Daniel é o torcedor que costuma ir ao Maracanã como 'sósia' de Muralha: cabelo moicano, barba grande e uniforme azul de goleiro do Flamengo. A graça, componente marcante na torcida rubro-negra, começou no fim de 2017, quando Muralha já estava perto do adeus ao Flamengo - ele seria emprestado para o Albirex Niigata, do Japão.
"Passei a imitar o Muralha quando deixei cabelo e barba crescerem. Tinha uma barraquinha de pão de queijo e a galera gostava do jeito. Botei na cabeça que ia virar o Muralha da Baixada Fluminense", conta. Mas Daniel Santos não é feito de pedras, como muralhas. As costas pesaram após a morte de sua mãe. "Ela adoeceu e foi parar no hospital. Em fevereiro de 2018, faleceu. Isso acabou comigo. Pensei em desistir", confessa.
"Certo dia peguei umas luvas, coloquei shorts, meiões, chuteiras e fui para o Carnaval. Aquilo me fez muito bem. Acho que foi isso que me fez superar a depressão de perder uma mãe muito nova, ficar perdido no mundo. Essa coisa do Muralha na minha vida foi sensacional. Pude não deixar a depressão me pegar. Brincavam, xingavam, mas aquilo me fazia bem; caí no choro, claro, mas os três dias de Carnaval me ajudaram bastante. Vi que poderia fazer muitas pessoas sorrirem".
Sonho de conhecer o ídolo
Depois de todo inverno há uma primavera e um setembro amarelo. Muralha Sósia virou ícone das arquibancadas do Flamengo, fez amigos - tem até o 'time dos sósias' - e ganhou milhares de seguidores nas redes sociais, inclusive famosos, como David Brazil. O Muralha original também está bem: voltou ao Brasil e é titular absoluto do Coritiba, sexto colocado na Série B do Campeonato Brasileiro.
"Fui muito corajoso para entrar assim no Maracanã, claro", brinca Daniel. "O que ele passou em campo, eu passei na arquibancada. Mas, ganhei a galera. Todos passaram a gostar de mim. Agradeço muito à torcida. Nessa minha jornada, meu sonho é conhecer o Muralha".