Rio - Depois do polêmico pleito realizado na semana passada, quando a chapa "Reconstruindo o Vasco", encabeçada pelo presidente do clube, Eurico Miranda, venceu a disputa para garantir ao dirigente mais um mandato, as eleições do time seguem longe de ser um assunto já superado. Embora Eurico tenha triunfado com 2.111 votos, contra 1.975 da chapa "Sempre Vasco", capitaneada por Julio Brant, a confirmação definitiva do vencedor será determinada pela Justiça, que foi acionada para análise de uma única urna que deu vitória massacrante para o atual mandatário vascaíno.
Brant tenta invalidar os votos contabilizados nesta urna, que foram apurados em separado, sendo que a mesma apontou 428 votos a Eurico e apenas 42 ao candidato de oposição. Antes da apuração desta urna, a contagem dos votos vinha sendo altamente equilibrada. E, se os votos da mesma forem anulados pela Justiça, Brant se tornará o vencedor do pleito com uma vantagem de votos de 1.935 a 1.638.
A suspeita sobre o resultado da eleição reside no fato de que este total de 475 votos da chamada "urna da discórdia" foram dados por torcedores que se tornaram sócios do clube de forma maciça entre novembro e dezembro de 2015, quando se encerrou o período para se tornarem aptos para participar do pleito.
Nesta terça-feira, porém, a atual gestão do clube soltou uma nota oficial com o título "A verdade das eleições do Vasco", na qual defendeu que as mesmas foram realizadas da forma "mais transparente possível".
"Muito tem se falado sobre a eleição. Consideramos inerente ao processo eleitoral que embates sejam travados e, em alguns casos, os ânimos fiquem exaltados, dentro dos parâmetros da civilidade. Mas tudo tem um limite. Não há como negar que a eleição no Vasco da Gama foi realizada da forma mais transparente possível, desde a campanha até o dia de votação, com acompanhamento das partes interessadas e da mídia em geral. Mas, no decorrer do processo eleitoral, uma manobra expôs associados, colocando alguns interesses acima da reputação de cada um", afirmou o clube.
Brant, porém, está confiante de que conseguirá impugnar os votos desta "urna da discórdia" e qualificou como "bizarra" a apuração da mesma em eleição encerrado na madrugada da quarta-feira da semana passada. "Todas as urnas foram parelhas. Só uma teve mais de 90% de votos para um candidato. Vai ser uma decisão fácil da Justiça, que vai anular aqueles votos e o Vasco seguirá vida nova. Me considero presidente do Vasco", afirmou o candidato, que chegou a comemorar ao fim da apuração como se tivesse sido eleito o novo presidente do clube.
Antes da decisão que será tomada pela Justiça, Eurico foi reeleito nas urnas para um novo triênio como presidente do Vasco E o clube nega que parte dos participantes do pleito que reelegeu o dirigente estava em situação irregular.
"Uma lista com 691 pessoas foi elaborada criteriosamente por um grupo e jogada publicamente. Pais e mães de família, filhos. Todos injustamente suspeitos de ganharem direito a voto sem estar regularmente associados ou sem pagar mensalidade. Um equívoco que se evidencia logo de início: alguns nomes dessa lista são sócios benfeitores remidos, que por serem isentos de pagamento jamais poderiam estar irregulares com mensalidades", alegou a nota oficial, que em seguida explicou o motivo para o grande número de adesões de sócios ocorrida no final do período para que os mesmos se tornassem aptos para participarem nesta eleição.
"O volume maior de associação entre novembro e dezembro de 2015, como foi dito, deveu-se à suspensão da adesão à categoria de sócio geral no final daquele ano. Em 2016, viria a ser lançado o sócio-torcedor. Daí a corrida dos associados. Também é bom ressaltar que, entre esses novos sócios, muitos são parentes e funcionários do clube. Tudo dentro da normalidade. Por causa dessa lista, esses sócios - pais, mães e filhos - foram obrigados a votar separadamente sob fiscalização diferenciada. Depois, receberam telefonemas e visitas de jornalistas. Seus nomes, CPFs e endereços foram divulgados na imprensa. Tiveram dados pessoais devassados, embora tramitasse o processo sob segredo de Justiça", continua a nota oficial.
Em seguida, a nota ainda se "solidarizou" com estes sócios que votaram na urna 7 que foi altamente decisiva para a reeleição de Eurico. "Essas pessoas foram alvo de calúnias, ofensas e até ameaças. Entre os 691 eleitores da urna 7, 216 deixaram de exercer o direito legítimo ao voto, mesmo sendo a primeira vez em que participariam de um pleito no clube. O Club de Regatas do Vasco da Gama lamenta a forma vexatória como esses sócios foram tratados e se solidariza com cada um deles. Nos foros judiciais apropriados, provará que todos eles preencheram suas fichas regularmente, tinham mensalidades em dia lançadas na contabilidade do clube e estavam aptos a votar. Como se diz no jargão do esporte que tanto nos orgulha, vamos correr na bola, sem apelos ou faltas desleais", encerrou o clube.