Rio - Após uma semana complicada, quando teve que depor sobre um possível envolvimento com torcedores organizados presos por repassar ingressos para cambistas, o presidente do Fluminense, Pedro Abad, admitiu ter receio de alguma punição por conta do ocorrido.
Em uma carta divulgada neste sábado para funcionários e colaboradores, que foi disponbilizada pelo site "NetFlu", o mandatário afirma que ter cedido ingressos para as torcidas organizadas acabou ajudando a equipe carioca dentro das quatro linhas. No entanto, Abad assume a responsabilidade pela atitude.
O caso veio à tona com a Operação Limpidus. Desde setembro, no Campeonato Brasileiro, foram 200 bilhetes por partida. Com isso, o clube abriu mão de R$ 32 mil, e o dirigente sofreu críticas de dois grupos de torcidas, a Bravo 52 e a Garra Tricolor.
Veja a íntegra da nota de Pedro Abad:
Demorei um pouco para vir aqui porque ontem o dia foi pesado. Precisava descansar um pouco e agora faço alguns esclarecimentos ao grupo.
Os motivos pelos quais fiz a ação de destinar os ingressos para as TO já foram explicados no video que colocamos no ar.
Existem ações que são polêmicas e que, se explicitadas, tornam-se inexequíveis, pela repercussão. O que foi feito é uma delas. Eu detenho o poder de decidir e, muitas vezes, isso é exercido de forma solitária, recaindo sobre mim o ônus e o bônus da escolha. O bônus foi ter melhorado nossa arquibancada e termos feito 7 pontos em 3 jogos. O ônus, muito maior, foi ter vivido o dia de ontem e ver pessoas se afastando. Não ter trazido para ninguém essa decisão visava poder de fato tomá-la e operacionalizá-la, bem como não expor os demais ao ônus dela.
Pra mim, como tem sido a tônica desse ano, sobram as ofensas, a exposição midiática e, dessa vez, possíveis consequências penais. Faz parte. Um dia, a gente chega num lugar bom e o sacrifício valerá a pena.
Espero que entendam minha posição: foi na tentativa de preservá-los e poder, efetivamente, fazer o que achei melhor para o nosso clube. Como sempre fui sincero, digo que se, precisar fazer algo que julgue melhor para o clube sem avisar, vou fazer. Óbvio que me aconselho com pessoas de confiança, mas a decisão é minha.
Ao Filipe Dias [funcionário do marketing], obrigado por ter sido leal. Fiz questão de assumir perante as autoridades a responsabilidade e colocá-lo, junto do Artur [assessor de imprensa], como executores de uma ordem minha.
Abraços a todos."