No alto, à esquerda, fachada do Dom Zellitu´s; embaixo, à esquerda, lugares vazios no Mineiro Grill; no alto, à direita, Nova Bréscia; embaixo, à direita, beleza do Visual de portas fechadas - Reprodução internet
No alto, à esquerda, fachada do Dom Zellitu´s; embaixo, à esquerda, lugares vazios no Mineiro Grill; no alto, à direita, Nova Bréscia; embaixo, à direita, beleza do Visual de portas fechadasReprodução internet
Por Jupy Junior
ITAGUAÍ – Além das mais de 170 pessoas dispensadas – quer seja por demissão ou por contratos suspensos – e queda brutal de rendimentos, os donos dos mais badalados e frequentados restaurantes de Itaguaí sofrem com outra temível consequência da pandemia nos seus negócios: a angustiante incerteza que ronda uma possível retomada. Ainda que 2020 tivesse começado com expectativas menores, ninguém poderia prever o enorme transtorno que o coronavírus causaria nos negócios em geral, e, especificamente, nesses famosos pontos gastronômicos que movimentavam muitos mil reais e muitos clientes famintos pelas delícias que eles costumavam oferecer.
NOVA BRÉSCIA
Churrascaria conhecidíssima e com muitas qualidades, a Nova Bréscia fica em um local estratégico: perto da rodoviária e no centro, mas longe da confusão infernal do trânsito, em uma esquina. O único ponto negativo é certa dificuldade de estacionamento, porque os pequenos pasteis com massa própria e recheio de carne com queijo são de comer rezando. O churrasco é impecável e bufê bastante variado.
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Outra fama boa do lugar: fecha bem tarde da noite, por isso, funciona como local de salvação quando bate aquela fome em horário talvez impróprio. O sucesso foi tanto que Eduardo Gomes, sócio-proprietário, abriu uma filial no shopping. Mas de 24 de março para cá, com o decreto que mandou fechar tudo, foi a desgraça: “Tivemos uma queda de 80% no movimento, demitimos 23 pessoas e suspendemos o contrato de nove”, conta Eduardo.
A Nova Bréscia mantém fechada a loja do shopping e a da Curvelo Cavalcanti funciona só para servir o cliente que leva a comida para casa. A esperança de Dudu – como Gomes é mais conhecido – é que o decreto autorize a reabertura do restaurante.
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VISUAL E MINEIRO GRILL
Esta também é a esperança de Jefferson Moreira, do belíssimo e saboroso Restaurante Visual, na Ilha da Madeira. Ponto turístico e gastronômico praticamente obrigatório, famoso pelo “Chiclete de Camarão”, o Visual fechou suas portas provisoriamente em 22 de março, e aguarda a liberação da prefeitura para voltar a servir seus elogiados pratos. Moreira lembra que o drama atinge também os fornecedores, e que toda a cadeia de produção amarga prejuízos por causa do vírus.
O empresário teve que dispensar cerca de 40 profissionais e manter os que sobraram sob ajuda do governo federal.
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Jefferson também mantém no quilômetro 16,5 na Rio-Santos o Mineiro Grill, com 320 lugares agora ociosos. O restaurante, que costuma oferecer churrasco, comida mineira, japonesa e frutos do mar, agora também amarga quase três meses de inatividade. Mas Jefferson está esperançoso de que o decreto 4436, que mantém a quarentena até 17 de junho, vai cair.
DOM ZELLITU’S
Mas para Joselito Macedo, o Zellitus, cujo apelido dá nome ao complexo gastronômico na Rio-Santos, o fim do decreto é apenas o começo de uma história cujo desenrolar não se conhece. O Dom Zellitu’s, parada quase certa de quem viaja em direção à Mangaratiba e Angra e ainda não almoçou, oferece lanchonete, parquinho com animais para as crianças brincarem e loja de conveniência com petiscos e guloseimas. No restaurante principal, são 1,4 mil lugares. Quando a quarentena foi decretada, faltavam apenas 10 dias para Zellitus inaugurar um anexo com comida japonesa e disponibilidade de 160 lugares.
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“Dos 190 funcionários, tive que mandar embora 100. De nada vai adiantar abrir tudo se não tiver cliente. Quem vai ao restaurante com o vírus por aí, com a recessão e desemprego? O problema não é só autorizar a abrir, o problema é ver como vai ser”, desabafou o proprietário. Zellitus conta que tentou obter empréstimo no banco, mas que a burocracia com exigências absurdas impediu a operação. Ele também afirmou que tomará decisões depois de estudar o movimento no local depois que o decreto perder o efeito.
Se a crise não causar perda de apetite pelos restaurantes, as delícias que eles oferecem podem ou não deixar de ser apenas uma lembrança. E que venha a sobremesa.