Com objetivo cumprido, Neto ressalta força do Flamengo
Técnico já pensa na próxima temporada e prevê NBB ainda mais competitivo
Por fabio.klotz
Rio - O desafio de dirigir o Flamengo foi encarado com naturalidade por José Neto. A pressão se transformou em apoio, sobretudo da torcida. O trabalho foi coroado com o título do Novo Basquete Brasil. Nesta entrevista, o técnico conta como foi a trajetória na temporada, as dificuldades encontradas e fala sobre o futuro. Neto sabe que o Rubro-Negro vai ser o alvo do NBB 6.
"Todos querem viver o que o Flamengo viveu esta temporada. Para que a gente consiga repetir isso vamos ter que melhorar ainda mais", garante o comandante.
O DIA: Como foi lidar com a pressão de dirigir o Flamengo com um elenco montado para brigar pelo título?
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JOSÉ NETO: "Existe uma pressão maior ainda que é a pressão interna, ou seja, que eu próprio tenho, que é de querer o melhor para meu trabalho. Já a pressão de dirigir o Flamengo eu pude sentir mais como um apoio do que propriamente uma pressão. Para dirigir uma equipe de um grande clube como o Flamengo é preciso ser consciente de que tem uma cobrança maior do que o normal para que os resultados sejam os melhores. É sair na rua e ver alguém com a camisa do seu time e saber que você pode deixar aquela pessoa feliz ou triste com o trabalho que está fazendo. É ter a responsabilidade de ser o melhor para quem o credencia como orgulho da Nação."
Em qual momento deu para perceber que o trabalho estava no caminho certo e que o título era uma possibilidade real?
"Quando acabou o primeiro turno e vimos que tínhamos vencido todas as equipes deu uma confiança maior e a sensação de que tínhamos a capacidade real de ganhar o campeonato. Isto deu também a ideia do quão difícil seria voltar a vencê-los e que, se queríamos algo a mais, então teríamos que estar preparados para isso."
Já começou a planejar a próxima temporada? Quais objetivos para a temporada 2013/2014?
"Estamos já em reuniões com a diretoria, que demonstra a vontade de dar continuidade ao trabalho e está muito empenhada em buscar recursos para que isto aconteça. Sem dúvidas a próxima temporada vai ser ainda mais competitiva. Vários clubes já estão investindo e melhorando suas equipes. Todos querem viver o que o Flamengo viveu esta temporada. Para que a gente consiga repetir isso vamos ter que melhorar ainda mais."
Como foi trabalhar com este grupo? Os jogadores ressaltaram a amizade e união do elenco. A temporada foi de superação desde o início (lesão do Marcelinho, Shilton, Benite, Caio Torres atuando sentindo dores) e você ainda disse que alguns problemas, bem piores, "ficaram" no vestiário e não foram a público. Como foi formar este ambiente propício ao título?
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"Isso foi dia a dia! Empenho de todos para não tirar o foco do objetivo. Foi dar provas de que o que se falava também se fazia e através disto iríamos conseguir ter êxito. Todas as ações tinham de estar voltadas para o objetivo. Objetivo coletivo. Todos os jogadores, sem exceção, tiveram seu momento e mostraram a sua importância para equipe. Isso me deixou contente."
Antes dos playoffs, você falou que nesta fase era necessário ser especialista no adversário. Na coletiva da final, você repetiu o discurso. Na decisão, o Flamengo conseguiu diminuir o volume de Robert Day, Collum e Valtinho "só apareceu no fim". Qual a importância deste trabalho de esmiuçar o rival? Na Seleção, você desempenha função semelhante. É um diferencial seu, saber estudar o adversário para neutralizá-lo? Como isso o ajuda na preparação para os jogos?
"O esporte está se encarregando de diminuir o espaço daqueles que acham que na hora tudo se resolve, que era dia de dar certo ou errado, que aquele ou outro jogador teve sorte ou azar e outros tantos folclores. Eu acredito em estar preparado. Para isso é preciso saber o máximo de situações possíveis que o adversário pode executar e se preparar para que o adversário tenha que atuar de maneira diferente daquilo que está acostumado. Não é fácil. Demanda muito trabalho e muitas noites mal dormidas (risos). Na Seleção eu colaboro com esta função. Aprendi a gostar de estudar o adversário e pensar em uma maneira de fazer a minha equipe agir a partir disto. Parecido ao jogo de xadrez, no qual uma ação sua ou do adversário cria possibilidades de ganhar ou perder o jogo. Por isso a necessidade de estar sempre preparado.
Por falar em Seleção, após a final, Rossi, dirigente do Pinheiros, disse no Twitter que o título já o credencia a ser técnico da seleção brasileira. O que você acha disso? É uma meta para o futuro? Considera estar no caminho certo?
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"Fico muito agradecido por um dirigente como o Rossi, que é o atual vice-presidente da LNB, ter manifestado corajosamente esta opinião. Esta é uma das coisas que um técnico mais quer ouvir. Com certeza ser técnico da seleção de seu país é um sonho. Hoje eu sou assistente de um dos melhores técnicos do mundo, Rubén Magnano, com quem aprendo a cada dia. Vou fazer o meu máximo para que ele sempre seja um técnico campeão pelo Brasil."
Qual a importância de ter trabalhado com técnicos como Lula Ferreira, Moncho Monsalve e Magnano na Seleção?
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"Fundamental para que hoje eu possa ter a capacidade de dirigir uma grande equipe como o Flamengo. Estar em uma seleção brasileira é estar ao lado dos melhores. Por isso a exigência de sempre dar o melhor. Jogar um campeonato de nível internacional com uma seleção é jogar um jogo único ou uma quinta partida de playoff a cada partida. Pude aprender demais com todos eles. Hoje sou uma parte de cada um deles."
Qual a sua avaliação sobre o fato de clubes brasileiros buscarem técnicos estrangeiros? Sergio Hernandez assumiu o Brasília. Minas sonhou com Magnano... Isso ajuda o desenvolvimento do basquete do País? Tira espaço de treinadores brasileiros?
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"Primeiro eu fico muito feliz pelos clubes que querem ter êxito estarem investindo em trazer técnicos e a partir daí formar uma equipe e uma maneira de ser competitivo. Os técnicos que você citou não são quaisquer técnicos. Eles têm uma história vitoriosa por onde passaram e podem contribuir demais para a Liga."
Após a quinta edição do NBB, qual avaliação você faz do momento do basquete brasileiro? Em quais aspectos a Liga evoluiu e o que ainda tem a evoluir?
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"Sem dúvidas o basquete brasileiro está em uma crescente. A Liga está cada ano mais forte, atraindo mais investidores e consequentemente mais qualidade às equipes. A Liga vem evoluindo rapidamente em relação às outras ligas do mundo e a tendência é crescer ainda mais."