Atendimento para prevenção ao suicídio em Magé aumenta 60% na pandemia
Dados foram anunciados em palestra sobre o tema nesta quinta-feira (23).
Cerca de 60 pessoas assistiram à palestra da Coordenadoria de Saúde Mental de Magé na UBS Nova Marília para falar do Setembro Amarelo e do aumento do número de atendimentos de prevenção ao suicídio na cidade. - Divulgação/Eduardo Campos.
Cerca de 60 pessoas assistiram à palestra da Coordenadoria de Saúde Mental de Magé na UBS Nova Marília para falar do Setembro Amarelo e do aumento do número de atendimentos de prevenção ao suicídio na cidade.Divulgação/Eduardo Campos.
Magé - Cerca de 60 pessoas estiveram nesta quinta-feira (23/09), na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Nova Marília, assistindo a uma palestra do Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio. A plateia ouviu a coordenadora-técnica do Caps AD – Álcool e outras Drogas, a psicóloga Rafaela Botelho. Ela detalhou os sinais que costumam indicar a familiares e amigos que a pessoa está passando por problemas de saúde mental.
A psicóloga Rafaela fez questão de diferenciar a empatia e a simpatia para reforçar o cuidado com o outro: “A simpatia é ouvir alguém reclamar da vida e responder que é assim mesmo, que vai ficar tudo bem. Não houve conexão. Empatia é sentar do lado do outro e perguntar o que você pode fazer para ajudar”. Ela listou alguns sinais de adoecimento mental, como ansiedade, pânico, depressão e estresse pós-traumático, e alertou: “Fique atento quando alguém disser que está cansado da vida, que vai sumir, que não quer mais viver”.
A coordenadora de Saúde Mental de Magé, Michelle Medeiros, apresentou dados sobre o suicídio na cidade. “A pandemia agravou a situação e as pessoas estão sofrendo mais. Em Magé, essa realidade fez a procura por atendimento aumentar 60%”, informou. Ela frisou que, desses registros, 90% eram preveníveis. “Essa campanha deve envolver toda a sociedade. É preciso estar atento, pronto para ouvir e ajudar”, completou. Michelle Medeiros também lembrou que a Prefeitura está usando toda a rede de acolhimento para diminuir o impacto do aumento da procura. “Estamos indo nas escolas, no Centro Pop, nas unidades 24h, nas USFs, para levar informação às pessoas. Foi como eu disse hoje: a informação salva vidas”, afirmou.
“O suicídio é um tema tratado como tabu, mas que precisa ser falado, discutido. Ele é, hoje, a terceira causa de mortes de jovens em todo o Brasil”, salientou o secretário de Comunicação e Eventos, Bruno Lourenço, na abertura da palestra.
Caso real
Assim que terminou o evento, uma das ouvintes foi procurar a coordenadora Saúde Mental de Magé, Michelle Medeiros, para contar que estava passando por tudo que foi dito na palestra. Ela confidenciou que uma das filhas começou a tomar atitudes estranhas, a usar drogas, a cortar o próprio braço e a dizer que queria sumir. “Minha família já passou por essa situação antes, quando um tio se matou por não aceitar o filho homossexual. É uma dor que nos acompanha há tempos. Agora, estou vivendo tudo de novo com a minha filha. Preciso de ajuda”, pediu a mulher, que não será identificada na reportagem. Michelle assegurou que a moradora e a família dela serão atendidas pela rede de acolhimento voltada ao cuidado da saúde mental em Magé.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.