Bruno Henrique será opção para o duelo desta quarta (6), às 21h (de Brasília), no IndependênciaMarcelo Cortes / Flamengo

Rio - O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, é alvo de uma investigação da Polícia Federal por manipulação de apostas esportivas. O jogador do Flamengo é suspeito de ter recebido um cartão amarelo no jogo contra o Santos, no dia 1º de novembro de 2023, pelo Campeonato Brasileiro, para beneficiar apostadores, que seriam seus amigos e parentes. A casa do jogador na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e seu quarto no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, foram alvos de busca e apreensão.
Apesar da investigação ainda estar no início, já começam a surgir dúvidas de torcedores sobre as consequências ao atacante, caso ele seja considerado culpado futuramente. O DIA conversou com o advogado Carlos Eduardo Ambiel, sócio do Ambiel Advogados e especialista em Direito Desportivo, para entender as possíveis punições.
"Caso se confirme que ele atuou de forma contrária à ética para influenciar em alguma situação da partida, ele pode ser enquadrado nos artigos 243 e 243-a do CBJD. As penas envolvem multa e possibilidade de suspensão, que pode ser por número de partidas ou tempo determinado. Isso vai depender do enquadramento da conduta, caso os fatos sejam confirmados", disse o advogado.

Banimento do futebol é possível?

Para o especialista, mesmo se Bruno Henrique vier a ser condenado no futuro, o que ainda depende do surgimento de novas provas ou evidências, a possibilidade de banimento não se enquadraria ao ídolo rubro-negro, uma vez que ele não é reincidente.  
"Não há chance de banimento. Tanto no âmbito do 243 quanto no do 243-a, a pena de eliminação ocorre apenas em casos de reincidência. Como não é o caso, as penas seriam de multa ou suspensão, ou as duas, desde que a autoria seja comprovada", afirmou.

E prisão?

Ainda é necessário aguardar o desenrolar das investigações para saber se Bruno Henrique pode ter que responder também na esfera criminal, se a investigação resultar em condenação. Segundo o advogado, isso dependerá de diversos fatores, mas está previsto em lei.
"Aceitar ou receber vantagem, ainda que para favorecer terceiros, na conduta do artigo 165 da Lei Geral do Esporte, prevê uma reclusão de dois a quatro anos e multa. Obviamente, tudo vai depender de agravantes, de ser réu primário... então ainda é muito cedo para dizer se existe um risco de prisão", disse Ambiel.
No ano passado, Bruno Henrique chegou a ir a julgamento no STJD por conta de sua expulsão no jogo contra o Santos. Além do cartão amarelo, o atacante levou vermelho após reclamar do árbitro. No Tribunal, o jogador foi apenas advertido e alguns relatores chegaram a considerar que não houve falta no lance que lhe gerou a punição. O fato, na opinião do advogado ouvido pelo DIA, deve ser usado pelo ídolo do Flamengo em sua estratégia de defesa.
"No caso do STJD, houve manifestação dentro da defesa que foi feita de que o lance sequer foi uma falta clara e, eventualmente, passível de cartão amarelo. Esse é um elemento que certamente será usado na defesa para dizer 'olha, não há como dizer que ele fez uma conduta voluntária, porque nem mesmo o ato que gerou o cartão ficou evidente que havia fundamento para uma punição'. Ele provavelmente vai se defender dessa forma, já que é um elemento de defesa, mas a gente não pode precisar o quanto isso ajudará. Tudo vai depender das provas que vierem a ser coletadas ou não com essa busca e apreensão", ressaltou.

Suspensão imediata é improvável

Por fim, o especialista em direito desportivo explicou que Bruno não corre o risco de ser suspenso a curto prazo. O jogador pediu ao Flamengo para enfrentar o Cruzeiro, nesta quarta-feira (5), em Belo Horizonte, e teve seu pedido atendido pelo clube, que decidiu não afastá-lo.
"Hoje, não existe esse risco, já que não há nenhuma prova específica. O que existe é a suspeita, que gerou a autorização para a investigação. Se no futuro houver uma denúncia formal, com provas robustas, se os procuradores entenderem que há uma situação concreta e que podem gerar risco a integridade, até poderia ser o caso. Não é comum, mas poderia, como já aconteceu em outros casos. Mas hoje não há nada que indique qualquer risco de uma suspensão do atleta no curto prazo", concluiu.