Gerson: É a realização de um sonho. A sensação é maravilhosa. Me sinto em casa. Sempre sonhei com esse momento de defender meu time de coração. Não me sinto cobrado por ninguém, muito pelo contrário. Sinto-me amado todo jogo. Minha família, amigos, vão em peso ao Maracanã. É simplesmente fantástico tudo o que tenho vivido nesse curto período.
- Você se considera um dos melhores em sua função no país hoje? E por que?
É difícil falar isso. Eu gosto muito de trabalhar em silêncio, sem alarde. Procuro me dedicar muito durante os treinamentos para que nos jogos possa colocar tudo em prática. Tenho consciência de que estou vivendo um momento único em minha vida. Quero desfrutá-lo ao máximo, mantê-lo e, claro, melhorar ainda mais minhas atuações. A análise eu deixo para torcida e para os especialistas.
- Campeonato Brasileiro, Libertadores... Com a possibilidade de ser campeão, o Flamengo vive o mês mais importante depois de 30 anos de espera da torcida? A sua ficha já caiu pelo fato de que você pode ser lembrando por fazer parte da geração mais vitoriosa após a de Zico? Qual a importância desse momento?
É tudo aquilo que sempre sonhei. Estar em um grande clube com a possibilidade de escrever meu nome na história. Vim para o Flamengo, meu clube de coração, com o intuito de gravar meu nome na história. Estamos bem próximos dos objetivos, mas ainda não conquistamos nada. Precisamos manter os pés no chão e seguir com a concentração lá em cima. Nada do que fizemos até aqui será lembrado sem conquistas. O momento é de trabalhar e manter os pés no chão.
- Qual é a sua maior virtude no esquema tático do Flamengo, a movimentação, a troca de posições ou o passe final?
Minha principal virtude e até mesmo a do grupo é entender que sozinho a equipe não alcançará seus objetivos. Nos doamos um pelo outro. A entrega do grupo para colocar em prática aquilo treinado pelo Mister (Jorge Jesus), o companheirismo durante o jogo.... Essas são as nossas principais virtudes. O jogo coletivo é o nosso ponto forte.
- Qual é o papel de Jorge Jesus em sua evolução? Seu estilo mudou muito em relação ao praticado na Itália?
O Mister é um cara fantástico e que sabe muito de futebol. Respira o futebol 24 horas. É perfeccionista ao extremo e consegue extrair o máximo de cada jogador. Ele é muito responsável pelo sucesso do clube. Sem dúvida que os ensinamentos dele são essenciais para o meu futebol. Nos mostra caminhos que, em um primeiro momento, não conseguimos enxergar. Aprendi e evolui muito na Europa e tenho conseguido por em prática esses ensinamentos aqui no Flamengo.
- Você tinha outras propostas, possivelmente mais vantajosas da Europa, mas decidiu pelo Flamengo. Qual foi o impacto dessa escolha na sua carreira?
Quando soube do interesse do Flamengo meus olhos brilharam. Queria defender um clube que me desse a possibilidade de conquistar títulos importantes. E quando o Flamengo surgiu, eu vi a possibilidade de juntar o sonho com o objetivo. Unir o coração com o profissionalismo. Não pensei duas vezes. Sou muito feliz aqui. Me sinto em casa.
- Como você avalia a possibilidade de convocação após os frequentes elogios de Tite e qual é a importância do Flamengo para colocá-lo na mira da Seleção?
É um sonho que tenho. Não tenho pressa. Sei que somente meu trabalho aqui no Flamengo poderá me fazer chegar até lá. É nisso que procuro focar. Treinar bem, jogar bem, evoluir, crescer, aprender e fazer o meu melhor. Tudo isso aliado ao bom desempenho do Flamengo me levarão a Seleção Brasileira.
- Você tem 22 anos, teve a chance de defender clubes tradicionais da Itália, foi contratado pelo clube de infância e está na mira da Seleção. Quais são os principais metas na carreira?
A meta é escrever meu nome na história deste clube fantástico. O clube que acreditou em mim. O meu maior desejo é concretizar as conquistas que temos a possibilidade de vencer. Penso nisso diariamente. Tenho a oportunidade e quero aproveitá-la, agarrar com unhas e dentes. Só consigo pensar nisso no momento. O resto virá com o tempo.
- Quantos você acha que "envelheceu" na Europa pela rápida evolução tática e física? E por que?
Não consigo dimensionar. Mas eu tenho uma certeza: não conseguiria crescer e evoluir o tanto que consegui nesses três anos de Europa aqui no Brasil. Foi um amadurecimento não só na parte tática e física. Foi um amadurecimento do lado humano. E foi justamente esse lado pessoal que me abriu as portas para poder crescer no profissional. Botei a cabeça no lugar e entendi que precisava amadurecer e evoluir.