Landim (centro) ao lado de Reinaldo Belotti (E) e Rodrigo Dunshee de Abranches em coletiva - Marcelo Cortes / Flamengo
Landim (centro) ao lado de Reinaldo Belotti (E) e Rodrigo Dunshee de Abranches em coletivaMarcelo Cortes / Flamengo
Por O Dia

Rio - O Flamengo, enfim, resolveu dar uma entrevista coletiva sobre a tragédia ocorrida no Ninho do Urubu. Na manhã deste domingo, o presidente Rodolfo Landim conversou com os jornalistas e justificou a demora do clube em responder perguntas sobre o caso.

 "Tivemos uma preocupação muito grande com a qualidade de informações que passaríamos. Estávamos há 30 dias na gestão. Uma série de perguntas não poderíamos responder. O foco principal era as famílias. Nossa maior concentração de atenção foi nelas. Procuramos cuidar desde o dia da tragédia, a maior dos 123 anos de Flamengo. Me reuni com as famílias no dia seguinte ao ocorrido em um hotel. Um trabalho carinhoso e cuidadoso, com todos os psicólogos do clube consolando as famílias dentro das nossas possibilidades. Tudo isso com enorme respeito e consideração", declarou o mandatário.

Sobre os valores de indenização proposto às famílias, Landim negou os números que foram divulgados pelo Ministério Público - entre R$ 300 E 400 mil - e preferiu não dar maiores detalhes sobre as negociações.

"Esse processo corre em segredo. Independentemente disso, é importante não falar isso pelo impacto que isso poderia ter na segurança das famílias, falar de altos valores. Temos que levar em consideração onde essas famílias moram. Da forma como foram vazados, a resposta é não. Não foram os valores passados. Com relação ao Ministério Público, é ele quem deve informar. O que foi colocado antes do processo de mediação foi um piso de discussão, que nós entendemos que é muito acima de toda e qualquer decisão que aconteceu. O Flamengo quer equacionar com valores acima, mas que já são o dobro da jurisprudência. O que não quer dizer que, se pedirem 10 vezes, 100 vezes o valor da jurisprudência, nós iremos aceitar".

Confira outros trechos importantes da coletiva:

Relação com as famílias

"A gente soube que duas famílias já vieram representadas por advogadas. As informações que tivemos é que durante essa reunião, e depois da saída do desembargador, houve orientação dessas advogadas falando de falta de respeito do clube. A gente entende que é um momento difícil, mas percebemos que essas duas advogadas conseguiram criar um clima dentro daquele grupo, para que fosse deliberado um valor muito alto. O que a gente tem sentido de positivo é: acabado aquele momento, a gente começou a ser procurado por algumas famílias, que buscaram conversar conosco sobre o processo de mediação com o Tribunal de Justiça. Isso já está ocorrendo, já ocorreu na sexta-feira. Essas famílias já tiveram longa conversa conosco, o que nos deixa muito felizes. Não posso garantir que todas vão seguir esse caminho. Essa seria a nossa vontade, mas não posso garantir".

Comparação com a Boate Kiss

"Não estou falando de nenhuma decisão judicial sobre a Boate Kiss. Estou falando de decisões mais próximas do caso que a gente está tratando, como crianças sob guarda de alguma empresa. Uma vida não tem preço, não vamos discutir precificação. Estamos falando de indenizar danos morais em relação às dores das pessoas".

Multas da prefeitura ao Ninho do Urubu

"Nós não tínhamos conhecimento disso. A última multa feita pela prefeitura foi no dia 12 de dezembro do ano passado. Nenhuma multa chegou ao nosso conhecimento. Ao longo do tempo, foram faladas de 31 multas, e a gente teve que procurar. A gente conseguiu identificar 23 multas. Dessas 23, 12 delas foram aplicadas e recebidas pelo clube após o acidente. São multas retroativas, mas foram aplicadas depois do acidente, em 11 de fevereiro".

CT sem alvará e contêineres que os garotos dormiam

"O Flamengo teve, no passado, alvará para utilização do Ninho do Urubu com módulos iguais àqueles que estavam ali. Foi aprovado em 2012 pela prefeitura módulos habitacionais como aqueles, que já existiam desde 2010. As licenças foram para as novas instalações do centro de treinamento. Quando o Flamengo foi fazer as melhorias nas instalações, pediu a autorização ao Corpo de Bombeiros. Verificamos que isso foi feito em meados de 2017. Quando foi levado para os bombeiros, eles pediram que fosse feito o licenciamento do primeiro centro de treinamentos, o CT 1, que existia naquele momento. Não existia o CT 2, que começou a ser construído em 2017. Todas aquelas autuações foram em referência ao CT 1. A gente tem registro de diversas idas do Corpo de Bombeiros no CT 1, fazendo uma série de exigências que foram atendidas. Até que, na última vez que os bombeiros foram lá, viram que já existia o CT 2. O licenciamento se estendeu por tanto tempo, que quando chegou a licença do CT 1 já existia o CT 2. Corremos depois do acidente para sanar todas as pendências e já protocolamos o pedido de licença para o CT 1 e CT 2, o projeto total de instalações"

Imprudência do Flamengo?

"Todo acontecimento traz oportunidades para melhorar. Existem sempre oportunidades para discutir os procedimentos. Não tenho dúvida de que foi uma fatalidade. Infelizmente, aconteceu. Não posso imaginar que alguma coisa poderia ter sido feita e o Flamengo não fez porque não ligou, achou que não teria importância. Há muitas coisas que vamos saber ao longo desse processo. Ele não termina aqui, ainda não terminou. Essa vai ser uma conclusão da polícia, mas, na minha percepção, foi uma fatalidade".

Você pode gostar
Comentários