Rio - O camisa 10 Nenê vive um inferno astral em São Januário. Ao não aceitar a reserva e forçar a barra para sair, alegando ter recebido uma proposta — até agora, o possível interessado não foi divulgado —, o maior astro da companhia deixa escoar ralo abaixo toda idolatria cultivada pela torcida, em quase dois anos no clube. Para piorar sua situação, a garotada tem dado conta do recado nas últimas rodadas do Brasileiro, mostrando que ele não é mais insubstituível.
"No contrato de Nenê não está obrigando que ele jogará ou será titular. Eu não faço esse contrato no Vasco", disparou, incomodado, o presidente Eurico Miranda.
Se fora de campo os torcedores já colocaram em dúvida a paixão do jogador pela Cruz de Malta, dentro do clube sua atitude é vista com maus olhos pelos companheiros e a comissão técnica. A começar pelo técnico Milton Mendes, que desde que chegou deixou claro que não bastava ser medalhão para jogar.
O zagueiro Rodrigo, que se transferiu para a Ponte Preta, foi o primeiro a sentir os novos ares ao bater de frente com Mendes na briga por poder. E perdeu feio a queda de braço. Já Nenê se apoiou na idolatria cultivada pelos torcedores para se considerar intocável na equipe. Sempre foi o cobrador oficial de faltas, pênaltis e graças à sua inegável qualidade técnica marcou 40 gols em 111 jogos. Sua melhor temporada foi na disputa da Série B de 2016, quando foi decisivo no acesso do time. Mas desde o final da temporada passada passou a oscilar mais e a marcar menos. Queda que ficou mais clara na exigente Série A.
Ao esquentar o banco de reservas por cinco rodadas e ser deslocado para atuar pelo lado esquerdo, sentiu o peso dos seus 36 anos na função de ir e voltar. Mas ao pedir para não jogar mais, Nenê fez jus ao apelido infantil. Se entender que não será com pirraça que reconquistará o espaço perdido, ainda poderá salvar seu ciclo com a camisa do Vasco.