Adryan, ex-Flamengo, hoje defende o Sion, da Suíça - divulgação / FC SION
Adryan, ex-Flamengo, hoje defende o Sion, da Suíçadivulgação / FC SION
Por Yuri Eiras

Rio - O avião que transportava o jogador Emiliano Sala desapareceu do radar no dia 21 de janeiro, mas os destroços e o corpo só foram encontrados duas semanas depois. O meia Adryan viveu momentos de angústia nesse período. Ex-Flamengo, ele atuou com Sala no Nantes, da França, com quem construiu uma profunda relação de amizade. Quatro dias depois, outro baque: dez jovens atletas morreram em um incêndio no Ninho do Urubu, onde Adryan passou boa parte da adolescência. Como ter forças para superar as tragédias? Jogando bola.

"Lógico que abalam (as tragédias). Não tem como evitar isso. Somos seres humanos como quaisquer outros e estamos suscetíveis a esse tipo de situação. Particularmente, eu acho que trabalhar é até uma forma de tirar um pouco o foco dessas coisas", disse Adryan.

Tratado como uma das maiores promessas recentes do Flamengo, com passagens pela base da seleção brasileira, o meia não rendeu o esperado e acabou saindo do clube em 2013. Rodou por Itália, Inglaterra e chegou a voltar ao Rubro-Negro em 2017, mas não foi aproveitado. Atualmente, defende o FC Sion, da Suíça. Na semana passada, ele marcou dois gols na vitória sobre o Luzern (3 a 1). Na comemoração, Sala e os Garotos do Ninho foram lembrados.

"Eu, um dia, fui um daqueles meninos, sonhando com mil coisas e em vestir a camisa do Flamengo profissionalmente. Poucos sabem as dificuldades que passamos e a pressão que é para se tornar um jogador profissional, ainda mais no Flamengo", comentou Adryan, que lembrou os momentos de aflição pela falta de notícias do amigo Sala. O avião sumiu quando o argentino ia da França para o País de Gales para assinar contrato com o Cardiff City. "Era um cara sensacional. Brincalhão, de bem com a vida, extremamente bem-humorado. Viver essa angústia foi horrível. Eu procurava focar nas orações, na esperança, no pensamento positivo. São as coisas em que acredito".

Desde que chegou ao Sion, Adryan disputou 34 jogos e marcou 12 gols. Apesar de adaptado e já acostumado com a Europa, o jogador não descarta uma volta ao Brasil no fim do contrato.

"Tenho conseguido ajudar o time com boas atuações, gols e assistências. É nisso que prefiro focar. Trabalhar duro para evoluir sempre e poder contribuir com a parte coletiva. Ainda tenho contrato até o meio do ano que vem por aqui, e minha cabeça está aqui. No futuro, lógico que podem pintar coisas novas, mas é preciso analisar com calma para decidir o melhor caminho", afirmou.

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