No começo da trajetória, as pessoas não acreditavam que a empresa fosse comandada unicamente por uma mulher - Imagem Assessoria
No começo da trajetória, as pessoas não acreditavam que a empresa fosse comandada unicamente por uma mulherImagem Assessoria
Por O Dia

Alcançar o sucesso sendo empreendedor não é fácil. Quando se é mulher, esse desafio se torna ainda mais complicado. Um relatório especial feito pelo SEBRAE, em 2019, mostra que as mulheres representam 34% dos 27,4 milhões de donos de negócio no Brasil.

Não foi simples, mas Priscila Santos, fundadora da Rebocar, empresa que cuida de reboques de veículos na cidade do Rio, conseguiu vencer e contrariar as estatísticas do setor de empreendedorismo. Um estudo feito em parceria entre LinkedIn e a consultoria Bain & Company, aponta que apenas 3% das mulheres no Brasil ocupam cargos de liderança em seus respectivos trabalhos.

Criada em 2008, hoje a empresa de Priscila tem uma matriz situada na Vargem Grande, além de filiais em outros municípios do Rio e no Espírito Santo, estado de origem da empresária. No total, a Rebocar já conta com 120 funcionários. Ela soube que seu trabalho estava dando certo quando percebeu que a companhia começava a ser reconhecida no mercado em que atuava.

"Quando tive a oportunidade de mostrar o trabalho da Rebocar aqui no Rio de Janeiro, os órgãos estaduais ficaram surpresos com o nosso empenho, mesmo passando por um momento de crise muito grande. E, por consequência, outros estados quiseram conhecer melhor o que a gente fazia", conta.

A imagem de Priscila está muito vinculada à imagem da Rebocar. Parte desse processo se deve ao fato de Priscila também ser influenciadora digital. No Instagram, ela fala sobre assuntos profissionais, como leilão de carros, e pessoais, como autoestima e amor próprio, para mais de 100 mil seguidores. Mas nem sempre foi assim.

Por conta do mercado da Rebocar ser predominantemente ocupado por homens, no começo da trajetória, as pessoas não acreditavam que a empresa fosse comandada unicamente por uma mulher.

"Me recordo de situações em que eu chegava para a reunião e as pessoas ficavam surpresas. 'Você é dona da Rebocar?' e eu respondia 'Sim, sou eu'. Aí, elas se questionavam se havia alguém por trás de mim, se era marido, se era sócio", diz, acrescentando.

"Como era algo novo, elas queriam entender e perguntavam ainda mais coisas: você trabalha com isso há muito tempo? De onde que isso surgiu na sua vida? Já chegaram até a achar que eu tinha herdado a empresa de alguém", relembra Priscila, reforçando a diferença de tratamento que recebia por ser uma empresária do gênero feminino.

Na sua visão, os preceitos machistas ainda influenciam diversos setores da sociedade, entre eles o mercado de trabalho. Mas ela defende que isso vem mudando e que, atualmente, as mulheres encontram um cenário mais favorável para empreender, com mais oportunidade e perspectiva de crescimento.

"Infelizmente, muitos homens ainda não sabem lidar com a independência da mulher. E muitas mulheres também não conseguem lidar com sua própria independência. Elas ficam presas à ideia de que precisam ter uma referência masculina ao lado delas", reflete a empreendedora.

"É um absurdo, mas ainda acontece nos dias de hoje: o machista acredita que a mulher não tem condições de viver e trabalhar sozinha, por não ter inteligência para isso". Quanto a esse tipo de pensamento, Priscila responde com os frutos colhidos de sua empresa. "Hoje, nós, mulheres, conseguimos mostrar cada dia mais a nossa competência, força, garra - de forma que não exista, na prática, diferença entre homem e mulher."

Priscila Santos é esperançosa em relação ao futuro da mulher em posições de poder no mercado de trabalho. Para as que desejam começar 2021 com o pé direito e tirar os projetos de empreendedorismo da gaveta, aconselha: "Acredite nos seus sonhos, corra atrás, não dependa de nada nem da aprovação de ninguém para realizar os seus objetivos. Se cair, levanta; o importante é começar de onde estiver, da forma que puder. Simplesmente comece. Dificuldades virão, mas aprendizados vêm junto. O importante é não desistir", acrescenta.

 

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