Abel chegou ao Vasco ciente da dificuldade financeira do clube - Gilvan de Souza / Agencia O Dia
Abel chegou ao Vasco ciente da dificuldade financeira do clubeGilvan de Souza / Agencia O Dia
Por MARCELO BERTOLDO
Rio - De olho no futuro de glórias do Vasco, Abel Braga abraçou o projeto. Ciente de que poderá não receber em dia, abriu mão do milionário salário recebido nos últimos clubes que comandou e declinou da possibilidade de comandar a seleção dos Emirados Árabes. Ao vislumbrar o Vasco que almeja a gestão do presidente Alexandre Campello, Abelão foi além, e, aos 67 anos, sonha com a possível aposentadoria no remodelado Estádio de São Januário.
"Eu sei bem o que é essa camisa. Eu era reserva onde eu jogava (Fluminense) quando cheguei no clube e, com seis meses, estava na Seleção. Depois de dois anos, fui para o Paris Saint-Germain. A cultura que de falar francês, uma honra, foi o Vasco que me proporcionou. Quero ver chegar logo aos 200 mil sócios. Sei a filosofia do clube e o que o torcedor do Vasco gosta de ver: boa exibição, jogada bonita, ousadia, mas, acima de tudo, ele quer ver coragem. O que caracteriza o Vasco é o cara, para evitar um gol, cabecear até a trave", disse Abelão.
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O resultado do presente promete pautar os rumos da transição para o Vasco dos sonhos. Com trabalhos contestados à frente de Flamengo e Cruzeiro, em 2019, Abel Braga aposta no currículo vencedor e na forte identificação com o clube para mostrar que ainda tem lenha para queimar e capacidade de impulsionar a afirmação de uma talentosa safra da base, encabeçada pelo atacante Talles Magno, de 17 anos.
"Ele tem uma coisa que eu gosto. Quando coloco um garoto, sempre o deixo solto. Gosto do jogador moleque com a bola. Adoro isso. A única responsabilidade é sem a bola. Pelo que vi, esses jogadores não deixam nada para depois. Vão no limite, como gosta o torcedor", disse o treinador. 
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A atual realidade do Vasco, porém, não deixa Abel Braga se enganar. Perto de completar três meses de atraso para os jogadores e quatro para comissão técnica e demais funcionários, o clube negocia com a Fazenda Nacional a liberação do prêmio do Brasileiro, no valor de R$ 14,6 milhão, penhorado pela União, para equilibrar as finanças. Com orçamento limitado, as contratações serão pontuais e a base terá espaço.
"Nós tínhamos uma posição de dois, três nomes interessantes. Um nome é bom jogador, mas passou em 12 clubes pequenos. Não teve a sorte ou o privilégio de pegar uma camisa dessa aqui. Nós fomos por outro, que está dentro do que o clube prefere, vamos ver se conseguimos, mas vem de camisa pesada", disse Abelão.
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Confira outras respostas da coletiva do novo técnico do Vasco:
Legado de Luxa:
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"Foi trabalho incrível do Luxa. Claro que cada um treinador tem a sua filosia, marcação mais alta ou baixa... Mas fiquei empolgado com o convite. Tenho característica de trabalhar com garotos. Os lançados este ano e responderam bem. Às vezes, o menino formado em casa sente menos o peso da camisa do que outro jogador que chega com destaque de outro clube"

Contratações

"Sem fugir da meta do presidente, do clube... O que eu posso tentar é fazer o melhor possível para que essa torcida continue apoiando e chegue a 200 mil sócios para a coisa ficar bonita. Eu estou pedindo Richard de volta. Me deu uma resposta muito boa no Fluminense. Vasco mudou depois que ele entrou na equipe. Vanderlei me ligou na época. Isso é tentar fazer um Vasco mais forte. Conversei duas horas com Vanderlei. Um amigo, vencedor"


Trabalhos em 2019

"Não gostaria de falar do que ficou para trás. Poderia falar que tenho 17 títulos. Fui campeão mundial e não é por ai. O trabalho no rival está sendo bem feito, mas está sendo terminado. Eu comecei. Com a Florida Cup, com o estadual, com a classificação na Copa do Brasil 75% garantida com a vitória em São Paulo. E classificado em primeiro no grupo da Libertadores, o que não acontecia há 11 anos, então não é bem por aí. No Cruzeiro, eu fui o terceiro técnico, o que não faço, de pegar no meio da temporada. Mas peguei porque recebi ligações de atletas, e aquilo mexeu comigo. Fui tentar ajudar e não consegui. Como não conseguiu o Mano, Ceni, Adilson, a direção... Todo mundo tem a responsabilidade"

Reestruturação do Vasco

Sabe quando você pisa e respira coisa legal? Perdi um jogo aqui dentro para o Londrina, talvez como jogador tenha sido a derrota que mais me marcou. Não conseguia andar após o jogo de tanto que corremos. Nunca vi um estádio tão cheio e vi isso agora. voltei a ver isso agora. Isso é importante. Se existir convicção do que é feito, não etmos dúvida de que o Vasco voltará a ser, mas tem um caminho. O caminho que está se percorrendo agora. O vasco chega em tudo que é decisão na base. Esse trabalho é bem feito. Esse é o caminho e torcedor está entendendo e abraçando. Comigo não tem sacanagem ou mentira. O que peço é que continue abraçando, pois vamos tentar fazer melhor"

Planejamento 2020

"Quero fazer melhor do que foi feito. Não adianta tentar esticar e querer sair do rumo. Tem jogadores que não poderão ficar. Foge do que está planejado. Isso é que traz credibilidade. Acho que vamos estar mais forte. Gosto muito do Vasco do meio para frente"

Jorge Jesus e Jorge Sampaoli

Trouxeram metodologias diferentes e foram bem. Acho isso muito bom e não sou contra. Mas a maneira que se trata o estrangeiro também poderia tratar os brasileiros. O Osorio, quando esteve no São Paulo, se exaltava até as cores das canetas que ele usava para mandar mensagens aos jogadores. Peraí, vou começar a mostrar a cor da minha cueca para ver se os caras falam alguma coisa.



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