A equipe retornou à aldeia para completar a aplicação da primeira dose da vacina nos indivíduos que não estavam presentes nas duas ações anteriores e ministrar a segunda dose em alguns índios igualmente não contemplados na visita anterior. A médica da secretaria responsável pelo acompanhamento da aldeia, Carolina Duarte, explicou que foram vacinados todos os indígenas de 18 anos ou mais, excluídas as grávidas e lactantes que amamentam há um ano ou menos.
A cacique Jurema Nunez de Oliveira, de 39 anos, uma das primeiras a ter recebido a dose inicial, disse se sentir melhor após receber a segunda dose. Agradeceu pela imunização e comemorou também a retomada das atividades escolares na aldeia, que possui uma escola bilíngue instalada pela Prefeitura.
“Ver as pessoas seguras e as crianças voltando para a sala de aula é muito importante. Esse período foi uma luta para a gente, mas o nosso sonho e o das crianças era voltar à escola e isso agora é possível”, comentou. Ainda segundo a cacique, a professora da aldeia também já teria as duas doses.
Segundo a médica Carolina Duarte, inicialmente tinham sido contemplados os indígenas que não pertencem ao grupo das crianças, gestantes e lactantes. “No primeiro momento, quando não tínhamos a certeza de qual grupo lactante seria vacinado, preferimos não vacinar nenhuma delas. Em seguida, recebemos a informação de que lactantes até um ano não seriam vacinadas, logo vacinamos as demais. Por esse motivo estamos novamente na aldeia para aplicar a segunda dose hoje em algumas pessoas que já haviam tomado a primeira dose e a primeira dose da vacina de quem não havia tomado”, afirmou.
Suzana Pirauí, de 22 anos, agradeceu o suporte que toda aldeia tem recebido durante a pandemia. “A Prefeitura sempre deu uma estrutura muito boa para nossa tribo. Gostamos muito de ser vacinados, porque queremos ajudar a combater esse vírus e não perder entes queridos. Após tomar a vacina, nós sentimos uma liberdade muito grande, podemos ter esperança de voltar com o turismo e trazer mais recursos para a aldeia”, disse, aliviada.
A cacique Jurema falou ainda sobre as medidas de segurança adotadas na aldeia: “Fechamos o portão e hoje só recebemos as pessoas com todos os cuidados, usando máscara e álcool em gel. Mesmo assim 14 pessoas foram contaminadas, a maioria crianças, porém ninguém precisou ser internado”, completou ela.
A imunização dos indígenas foi acompanhada por três equipes da imprensa internacional (Associated Press, Der Spiegel e RTP), o que mostra o interesse da imprensa estrangeira pelo processo de vacinação em Maricá, onde - ao contrário do que tem acontecido em outras cidades - não houve qualquer interrupção.