Rodoviários votaram contra a proposta patronal de redução salarial e de benefícios da categoria - Divulgação / José Messias Xavier
Rodoviários votaram contra a proposta patronal de redução salarial e de benefícios da categoriaDivulgação / José Messias Xavier
Por Irma Lasmar
NITERÓI - A possível paralisação do sistema de ônibus em cinco municípios do Leste Fluminense ganhou contornos mais nítidos nesta segunda-feira (17), com a maciça votação dos rodoviários contra a proposta patronal de redução dos salários e benefícios da categoria. Embora ainda restem duas assembleias para definição oficial da posição dos trabalhadores, não há mais como reverter o placar de 1.676 a 177, com dez abstenções, uma vez que o número de funcionários das empresas que ainda irão opinar é menor do que o total já consolidado de votos contrários às viações.
O resultado das assembleias, realizadas ao longo de oito dias na sede social do Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), em Niterói, será encaminhado ao Ministério Público do Trabalho (MPT), órgão mediador da questão. Como as empresas afirmam que não têm como pagar os salários dos trabalhadores e a ameaça de demissões em massa no setor é real, a alternativa da categoria seria a greve, que atingirá as cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá.
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Até hoje, 1.863 trabalhadores de 27 empresas compareceram às assembleias. Votam amanhã, terça-feira (18), os rodoviários das empresas Rio Ouro e Maravilha Auto Ônibus, e no dia 19 os da Auto Ônibus Asa Branca Gonçalense. A proposta patronal atual é de pagamento de 50% dos salários e redução no valor da cesta básica, que passaria de R$ 280 para R$ 120. Os rodoviários querem a manutenção do Acordo Coletivo, que vigora até 1º de novembro, com salário, férias e 13º integrais, além de todos os benefícios e estabilidade no emprego por três meses. O impasse entre rodoviários e patrões é fruto da crise no setor de transportes, acentuada com a pandemia do coronavírus. Pelo menos 2 mil trabalhadores foram demitidos na área de atuação do Sintronac e, desde 31 de julho, a categoria não recebe mais o auxílio emergencial do Governo Federal, que compunha 70% dos salários.
“A lenta retomada das atividades econômicas, de lazer e de educação, provocada pela pandemia, é o argumento dos empresários de que não terão como arcar com suas folhas de pagamentos e que serão obrigados a demitir os rodoviários. Isso, sem dúvida, define um quadro de paralisação no setor de transporte por ônibus em nossa região. As companhias afirmam que têm atualmente um excedente de 25% de mão-de-obra”, alerta o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
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Outra questão, que será levada pelo Sintronac ao MPT e às prefeituras, é relativa à superlotação dos ônibus, consequência da redução da frota em circulação. Os guardas municipais estão responsabilizando os motoristas pelo grande número de passageiros nos coletivos. “Não cabe aos motoristas a fiscalização do número de passageiros nos ônibus. O que interessa aos rodoviários é mais coletivos circulando, pois isso significa mais empregos e salários. Mas a fiscalização do número de passageiros quem deve fazer é o poder público e não os trabalhadores rodoviários, que não têm autoridade para tirar ninguém do transporte público e ainda podem sofrer represálias por isso”, destaca Rubens.