Tite, técnico da seleção brasileira - Lucas Figueiredo/CBF
Tite, técnico da seleção brasileiraLucas Figueiredo/CBF
Por O Dia
Já havia escrito aqui, quando a CBF divulgou as convocações para a Seleção Sub-17, Olímpica e principal, sobre como a entidade parece se esforçar para ser antipática com o público. Me referia, claro, aos chamados de jogadores importantes do Brasileirão, que não pararia nas datas dos jogos do Brasil. Ou seja, de uma só vez, prejudicava sua maior competição, os principais clubes envolvidos na disputa e fazia da Seleção um peso e não um orgulho para o seu torcedor.

O discurso do técnico e dos dirigentes era de que precisava contar com os melhores e observar novas opções. Na prática, porém, não foi o que ocorreu. Mais uma vez.

Contra Senegal, nesta quinta-feira - empate em 1 a 1 -, Tite utilizou apenas três dos oito atletas que atuam no país. Só Daniel Alves, antigo com a Amarelinha, foi titular e atuou os 90 minutos. Everton - outro que tem sido presença constante -, entrou aos 15 do 2º tempo, e Matheus Henrique - o único estreante -, também do Grêmio, pisou no gramado já aos 23 da etapa final.

Muita novidade na convocação, pouca em campo.

Weverton, Santos, Marcinho, Rodrigo Caio e Gabigol, que desfalcarão Palmeiras, Athletico Paranaense, Botafogo e Flamengo - duplamente -, assistiram tudo do banco.

Em setembro, nos amistosos contra Peru e Colômbia, o mesmo já tinha acontecido. Chamado pelo treinador, Bruno Henrique, do Rubro-Negro Carioca, atuou apenas 16 minutos somando as duas partidas. Jorge, do Santos, sequer entrou em campo, assim como Weverton, do Palmeiras.

Curiosamente, quando o Brasileirão parou durante a Copa América - ou seja, quando não atrapalharia a competição - o número de convocados do país foi bem inferior à última: apenas três - Cássio, Fágner e Everton.

É claro que avaliar o jogador em treinamentos é importante, mas não tão relevante quanto ter estes atletas em atividade por seus clubes no Campeonato Brasileiro. Até porque há opções na Europa - que paralisa suas competições nas datas FIFA - para estas vagas. Ainda mais para ficar no banco.

O Brasil encara a Nigéria neste domingo - dia de rodada do Brasileiro - e pode ser que Tite resolva colocar em campo Gabigol e cia. Optando assim por utilizá-los na data mais próxima a devolução para as equipes. Flamengo, Palmeiras e Grêmio jogarão três dias depois. Desgastados, terão ainda que passar por uma viagem de aproximadamente 21 horas, fora translado.

Há tempos a Seleção é um produto exclusivo da CBF, bem distante do que deveria ser o seu torcedor - vide a partida em Singapura e as raras no Brasil. O contrário acontece com o Brasileirão, presente na vida da torcida e escanteado pela entidade. Nesse caso, se alguém tem que pagar a conta pelo calendário ruim montado pela Confederação, que seja a sua própria mercadoria.