Fernando Diniz se emocionou em alguns momentos durante coletiva após saída do Fluminense Reprodução de vídeo

Fernando Diniz se emocionou ao falar sobre a saída do Fluminense, logo na primeira resposta da coletiva realizada nesta quarta-feira (26). Com os olhos marejados, o treinador não escondeu a decepção pelo fim do ciclo, mas também exaltou o trabalho realizado.
"Eu estou muito mexido ainda com a saída do Fluminense, pelo que a gente viveu. É uma entrevista principalmente para eu me despedir da torcida. Já me despedi dos jogadores, funcionários do CT e diretoria. Estão sendo dias bem difíceis pra mim, para digerir, certamente vai passar", afirmou.
Procurado por Athletico-PR e Vasco, Diniz quer um tempo para digerir a saída e tudo o que viveu no Fluminense desde meados de 2022. Mas não descartou voltar a trabalhar em outro clube ainda nesta temporada.
"Não pretendo trabalhar imediatamente, mas não sei. Quero descansar alguns dias. Sentimento imenso de gratidão pelo Fluminense e de tristeza por terminar assim. É muita lembrança, muita emoção vivida... (se emocionada novamente) e vai ficar marcado", admitiu.

Arias, uma vitória de Diniz

Diniz ainda apontou um exemplo do que pode considerar ponto alto em sua passagem pelo Fluminense. Mais até do que o título da Libertadores, porque envolve o trabalho que busca fazer no lado humano, para recuperar e mostrar o potencial dos jogadores, não apenas no campo, como na vida.
"O futebol como meio de transformação. Posso falar do Arias. Era um menino com potencial imenso e cheio de dúvida sobre o próprio talento e sobre quem ele era. Em 2022, tive muitos embates com ele. Não aparece na televisão, tem muitas conversas de carinho para ajudar. E ele falou depois da oração (no fim do ano): 'tenho que agradecer a esse cara, olho no espelho e tenho orgulho de quem eu vejo". Esses títulos que vocês não veem ou reconhecem é minha maior função.
Sem esconder o carinho pelo Tricolor, o técnico lembrou a importância da conquista da Libertadores para o que chamou de 'casamento'.
"O Fluminense foi um grande presente na minha vida. Essa minha volta em 2022, a gente conseguiu juntos uma coisa muito importante para o clube, torcida e para mim. Foi um casamento. Se não foi perfeito, foi quase. Sempre tive conexão grande com o clube e torcida. Isso ninguém tira. Mesmo que tenha um movimento de baixa. Fica eternizado", avaliou Diniz, complementando:
"A gente conseguiu chegar onde o Fluminense merecia. De maneira especial, o título da Libertadores, a maneira como foi conquistado, um time que precisava disso, com um orçamento limitado para brigar por um título. Foi um feito histórico. A Glória Eterna, como tem a alcunha, mas a maneira como foi construído fica mais eternizado. Foi muito bonito".

Outras respostas de Diniz

A quem agradecer nesta segunda passagem
"Tanta gente para agradecer. Esse momento no Fluminense eu fiz um trabalho das coisas que mais acredito. Foi um trabalho de inúmeras mãos. Foi uma conquista da comunidade do Fluminense. Diretoria, funcionários, todos eles. Existia uma conexão poderosa para que coisas lindas pudessem se tornar realidade. Todos participaram ativamente, com uma fatia grande de participação".

Consequência desse trabalho no Fluminense
"Os resultados determinam muitas análises. Pessoalmente, não vou mudar. Todo mundo quer resultado grande, para mim, me interessa o caminho e construção para ele. Os títulos iam chegar, mas não muda minha análise. Você consolida com títulos que marcam. Principalmente a Libertadores e não só. Recopa, a goleada sobre o Flamengo no domingo de Páscoa. Quem estava lá nunca vai esquecer.
Foi o primeiro (título) num grande clube. Marca muito e ratifica o que acredito. Vitórias e derrotas não determinam as pessoas. Quem vence para mim são as pessoas que trabalham muito, sonham, vão atrás, ajudam o outro. Foi um momento de consolidação do que acredito".

Saída da seleção brasileira
"Fiquei triste, não esperava. Era um trabalho difícil de renovação. Fui julgado por seis jogos. Mas tinha muita confiança. Teve momentos de resultados ruins, mas sabia que ia trazer frutos bons, é uma convicção e era compartilhada internamente. A chance de dar certo era inexorável. Se um dia tiver que voltar, vai ser natural. Não foi obsessão, nunca tive plano de carreira. Se um dia for para estar lá, vai acontecer.
Elenco não é moldado a Diniz
"Vocês têm falado constantemente que o Fluminense montou elenco com a cara do Diniz. Onde que tem isso? O elenco de 2022 eu não montei e a gente melhorou. Quem chegou em 2023 foi o Keno. Em 23, eu falei o Arias, o Nino e o André não dá para substituir. Eu também tinha proposta para sair, mas nós ficamos. A gente perdeu o Nino, vai chegar o Thiago no meio do ano. Eu pedi um jogador, o Luiz Henrique. O Mario fez de tudo nas condições que tem. Ele não montou um time para mim".