'Pede o mundo de novo': Moraes viajou 70 países atrás do Flamengo, e quer encerrar o ciclo com chave de ouro
Torcedor rubro-negro esteve nas finais da Libertadores e do Mundial de 1981
Rio - Francisco Moraes foi à França e não viu a Torre Eiffel. Na Itália, passou longe do Coliseu de Roma. Sertão, Amazônia, Cordilheira dos Andes, Tóquio, Bagdá...Rodou o mundo, mas conheceu pouquíssimo. Sempre do aeroporto para o hotel, e depois para o estádio - "não gosto de fazer turismo. Meu dinheiro é para acompanhar o Flamengo". Nos últimos 40 anos, em todos, absolutamente todos os lugares por onde o Rubro-Negro passou, lá estava Moraes.
"Visitei uns 70, 80 países, contando Flamengo e seleção brasileira. Um milhão de dólares foi embora nessa brincadeira. Faria tudo de novo. Não me arrependo de nada", diz Moraes, de maneira firme. O rubro-negro vai se aposentar das viagens atrás do Flamengo no fim do ano, mas espera fechar o ciclo com chave de ouro, assistindo o time do coração ser campeão no Peru. Em 23 de novembro 1981, ele comemorou a primeira Copa Libertadores no estádio Centenário, em Montevidéu. Mas, até chegar, haja perrengue.
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"Nove dias dentro do ônibus sem ar condicionado, sem nada. Saímos do Maracanã, atravessamos o Sul do Brasil, o ônibus quebrou em cima da Cordilheira dos Andes. Chegamos 20h no estádio (em Santiago), o jogo era às 21h. Apanhamos que nem um cão. Teve até tiro no ônibus. Depois atravessamos a Argentina, pegamos um barco em direção ao Uruguai e um ônibus para Montevidéu. Assistimos o jogo e fomos campeões", conta Moraes, com a naturalidade de quem fez uma baldeação de metrô.
'Pechincha' para o Japão
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Em dezembro de 1981, Moraes foi testemunha ocular da maior história rubro-negra. "Japão foi terrível, bate e bola. Era caríssimo. Seria hoje R$ 60 mil. Na época, só eu e mais um compramos. A procura por passagens estava um fracasso. O embaixador do Japão me ligou perguntando o que poderia fazer para as pessoas irem. Sugeri abaixar o preço, mas o babaca aqui falou três mil dólares. Se eu tivesse falado 800, ele toparia. Foram 49 pessoas. Vascaínos, tricolores, a graça era conhecer o Japão". E, conheceu? "Nada, conheci nada".
Como um craque que decide parar no auge, Moraes quer fazer sua 'despedida' em Doha, no Catar. "Não tenho mais condições físicas, financeiras. Não tenho mais saco de avião. São 53 anos nisso, cara. Tem que saber parar. Esperei 38 anos...Vou ganhar em Lima, depois vamos ganhar no Mundial e eu paro com chave de ouro".