De acordo com a psicóloga Jaqueline Alcântara, a paciente teve muitas crises de ansiedade e, por isso, estava recebendo suporte da equipe várias vezes ao dia.Foto: Vinícius Manhães

Por O Dia
Maricá - “Mãe, na sua graça, é eternidade”, disse o escritor Carlos Drummond de Andrade, em “Lição de coisas”. A alta de uma mãe de gêmeos, que contraiu Covid dias depois de dar à luz, é um motivo a mais para se comemorar. Foi o que aconteceu, nesta semana, com Stefane de Oliveira Carvalho Damasceno, de 26 anos. A puérpera foi atendida na UPA de Inoã, no Hospital Municipal Conde Modesto Leal e, por fim, no Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara, onde ficou por exato um mês, até ir para casa no dia 21/06.
Além da alta e de poder finalmente estar com os recém-nascidos, Stefane ganhou um presente a mais: equipes da saúde realizaram uma campanha para arrecadação de leite e fraldas para a família. Um alívio que ela não cansa de comemorar. "Foi muito difícil ter ficado esse tempo todo no hospital, sentia muita falta dos meus filhos, pensei que não fosse voltar mas graças a Deus estou aqui. Estou feliz, estar em casa é maravilhoso, estar perto deles é maravilhoso", disse Stefane, olhando para os gêmeos Enzo e Miguel, que dormiam tranquilamente ao seu lado. "É uma nova vida, com duas novas vidas. Só quero agora continuar", acrescentou, agradecendo às equipes de Saúde que a atenderam. "Foram maravilhosos comigo, sou muito grata mesmo", completou, emocionada. "Só tenho a agradecer".
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Stefane chegou ao Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara com 14 dias pós-parto, com complicações respiratórias. Nas primeiras 24 hroas que chegou precisou ser intubada. Foram duas semanas de intubação, até que a situação foi revertida, foi desintubada e encaminhada para a unidade Semi-Intensiva, porque não apresentou nenhuma outra complicação sistêmica.
“Em um caso como esse, a situação é bem mais difícil porque estamos lidando com um organismo ‘debilitado’. A gestante cede muito dos nutrientes dela para a formação do feto – no caso de Stefane, dos fetos – e depois também no período de amamentação. Isso quer dizer que ela chegou aqui como convalescente, como se fosse alguém que acaba de passar por uma doença, embora seja jovem. O fato requer mais atenção e compreensão de que teria um tempo diferente de recuperação, até para troca de medicação”, explicou o médico de rotina do Centro de Terapia Intensiva do hospital, Rogério Araújo, que a acompanhou de perto.
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De acordo com a psicóloga Jaqueline Alcântara, a paciente teve muitas crises de ansiedade e, por isso, estava recebendo suporte da equipe várias vezes ao dia.
“A questão dos filhos, a distância, não poder amamentá-los, estava trazendo muita angústia. A noite era mais difícil. Tivemos que fazer várias intervenções, aplicar técnicas de relaxamento, para ela se sentir melhor, se acalmar”, conta a responsável técnica pela equipe de psicologia do Che Guevara.
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Enzo e Miguel nasceram dia 7 de maio, no Hospital Municipal Conde Modesto Leal. A diarista também é mãe de Helena, de 4 anos. Quem cuidou dos pequenos enquanto Stefane esteve internada foi sua mãe, Cristina Aparecida de Oliveira, de 50 anos. Acompanhando a paciente de perto e toda sua história, profissionais da saúde do Che e do Conde fizeram uma campanha para arrecadação de leite em pó e fraldas para a família. Cerca de 200 latas foram doadas. “Esse tipo de ação nos dá muito orgulho. São profissionais humanizados e solidários, como todos devem ser, olhando além da casca, além do necessário, e preocupados com o bem-estar amplo do paciente”, relata a secretária de Saúde de Maricá, Simone Costa.
“Isso nos trouxe muita tranquilidade. Os bebês mamam bastante e já estavam sentindo falta da mãe desde o primeiro dia distante dela. Só temos que agradecer a todos, dos médicos e enfermeiras às assistentes sociais, as psicólogas, os profissionais da limpeza, que cuidaram tão bem da minha filha e ainda foram tão solidários fazendo essa campanha. Agradeço esse apoio, que também veio em forma de oração. Que Deus abençoe a todos e dê em dobro”, diz Cristina, mãe de Stefane.
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“A gente não faz nada sozinho, mas não imaginei que seria tão bem acolhida pela comunidade. Até uma vizinha, que não tinha intimidade, se ofereceu para vir ajudar a cuidar da casa, lavar louça ou limpar, enquanto eu estivesse com os gêmeos”, comenta Cristina de Oliveira. "Eu não imaginava que teria isso, quando me mostraram a parede de latas de leite fiquei impressionada, não tenho nem palavras para agradecer a cada uma dessas pessoas que me ajudaram e à minha família", acrescentou Stefane.
A paciente segue se recuperando ao lado dos filhos, com consultas e tratamento em casa de fisioterapia pela Estratégia de Saúde da Família, que também está dando todo o suporte e acompanhamento ao desenvolvimento dos bebês pela Unidade de Saúde da Família de Santa Paula.