Dener em ação com a camisa do Flamengo e capitão do Sub-20
Dener em ação com a camisa do Flamengo e capitão do Sub-20Foto: Agência Estado
Por Venê Casagrande
A entrevista do agora ex-zagueiro Dener ao Jornal O Dia, relatando que pendurou as chuteiras após "irresponsabilidades e negligências" no período de recuperação de cirurgias no joelho esquerdo no Flamengo, caiu como uma bomba nos corredores do Ninho do Urubu. A diretoria da base rubro-negra, de maneira oficial, não quis comentar o assunto e apenas respondeu à reportagem que o "o clube não vai se manifestar nesse momento".

PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS?

Como Flamengo e Dener não quiseram citar nomes dos profissionais que participaram de forma direta do processo realizado entre junho de 2017 e janeiro de 2019, quando o ex-zagueiro voltou para o Figueirense, a reportagem apurou quais médicos que realizaram as cirurgias no joelho esquerdo do ex-atleta e quais fisioterapeutas que fizeram parte do processo de recuperação/recuperação.

A primeira operação para corrigir a lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo de Dener foi realizada pelo médico Gustavo Caldeira, então funcionário do Flamengo, no dia 22 de junho de 2017. Caldeira, que deixou o Rubro-Negro na última reformulação do DM, em outubro de 2020, foi procurado pelo Jornal O Dia e topou falar sobre a situação do ex-zagueiro. Em contato rápido por telefone, ele respondeu:

"Fico muito triste com o desfecho do caso do Dener, um menino muito educado e com caráter ímpar. Na ocasião, o atleta rompeu o ligamento cruzado anterior e foi submetido à reconstrução ligamentar. A equipe cirúrgica era formada por mim, Dr Raphael Serra Cruz (médico do clube) e Dr Luiz Felipe Matos (médico externo), todos muito bem conceituados no meio médico. Após a cirurgia, iniciou a reabilitação com a fisioterapia. Revisamos se havia algo errado com o ato cirúrgico, que é uma das causas de falha da cirurgia. Porém, não encontramos algo errado e apostamos no seguimento da reabilitação para ver se melhorava. O atleta foi, inclusive, consultado com um médico de renome fora do clube, que teve a mesma conduta que havíamos escolhido. Depois, o atleta fez mais duas cirurgias com outros médicos e não conseguiu retornar. Fico, sinceramente, muito triste. Já falei com o atleta e me coloquei à disposição."

Os médicos citados por Gustavo Caldeira na declaração, Raphael Serra Cruz e Luiz Felipe Matos, foram procurados e, até a publicação da matéria, não responderam aos contatos.

Em janeiro de 2018, seis meses depois da operação em Dener, Gustavo Dutra se tornou coordenador do departamento médico das categorias de base do Flamengo (continua no cargo até os dias atuais) e acompanhou a situação do ex-atleta de perto. Como ainda é profissional do Rubro-Negro, Dutra optou por não falar sobre o assunto, já que o clube manteve silêncio.

A segunda cirurgia no joelho esquerdo de Dener foi realizada no dia 8 de junho de 2018, quase um ano depois da primeira. Desta vez, o procedimento foi feito por um médico que não fazia e nem faz parte da comissão técnica do Flamengo: Max Ramos. Inclusive, ele operou recentemente Diego Ribas (tornozelo) e Thiago Maia (joelho), atletas que são do elenco profissional rubro-negro.

Max Ramos também foi procurado pelo Jornal O Dia, mas, até o momento da publicação da matéria, não respondeu as mensagens.

A terceira operação, desta vez realizada por profissionais do Figueirense, clube detentor dos direitos federativos de Dener na ocasião, foi feita no dia 20 de junho 2019, dois anos depois do primeiro procedimento. Segundo relatou o ex-zagueiro, essa cirurgia foi para corrigir erros feitos nas duas operações anteriores (clique aqui para ler).

E OS FISIOTERAPEUTAS?

A reportagem conseguiu levantar o nome dos fisioterapeutas que, de alguma forma, participaram do processo de recuperação de Dener. Segundo fontes do Flamengo, os profissionais são: André Bezerra, Eduardo Calçada e José Batista.

Ainda de acordo com pessoas que presenciaram todo o processo realizado no Flamengo com Dener, o fisioterapeuta André Bezerra foi quem mais participou da recuperação do ex-zagueiro e foi quem mais o acompanhou de perto no Ninho do Urubu, sendo o responsável pelos trabalhos de transição realizados.

"O Bezerra (André) foi quem mais acompanhou Dener de perto e o responsável quando ele (Dener) iniciou os trabalhos de transição. Ele foi peça fundamental nesse processo que fizeram com Dener", disse uma pessoa que pediu para não se identificar.

Como André Bezerra ainda é funcionário do Flamengo, ele não pode se manifestar oficialmente sobre o assunto sem a liberação da diretoria.

Já Eduardo Calçada e José Batista não são mais funcionários do Flamengo desde outubro de 2020, quando aconteceu a reformulação no departamento médico rubro-negro e peças foram trocadas. Procurados, os dois profissionais ainda não responderam à reportagem do Jornal O Dia.