No dia 7, Poliana começou a sentir falta de ar e fortes dores na cabeça. “Quando comecei a me sentir mal, me colocaram no politrauma, onde só havia gente entubada, para um clínico me avaliar. Mas nenhum médico chegou a encostar a mão em mim. Veio uma enfermeira colocou um aparelho no meu peito e disse que estava tudo bem”, relatou a gestante, que enfrentou uma verdadeira via crucis até o nascimento de Arthur, seu oitavo filho.
“Fiquei cinco dias chorando com contrações e dores de cabeça. Só me davam medicamento para dor e diziam que ia melhorar. Cada dia me informavam que estava com uma dilatação diferente. Eu sentia que ia desmaiar. Na madrugada do dia 12 vieram colocar remédio para dor e eu disse que não iria tomar mais, chamei a assistente social, que disse que não poderia fazer nada”, contou.
Temendo pela vida da mãe e do bebê, a irmã de Poliana pediu ajuda nas redes sociais, e só então, a gestante foi medicada para a indução do parto normal. “Fui tratada como um animal. As médicas e enfermeiras me olhavam de cara feia, como se eu se eu quisesse estar ali, quando eu preferia estar na minha casa. Quando o bebê morre dentro da gente, eles chamam psicólogo, mas eles não trazem o nosso filho de volta”, disse a mãe.
O bebê, Arthur, nasceu na sala de pré-parto, às 4h30. “Uma tristeza esse descaso, mas graças a Deus depois de muito sofrimento e remédio na veia ele nasceu com quase 4kg. Em Macaé é preciso gritar para ter atenção do poder público", relatou a tia da criança.
Após o susto, mãe e filho passam bem e deverão ter alta médica, nesta quarta-feira (14). O relato de Poliana abriu um espaço para que mães, que tiveram ou perderam filhos na maternidade do HPM, relatassem seus casos.
“Passei por momento muito ruim nesse hospital, todos da equipe de plantão mataram minha filha e eu quase morro junto, pois cheguei em trabalho de parto, mas não podia ganhar normal e me deixaram sofrendo. Quando resolveram fazer um ultrassom, já não estavam ouvindo o coração da minha bebê, então pedi para fazer logo meu parto e a médica falou que não podia fazer mais nada”, contou uma mãe, que não quis se identificar.
Há seis anos, a realidade na maternidade do HPM era a mesma, segunda outra mãe, identificada como Luana Leal “Alguém precisa mudar essa maternidade. São anos com vários relatos negativos. Eu sei que tudo depende do plantão. Lógico que tem plantões bons, mas tem outros que são bem difíceis. Só eu sei o que passei há quase 6 anos. Quase morri, escutei de um tudo na sala de parto. Até que se meu filho morresse a culpa seria minha por não estar fazendo força o suficiente. A administração precisa rever alguns médicos e enfermeiras”, enfatizou Luana.