Rafael Moura ao lado de Gum em jogo pelo FluminenseFoto: Rafael Moraes/Fluminense FC
Ex-jogador do Fluminense revela ter sofrido depressão após morte de sua mãe
Aos 38 anos, Rafael Moura está sem clube e perto de encerrar a carreira
Com duas passagens pelo Fluminense, Rafael Moura, de 38 anos, revelou ter passado por uma depressão após o falecimento de sua mãe, Julia Moura, em decorrência de um câncer, aos 54 anos, em 2020. Por meio de entrevista ao "ESPN", o ex-atacante do Tricolor, que hoje se aventura nas areias disputando beach tennis, contou como foi passar por esse momento complicado.
"Depressão, você falar sobre isso sempre pareceu frescura. Nos últimos anos, com os estudos, estou vendo uma maior paciência e entendimento das pessoas. Não é simples o diagnóstico, não é simples você aceitar que está passando por isso. É uma doença como uma no coração, uma lesão muscular. Mas é no cérebro, ali te comanda, tira sua confiança, vontade de viver, alegria, autoestima. No meio do futebol eu tenho que agradecer a Goiás e Botafogo, clubes que passei pós-falecimento da minha mãe. Mas, só aquilo não me bastava. Passei 19 anos no meio do futebol. Cobrança, tem que matar um leão por dia. Um dia você é ídolo, no outro não é nada. Se você erra um gol, é o pior possível. As redes sociais têm sido massacrantes com os atletas. No meio do futebol, quando tem isso, seria difícil de eu ter uma retomada, mesmo sendo o futebol minha grande paixão. O beach tennis é mais leve. Odeio perder, sou mega competitivo. Xingo meu parceiro, o adversário, claro, com o fair play do esporte. As amizades, as brincadeiras, poder levar minhas filhas, minha esposa, minha mãe chegou a jogar o beach tennis. Conciliar essa galera toda, sem a pressão de ser ídolo, sem a pressão de ser o número um, artilheiro, de fazer três gols por partida, sem a cobrança de perder um jogo. Vou olhar minhas redes sociais sem ter ninguém acabando comigo", disse antes de completar:
"O beach tennis veio para ajudar e tem ajudado muita gente. Eu tenho visto muitos atletas que trocam suas rotinas que também são massacrantes, pesadas de 15, 20 anos. Estou vendo gente da natação, vôlei, basquete. Todos migrando para o beach tennis. Ou você joga amador, profissional, e compete com pessoas do seu nível. Veio no meio de uma pandemia, onde muita gente estava com problemas mentais, com medos, que perderam pessoas importantes, com aquele luto interno. Por ser um esporte ao ar livre, de brincadeira, com música, na praia. Mesmo que não seja na praia, é na areia. É gostoso, é um ambiente familiar, com amigos. Chega de manhã e fica até de tarde. Não tem necessidade de eu ir sozinho e minha esposa encher o saco (risos) que eu fui jogar uma ‘pelada’ ou algo que pratique sozinho. Então, o beach tennis veio para dar essa saúde, que é um esporte que todos praticam, e a saúde mental também."
O He-Man, apelido pelo qual Rafael Moura era conhecido, passou pelo Fluminense duas vezes. Ele atuou em 85 partidas, marcou 28 gols e levantou as taças da Copa do Brasil, em 2007, e do Carioca, em 2012. Além disso, fez parte do começo da campanha do clube em 2012, que terminou com o Tricolor campeão do Brasileirão, mas o atleta foi para o Internacional no meio da competição.
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