Presidente da Republica Jair Messias BolsonaroAFP

Por IG - Esporte
Um dos jornais mais influentes da França, o L'Équipe comparou o "boicote de Bolsonaro a Tite" com o que aconteceu durante a ditadura militar, quando Médici, um dos presidentes mais autoritários do período, afastou João Saldanha, jornalista que ocupava o cargo de técnico da Seleção Brasileira pouco antes do início da Copa do Mundo de 1970.
"Tite fica e o boicote acaba", escreveu o jornal estrangeiro ao noticiar a crise que tomou conta da CBF nos últimos dias. A publicação francesa cita, inclusive, o jornalista brasileiro André Rizek, que afirmou que o presidente afastado da entidade máxima do futebol tupiniquim, Rogério Caboclo, teria prometido a Bolsonaro a troca do técnico Tite por Renato Gaúcho.
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"Tite foi salvo pelo escândalo da CBF", disse a reportagem. Ao citar o "escândalo", a matéria faz referência à acusação de assédio sexual contra Caboclo, por parte de uma funcionária da entidade, que resultou no afastamento do dirigente.
O L'Équipe associou toda a situação com o que ocorreu há 51 anos. Na ocasião, quando o país era governado por militares, João Saldanha comandava uma das seleções mais famosas do Brasil, composta por Pelé e companhia. Porém, o presidente da época, Emílio Garrastazu Médici, afastou o treinador, considerado "comunista", às vésperas da Copa do Mundo de 1970.
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"Hoje, a história se repete, com Jair Bolsonaro no papel do general Médici e Tite no de Saldanha", divulgou o jornal francês. O texto ressalta a visão que, para Bolsonaro, Tite e sua delegação seriam contra sua posição política. "O torneio caiu de paraquedas no país que continua a enterrar seus mortos e contabiliza mais de 470 mil óbitos desde o início da pandemia da Covid-19", ressaltou.
O torneio está previsto para iniciar em 13 de junho, com o duelo entre Brasil e Venezuela. O presidente Bolsonaro foi convidado para a abertura da competição.