Não há história de amor que resista a pressão, turbulência e tantos momentos ruins. A do técnico Abel Braga com o Fluminense se encerrou nesta quinta-feira, quando ele comunicou ao elenco que não estaria mais no comando do time. No CT Carlos Castilho, a recepção da notícia foi com lágrimas e muitos abraços do grupo que se uniu para blindar o treinador no estágio mais instável da quarta passagem pelo Tricolor.
A decisão foi tomada ainda na última quarta-feira, quando Abel avisou à diretoria que não estava mais feliz. O principal motivo da saída é evitar atritos com os dirigentes, especialmente o presidente Mário Bittencourt, e a torcida. Os tricolores vinham pressionando nas últimas semanas por conta das atuações ruins da equipe. O treinador, portanto, decidiu que vai curtir a família nesse momento.
Os familiares, inclusive, eram contrários à saída do Flu, assim como diretoria e jogadores. Abel Braga tomou uma decisão pessoal e sinalizou que talvez não assuma mais clubes no Brasil neste momento. O veterano já mostrava sinais de desgaste nos últimos dias tanto internamente quanto nas partidas e nas coletivas de imprensa.
DECISÃO SURPREENDENTE
Apesar de alguns questionamentos internos, a decisão veio em tom de surpresa. Pessoas próximas ainda não sabiam que ele tomaria essa medida agora. Internamente ainda se valorizava a capacidade de Abel de gerir o elenco e ajudar a blindar os jogadores, além, claro, da importância do título carioca, que incluiu a sequência de 12 vitórias. Publicamente, líderes do elenco já haviam demonstrado apoio para que o treinador não carregasse sozinho o peso das atuações ruins.
Vale lembrar que Abel Braga foi quem pediu para deixar o Fluminense em 2018, na última passagem pelo clube. Naquele momento, porém, pesou a saída de alguns nomes importantes no futebol, promessas não cumpridas, além do ambiente pesado com salários atrasados e da instabilidade política que Pedro Abad, presidente da época, passava.
Apesar de ter tomado a decisão, Abel afirmou na última terça-feira, após o empate com o Uninón Santa Fe (ARG), que não pediria para sair. Esse foi só mais um jogo em que o treinador acabou vaiado pela torcida.
"Isso (sobre deixar o cargo) tem que perguntar para o presidente. Estou em um clube que eu amo, adoro. Se eu não me sentir feliz... não estou mais querendo me conhecer, não preciso disso. Já conheço muito a vida. O que eu quero mais nesse momento é ser feliz", disse.
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