Rio, 12/12/2019, ESPECIAL, Entrevista com o jogador do Flamengo Matheus Thuler, foto de Gilvan de Souza / Agencia O Dia - Gilvan de Souza / Agencia O Dia
Rio, 12/12/2019, ESPECIAL, Entrevista com o jogador do Flamengo Matheus Thuler, foto de Gilvan de Souza / Agencia O DiaGilvan de Souza / Agencia O Dia
Por Venê Casagrande
O elenco do Flamengo é repleto de craques renomados, mas também esbanja jovens criados nas categorias de base que começaram a render bons frutos. Um deles é Matheus Thuler. O zagueiro de 20 anos é flamenguista declarado, foi sócio-torcedor, frequentava a arquibancada do Maracanã e está perto de disputar uma final do Mundial de Clubes pelo time de coração, após conquistar um Brasileirão e uma Libertadores no mesmo ano.
Mesmo não sendo titular, Thuler comemora a boa fase no Flamengo, principalmente pela evidente evolução em 2019. Mais preparado para brigar por uma vaga na equipe principal, o "zagueiro raiz" concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Dia. Sincero, o jovem falou que ainda precisa evoluir alguns quesitos, disse que tem o foco de disputar as Olimpíadas, elogiou o trabalho de Jorge Jesus e da comissão técnica e afirmou: "A gente corre menos, mas corre certo".
Rio, 12/12/2019, ESPECIAL, Entrevista com o jogador do Flamengo Matheus Thuler, foto de Gilvan de Souza / Agencia O Dia - Gilvan de Souza / Agencia O Dia
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Considera esta temporada a melhor da sua carreira?
"Com certeza foi um ano muito bom para mim. Não só para mim, mas para todos os companheiros. Acho que o trabalho começou bem com Abel, mas depois Jesus chegou e exigiu mais da gente. Eu que sou garoto ainda e trabalhar com um elenco recheado de experientes e craques, com uma comissão diferenciada, é espetacular. O time inteiro evoluiu, não só Thuler."
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*Thuler, em 2019, entrou em campo 17 vezes, maior número desde que começou no time profissional.
Você está perto de disputar uma final de Mundial contra o Liverpool. Já parou para pensar que pode marcar Firmino, Salah e Mané?

"Se eu tiver essa oportunidade, vai ser incrível. São craques e que vão dar muito trabalho. Mas seria um momento histórico na minha carreira. Mas não vamos aliviar (risos)."

E como parar esses craques?
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"Vou deixar para o Mister montar a estratégia. Vai ser o mesmo Thuler contra qualquer atacante. O segredo é ter sangue nos olhos. Tem que ser assim para encarar esses craques."
Rio, 12/12/2019, ESPECIAL, Entrevista com o jogador do Flamengo Matheus Thuler, foto de Gilvan de Souza / Agencia O Dia - Gilvan de Souza / Agencia O Dia
Qual é a importância de Jesus neste trabalho?

"Desde que Jorge Jesus e os demais da comissão chegaram, a intensidade dos treinos aumentaram. Eles pegam muito no pé. O trabalho é muito puxado e intenso. Só antes de jogo que a gente treina mais leve. Isso ajuda dentro de campo. A organização também melhorou muito. A gente não precisa correr tanto. A gente corre menos, mas corre certo. O time corre organizado e não corre errado."
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Faz parte de uma geração que vai cedo para a Europa, como Vinicius Junior e Paquetá. Pretende seguir o mesmo rumo?
"Penso, com certeza, jogar na Europa. Não agora. Quero jogar muito mais ainda pelo Flamengo. Ainda tenho muito que evoluir e não estou pronto para jogar na Europa. Eu tenho muito mais a oferecer ao Flamengo e o Flamengo tem mais a me oferecer. Isso tem que ser natural e na hora certa. Vamos com calma."
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Você era torcedor de arquibancada do Flamengo, né?

"Muito. Muito mesmo. Morava na Tijuca, perto do Maracanã, e ia a todo jogo. Eu era sócio-torcedor. Ia muito mesmo. Como a vida é, hoje eu que estou lá no time."
Carteira de sócio e atleta de Matheus Thuler, emitida em 2008 - Arquivo Pessoal
Próximo ano você se vê com condições de ser titular?
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"Com certeza. Estou cada vez mais pronto. Eu aprendo muito com os dois (Rodrigo Caio e Marí), são dois ótimos jogadores, para mim os dois melhores do Brasileirão e da Libertadores, mas acho que o elenco prova que temos condições. Quando precisou, eu e Rhodolfo entramos e conseguimos dar conta do recado."

Depois de conviver e jogar ao lado de Marí, você acha que o Brasil está muito atrás ainda da Europa?

"Ele é um grande jogador e uma grande pessoa. Sou muito fã. Sem demagogia. Mas em relação ao Flamengo, eu acho que não deve muito para a Europa, principalmente depois da chegada do Mister."

Por quê?

"Estrutura, trabalho, o treinador que tem uma metodologia européia e os jogadores que aqui estão. São jogadores de nível Europa. Olha o elenco... é incrível conviver com eles."

Você citou Jesus: qual é o diferencial dele para os demais treinadores que você já trabalhou?

"Ele é muito perfeccionista. Ele quer o melhor sempre. Intensidade é 100%, formação é 100%... um cara muito rigoroso. Ele tem um respeito pela gente e nós temos respeito por ele. O Mister fez com que a gente comprasse a ideia dele. Ele provou que entende de futebol. É só ver os resultados. Estamos no Mundial de Clubes depois de 38 anos. Isso não é por acaso."

Em relação às broncas nos jogadores ainda dentro de campo. O que você pensa?

"Acho natural. Ele faz isso para o nosso bem. Todo mundo já tomou um durante o treino (risos). Na minha opinião, isso ajuda muito. Ele faz isso porque sabe que podemos evoluir. É válido."

Vocês já pediram a ele para que ficasse em 2020?

"Isso ainda não conversamos. A temporada ainda não acabou e estamos focados no Mundial. Isso ainda não foi conversado com ele e acho que nem será. Isso é um assunto pessoal dele."

O que você precisa evoluir?

Preciso melhorar bastante a minha bola aérea. Estou trabalhando isso. A saída de jogo. Sou muito novo, mas os dois principais pontos são esses.

Os torcedores brincam nas redes sociais e te chamam de "zagueiro raiz" por conta do estilo de jogo. Concorda?

"(Risos). Eu sempre fui assim. Eu sou sério, focado, gosto de jogar assim. Meu estilo desde as categorias de base. O foco é importantíssimo. Jogar pelo Flamengo é isso. Sou torcedor do clube desde criança, frequentava o Maracanã e observava isso. Meu estilo, mas deixo isso de zagueiro raiz para os torcedores (risos)."
Torcedor brinca com estilo de jogo de Thuler - Divulgação
Você acha que tem chances de disputar as Olimpíadas?

"Claro. É um sonho e uma possibilidade. Vou continuar trabalhando e sempre focado nas expectativas. Eu já fui convocado muitas vezes para as categorias de base da seleção, fui capitão e acho que tenho capacidade de jogar as Olimpíadas. Se eu não acreditar em mim, quem vai?!"

Existe a chance de o Flamengo fazer a pré-temporada na Europa. Acha uma boa escolha?

"Eu acho que é importante. Isso dá a chance de internacionalizar a marca do Flamengo, mas o mais importante é ter tranquilidade para fazer bem os treinos, com uma boa estrutura. Eu sou a favor, sim. Ficar longe da família é legal às vezes, importante, porque só foca nos trabalhos."

Você só tem 20 anos, mas já viveu grandes momentos no Flamengo. Qual é o mais inesquecível?

"Com certeza o segundo gol na final da Libertadores. Eu só pensei em vibrar. Eu subi na trave do gol, né, e depois o Vinicius (Souza) subiu."

E como você subiu?

"A ideia foi minha. Chamei o doutor João, subi nas costas dele e consegui chegar lá (na trave). Eu falei para o Vinição (Vinicius Souza) subir logo. Que momento... (risos)".
Thuler comemorando título da Libertadores na baliza que Gabigol fez dois gols - Alexandre Vidal/Flamengo
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E a ideia de pintar o cabelo foi de quem em caso de título da Libertadores?
"Renê e Arão começaram e depois todos falaram que iam pintar. Ganhamos e todos estão platinados. E não terá promessa para o Mundial."