

Rio - Após um ano desastroso em 2014, onde o Botafogo chegou ao recorde negativo de 34 derrotas em 63 jogos, o novo presidente do clube terá muito trabalho pela frente em 2015. Com um iminente rebaixamento, o próximo mandatário terá dificuldades para montar um novo elenco já que o Alvinegro passa por sérias restrições financeiras.

Um dos pilares do time, o goleiro Jefferson, que também serve à Seleção, é o maior ídolo da torcida no momento e a próxima diretoria precisará achar uma solução para mantê-lo na equipe. Para isso, o novo presidente também precisará achar uma forma de tornar o Botafogo financeiramente viável para que isso possa acontecer. 

Os quatro concorrentes à presidência contaram detalhadamente os planos de cada um para no ano de 2015, onde precisaram montar um elenco com pouco dinheiro, possam manter o Botafogo brigando por título nacionais e estaduais. 

Confira a entrevista:

Caso seja eleito, o futebol do Botafogo brigará pelo que em 2015?

Carlos Eduardo: Nossa prioridade em 2015 é a Copa do Brasil, independentemente do que for acontecer. É o caminho mais curto para uma competição internacional novamente, em 2016, ano que teremos melhoria nas receitas. É uma competição mata-mata que um time um pouco mais fraco tem potencial para vencer mais fortes que estão envolvidos numa multiplicidade de competições. Em termos de Carioca, queremos uma participação honrosa para apagar a deste ano, que foi a pior colocação do Botafogo na história do Campeonato. No Brasileiro, na divisão que estivermos, vamos brigar. Ou para voltar para a Primeira ou para permanecer nela. 2015 sera um ano especialmente difícil.

Marcelo Guimarães: Minha primeira medida, já foi tomada. Temos a honra de ter como Vice-Presidente Geral, acumulando a Vice Presidência de Futebol, Edson Santana, Dirigente testado e aprovado, que conquistou os mais importantes títulos da nossa história, dentre eles: Conmebol, Brasileiro de 95, Tereza Herrera, nosso último Rio São Paulo, dentre outros. Chega de experiências. A primeira briga do futebol é já em 2014. O presidente eleito assumirá faltando 2 jogos e toda a nossa energia vai ser concentrada para apoiar o atual time e sua comissão técnica, abandonados e vilipendiados pela atual administração. O que pretendemos para o nosso futebol é assegurar uma era competitiva, um ciclo de alta performance esportiva. O Botafogo que eu e o Edson Santana projetamos, voltará a brigar pela ponta dos títulos que disputarmos.

Thiago: Vai brigar por tudo. Onde o Botafogo estiver, vai estar brigando. Essa é a nossa obrigação. Eu quero o Botafogo como um time de garra, brigando até o apito final, não levando goleada de maneira nenhuma. Eu quero o Botafogo brigando pela vitória desde o primeiro minuto do jogo até depois. Eu quero ver jogador suando sangue, com ódio nos olhos, com garra. EU sou assim e o time tem que ser a cara da pessoa que comanda, e isso vai para dentro do campo.

Vinicius: O Botafogo vai brigar por títulos. Não pode fugir disso. A principal atitude que tem que ter no futebol do Botafogo é mudar a mentalidade. O Botafogo vem se apequenando a cada ano e precisa recuperar a sede de títulos. Buscar um Carioca, um Brasileiro, uma Copa do Brasil, que ainda não temos, e não ficar satisfeito. Sempre almejando mais conquistas. Se eu for presidente e formos campeões, você me verá comemorando, mas sempre insatisfeito, querendo mais. O ano que vem será muito difícil para o clube porque a irresponsabilidade deste modelo que não foi só do Maurício.

A torcida tem que entender isso. Se não mudar o modelo, qualquer um dos quatro concorrentes vai fracassar. Ano que vem estamos com quase todas as receitas antecipadas, então, temos que formar um time mais enxuto. Mas se a gente apresentar para a torcida a real situação com transparência e ética, acho que ela abraça essa recuperação e vamos buscar novas receitas. A cada vez que que conseguirmos, mostraremos para os torcedores que elas estão sendo investidas no fortalecimento do futebol. É um processo contínuo. O fundamental, se eu for eleito, é colocar o Botafogo de volta no trilho depois dos três anos. Claro que quero títulos, mas o fundamental é isso.

Após ano desastroso em 2014, candidatos revelam seus planejamentos para 2015Ernesto Carriço

Manter Jefferson será uma prioridade sua?

Carlos Eduardo: Ouvi recentemente o Vanderlei Luxemburgo falando que o Flamengo precisava de ídolo. O Botafogo já tem este ídolo. Nosso objetivo com o clube não é apenas ajustar balanço. É ajustar, mas também ganhar títulos e atender o amor de nosso torcedor. Não podemos nunca nos dissociar desta realidade. Ao contrário da Chapa Azul, da situação, que promete, nós não vamos negociar o Jefferson. Ele é um goleiro de seleção brasileira e está dentro do nosso planejamento para associar o botafogo à seleção. É o clube que mais cedeu jogadores à Seleção. Num primeiro momento, Jefferson vai ser o único da seleção, mas o que queremos é mantê-lo. Ele já disse que tem ligação forte com clube e não se importaria em jogar Série B e a nossa intenção é fazer esforço para manutenção dele. Até buscando patrocinadores. Porque a título de exemplo: você tem um mercado de seguradores muito importante e nada mais seguro do que um grande goleiro. Temos muitas ideias de marketing e planejamento para ajudar o Botafogo na manutenção deste grande ídolo que é o Jefferson.

Marcelo Guimarães: É claro que o Jefferson faz parte dos nossos planos. Ele me conhece e já fizemos parcerias quando de minha passagem pelo clube, quando lançamos uma linha experimental JEFF BRASIL Vou sentar com o Jefferson e montar um projeto para mantê-lo. Se depender dos nossos melhores esforços, Jeff continuará nosso.

Thiago: É uma das prioridades. Eu adoro o Jefferson, ele é meu ídolo e é de toda a torcida. É goleiro da Seleção e nos enche de orgulho. Ele vai ser uma das prioridades tentar mantê-lo no Botafogo. Eu não sei em que ponto está (a permanência), a gente ouve muita coisa sobre o São Paulo, interesse do Internacional, dos estrangeiros. Nós sabemos que vai ser difícil um goleiro da seleção brasileira jogar em um time que não seja da Série A. Ele com certeza vai ter propostas de valores altos, mas o Jefferson no Botafogo é Deus. Ele em outro clube, vai ser mais um jogador e uma pessoa comum. Então é nesse aspecto que eu me apego para ter a esperança e o trabalho para que ele permaneça no Botafogo por toda sua carreira. Eu quero que ele encerre a carreira aqui no Botafogo. Eu não posso falar de futebol antes de ser eleito, mas eu já tenho sinalizado para ele e estou usando o seu veículo para sinalizar mais uma vez, que a minha vontade como futuro presidente do Botafogo vai ser manter o meu paredão guarnecendo a minha meta.

Vinicius: O Jefferson não vai ficar no Botafogo se ele não quiser. Não tenho a mesma opinião do Montenegro. Ele é um investimento. O Thiago falou que o Jefferson não joga a Segunda Divisão. Vamos mostrar para ele que isso não coloca em risco a vaga dele na Seleção. Vamos dizer para ele que ele será parte integrante de um processo de reconstrução de um dos maiores clubes de futebol da história brasileira. Se ele ficar, posso garantir que ele será o maior goleiro da história do Botafogo. Ele ultrapassará o Manga, com todo respeito que tenho à história dele, que é linda. O Jefferson encaixa direitinho no que estamos pensando. O Botafogo tem uma linda história, mas precisamos escrever uma outra para a nova geração e o Jefferson se encaixa como essa liderança e faremos o possível para mantê-lo. Ele pode nos dar receita, credibilidade, títulos.

Ídolo não se vende. Nós fomos a única chapa que procurou o agente dele oficialmente e contamos que temos interesse em mostrar um projeto de parceria com ele para que permaneça. Falam que ele vai para o São Paulo, mas lá o Rogério Ceni é o ídolo. Não vai ser ele. Por mais que o Ceni pare, ele sempre ficará na sua sombra. Aqui, ele vai ser o cara e ter sequência de vida no Botafogo. Só para citar a incapacidade da atual gestão. O Jefferson é o maior ídolo, principalmente da garotada, se for na loja oficial comprar, não encontra. Não tem porque esgotou. O Botafogo não fabrica do tamanho da garotada. Não tem um acordo com a Puma para fabricação de linha infantil para o Jefferson. Por que não fazemos isso e que ele tenha uma porcentagem da venda destes produtos?

Principal ídolo do Botafogo na atualidade, Jefferson tem propostas para deixar o clube em 2015Divulgação

Como tornar o Botafogo viável financeiramente?

Carlos Eduardo: Isso passa pela liberação das penhoras. A partir dessa liberação, claro que você passará por uma fase de acomodação e redução de despesas, mas nossa intenção é não avançar nas receitas de 2016. Porque 2016 é um ano que temos previsão de melhoria na receita de TV e, com isso, poderemos começar um trabalho. Então, 2015 vai ser um ano especialmente difícil para o Botafogo. Por isso, nós vamos precisar mais do que nunca do apoio da nossa torcida e do nosso quadro social.

Marcelo Guimarães: O Engenhão está no centro de nossa capacidade de geração de receita. Conheço em profundidade o equipamento e chego para trabalhar, sem perder tempo com aclimatações ou aprendizagem. Constituí todos os produtos do estádio, ora liderando, ora integrando equipes, que o fizeram ser um dos estádios mais rentáveis do país, nos anos de 2011 e 2012 e vou alavancar esses produtos desde a minha chegada. Farei um show room de produtos Alvinegros e partiremos forte em busca de novas receitas. Além disso, vou baixar o preço do Sócio Torcedor e aumentar a sua base, tornando-o mais eficiente e rentável. Na verdade, o meu trabalho como executivo do clube, atuando nas áreas de marketing e comercial, reconhecido por todos como profissional e ético,darão sustentação a nossa operação e a credibilidade necessária para retomar uma interlocução positiva com o mercado.

Thiago: Voltando ao Engenhão, resolvendo o problema do patrocinador master na camisa logo no primeiro minuto do mandato começar. Respeitar o pagamento dos impostos que vamos ser obrigados a pagar e tendo inteligência, preparo e competência. Eu não vou poder errar, o Botafogo não pode ficar errando. O Botafogo vai ao mercado para se posicionar bem e contratar. O Clube vai precisar fazer negócio, porque não tem dinheiro na carteira, mas temos valores, temos meios de seduzir as pessoas que comandam o futebol. Além da base que já esta formada para ser utilizada. Então essa mescla que vai possibilitar o Botafogo a ser grande e gigante como sempre foi e sempre será no ano de 2015.

Vinicius: Tratamento profissional a divida. Cuidar das finanças do Botafogo como se fosse uma empresa. Nós precisamos planejar e além disso, é necessário uma adequação. O clube só pode gastar o equivalente ao que recebe. Precisa ter uma politica responsável, apesar de conviver com a paixão, de ter que ter time, de ser campeão. Eu sou da arquibancada. Eu quero ser campeão. Para isso precisamos buscar alternativas de receitas. Nós já estamos conversando com empresas que querem assumir o Engenhão, uma delas quer ir além desse processo, com camisa, Mourisco Mar, interessada em outros tipos de patrocínio. Eu ainda não estou autorizado a dizer nomes, não tenho a confirmação. Além disto, nós temos o estádio como outras fontes de receita.

O fechamento dele foi muito ruim mas ele vai reabrir e temos que usar isso como uma forma de captar novas receitas em parceria com empresas e também com publicidade, bilheteria. Para isso, nós temos um plano para o Engenhão que é repensar toda a logística do estadio, de chegada. Já estamos operando para saber como tratar esse equipamento, mas é fundamentalmente adequar as receitas com as despesas, tratar a divida de forma profissional e a busca de novas receitas que o clube consegue com certeza. Eu estive conversando com um executivo e ele me disse: Vinicius, se você apresentar alguma coisa diferente desse modelo que está hoje no futebol brasileiro, as empresas vão sair correndo atrás de você. Hoje o futebol é uma caixa preta.

Tem uma série de empresários e empresas que não querem vincular seu nome ao futebol porque é sinônimo de 'sacanagem', esconde-esconde, corrupção. Se você apresenta uma gestão ética, transparente, com modelo estritamente profissional e de forma diferenciada, você vai ter muita gente te procurando. É isso que nós vamos buscar e é isso que queremos para o Botafogo

* Colaborou Edsel Britto

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