Abner Teixeira tornou-se o sexto brasileiro a conquistar uma medalha olímpica no boxeAFP

Tóquio - Nem tudo que reluz é ouro, prata ou até mesmo bronze olímpico, cor da medalha conquistada pelo boxeador Abner Teixeira. Técnico do peso-pesado (até 91kg), Vladimir Godoi exaltou a conquista nas Olimpíadas de Tóquio, mas lembrou que manteve os pés no chão. Afinal a realidade do esporte no Brasil não envolve cifras milionárias ou estabilidade financeira. O caso de Esquisva Falcão foi citado como exemplo.
Medalhista de prata em nos Jogos de Londres-2012, na categoria peso médio (até 76kg), o capixaba, de 31 anos, foi um dos muitos atletas impactados pela pandemia do novo coronavírus. As medidas restritivas para conter o avanço da doença adiou o calendário de lutas e o pugilista precisou trabalhar como entregador de pizza durante o período para complementar a renda. Bronze na mesma Olimpíada, Adriana Araújo (peso médio, até 60kg), primeira mulher a conquistar uma medalha de bronze para o Brasil, trabalha como motorista de aplicativo.
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"Essa medalha do Abner é bacana, ela muda a vida do atleta. Para qualquer atleta olímpico, pois ele não terá um salário maior do clube porque não existe essa carreira no Brasil. Precisamos tomar bastante cuidado, porque o Esquiva Falcão ganhou prata na Olimpíada e estava tendo que trabalhar entregando pizza. A primeira medalhista olímpica, a Adriana Araújo, trabalhava com aplicativo de transporte. Não me iludo com essas coisas, respeito e agradeço a atenção dada, mas depois da festa tem uma vida a ser seguida. Espero que o Abner possa ter calma e escolher o melhor caminho", disse ao 'ge' Vladimir Godoi, em tom de desabafo.

Criador do projeto social "Boxe - Mãos para o Futuro", que revelou Abner Teixeira em Sorocaba, Godoi, sem sem apoiadores ou patrocinadores, ainda lamenta a interrupção da iniciativa, paralisada desde 2019. No auge, o projeto, criado em 2004, chegou a atender mais de 700.