Bruno Henrique em treino do FlamengoMarcelo Cortes / CRF

Rio - O atacante do Flamengo, Bruno Henrique, se tornou alvo de uma operação da Polícia Federal, na manhã desta terça-feira no Rio de Janeiro. Policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em alguns endereços, inclusive na casa do jogador e no Ninho do Urubu. O atleta é investigado por suposta manipulação relacionada a casas de apostas.
Mais de 50 Policiais federais e seis promotores de Justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) cumprem 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do Distrito Federal, nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vespasiano, Minas Gerais, Lagoa Santa, Minas Gerais, e Ribeirão das Neves, Minas Gerais. A operação também conta com o apoio do Gaeco de Minas Gerais.
O atacante foi acordado pela chegada da Polícia Federal em sua casa na Barra da Tijuca, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele entregou documentos, celulares e outros aparelhos eletrônicos. Além disso, uma empresa de Bruno Henrique também foi alvo de operação da Polícia Federal. Por meio da sua assessoria, o jogador informou que não irá se posicionar sobre a investigação e sobre a operação neste momento. 
Por meio de uma nota oficial, o Flamengo se posicionou sobre o ocorrido: "O Clube de Regatas do Flamengo tomou conhecimento, nesta data, da existência de uma investigação, ainda em curso, versando sobre eventual prática de manipulação de resultados e apostas esportivas. O Clube ainda não teve acesso aos autos do inquérito, uma vez que o caso corre em segredo de justiça, mas é importante registrar que, ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência. O Flamengo esclarece, por fim, que houve uma investigação no âmbito desportivo, perante o STJD, a qual já foi arquivada, mas não tem como afirmar que se trata do mesmo caso e aguardará o desenrolar da investigação. O atleta segue exercendo suas atividades profissionais normalmente. Treina e viaja com a delegação nesta terça-feira, para Belo Horizonte", disse o clube.
Bruno Henrique é suspeito de ter tomado cartão na partida entre Flamengo e Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023, para beneficiar apostadores. Dados obtidos junto às casas de apostas, por intermédio dos representantes legais indicados pela Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), apontaram que as apostas teriam sido efetuadas por parentes do jogador e por outro grupo ainda sob apuração.  Uma possível pena varia de dois a seis anos de reclusão.
A investigação teve início a partir de comunicação feita pela Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De acordo com relatórios da International Betting Integrity Association (IBIA) e Sportradar, que fazem análise de risco, haveria suspeitas de manipulação do mercado de cartões na partida do Campeonato Brasileiro. Três empresas notaram apostas num volume fora do comum em cartões a serem tomados por Bruno Henrique contra o Santos. Segundo a investigação, elas foram feitas por amigos e parentes do jogador.
Além do atleta, a PF investiga parentes de Bruno Henrique. Entre eles o irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Junior; a cunhada dele, Ludymilla Araujo Lima; e a prima, Poliana Ester Nunes Cardoso. Outras pessoas no alvo são Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Douglas Ribeiro Pina Barcelos e Max Evangelista Amorim, residentes em Belo Horizonte, que é a cidade natal de Bruno Henrique. Todos são ex-jogadores ou jogadores amadores de futebol.
Bruno Henrique chegou ao clube carioca em 2019 e se tornou ídolo do Rubro-Negro desde então, acumulando títulos como duas Libertadores, dois Brasileiros e uma Copa do Brasil.
MINISTÉRIO PEDE "MÁXIMO RIGOR"

Em comunicado, o Ministério do Esporte pediu "máximo rigor" na investigação realizada pela PF e Ministério Público. "O Ministério do Esporte acompanha e apoia as recentes investigações envolvendo o atleta Bruno Henrique e reforça seu compromisso com a integridade e transparência no esporte brasileiro. Ações que comprometem a ética esportiva são crimes inaceitáveis e devem ser apuradas com o máximo rigor, em respeito ao público, aos atletas e à credibilidade do esporte", registrou a pasta.

O ministério citou a Lei Geral do Esporte, sancionada em junho de 2023, ao lembrar que desde o ano passado o País conta com legislação para casos de manipulação de resultados no esporte.

"Defendemos a aplicação da Lei Geral do Esporte em todos os casos de manipulação e irregularidades, assegurando que o resultado das competições reflita apenas o mérito e o esforço dos atletas. Um ambiente esportivo justo e íntegro é essencial para a construção de uma sociedade que valorize o esporte como instrumento de desenvolvimento e cidadania."