Moradora do Fonseca, Maria Molina é Rainha do Carnaval e Musa
da Terceira Idade
 - Imagem Arquivo Pessoal
Moradora do Fonseca, Maria Molina é Rainha do Carnaval e Musa da Terceira Idade Imagem Arquivo Pessoal
Por Luciana Guimarães
Niterói - Para dona Edmária Nogueira de 72 anos, moradora do Caramujo, o processo de envelhecimento veio repleto de sapiência: "Sempre me dei conta de que a velhice feliz é a velhice madura, de quem sabe que, com seu talento, seja ele qual for, já contribuiu para o progresso de todos. É o tempo de prestar mais atenção nas pessoas, na maravilha da natureza e nos relacionamentos. É a etapa de passar mais tempo com os amigos e família.", conta a animada aposentada que faz aulas de pilates, ginástica, caminhadas na praia, artesanato e tudo mais que as 24 horas do dia permitirem.
Envelhecer...um transcurso que começa desde o momento em que nascemos. Cada um de nós tem uma história que nos antecede, assim como temos um presente e um futuro por ser vividos e construídos.
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Nada passa mais depressa que os anos. O processo de envelhecer é sutil e pasmem, acontece todos os dias!
Dizem que feliz é quem foi jovem em sua juventude e mais feliz ainda é quem foi sábio em sua velhice.
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2020 foi um ano em que vimos muitos amigos, familiares ou conhecidos sem a oportunidade de ficar velhos: de somar cabelos brancos, arrancar folhas no calendário e simplesmente fazer aniversário. Este foi um ano que definitivamente mostrou como envelhecer deveria ser sempre um motivo de alegria. De alegria pela vida e pelo que estar aqui representa.
"Esse tempo que tentamos inutilmente controlar é também responsável por algumas das transformações que vivemos, mas que nem sempre percebemos; aquela ruga sutil que surge, mas também aquela experiência e maturidade que conquistamos. É o tempo que cura a dor de um romance fracassado e que facilita o luto pela perda de um ente querido, que produz o crescimento de nossos filhos. Pressa para superar aquele momento difícil, desejo de que o tempo congele para curtir bons momentos, esquecemos do tempo que passamos com aquela pessoa, e tentamos a todo custo multiplicar o dia ou as horas.", declara a psicóloga Fabiana Petito.
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Os hábitos que cultivamos ao longo da vida são responsáveis por 70% do que vamos colher em nossa velhice (positiva ou negativamente). Os outros 30% são fatores genéticos. Por isso, o ideal é que, desde crianças, tenhamos um olhar voltado para o processo de envelhecimento.
A expectativa de vida no Brasil é de 75,4 anos, e sobe a cada ano. Ou seja, teremos muito tempo pela frente para organizarmos o nosso amanhã. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) em 2050 o Brasil terá 23% da população com mais de 65 anos, ficando atrás apenas do Japão (38%), Europa (28%) e China (26%).
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Tudo no envelhecimento implica mudanças: de prioridades, de percepção e de estabilidade na vida...não é fácil lidar com a passagem do tempo, encarar a perda de independência, autonomia e de liberdade física e mental. Para um envelhecer bem-sucedido, interação, autoaceitação, construção de metas reais e de sentido para a vida e hábitos saudáveis, podem determinar uma terceira idade que deve sim, ser prazerosa. 
Nossa relação com o envelhecimento é singular e depende de nossa bagagem pessoal, das nossas crenças e o valor cultural e social agregado.
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Em Niterói, ser um idoso, comprovam as pesquisas, é um deleite. 
O município permanece em primeiro lugar entre as cidades do Rio de Janeiro com melhor qualidade de vida para os idosos. Os dados são do Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL) do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e a Fundação Getúlio Vargas que atualizaram a análise que compara as condições de vida para a população acima dos 60 anos. A pesquisa leva em conta as atuais condições de 876 cidades brasileiras, tendo em vista sua capacidade de atender às necessidades básicas de vida desse público.
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Dona de um bom humor contagiante e um sorriso que contagia todos ao redor, Maria Molina, 70 anos, moradora do Fonseca, vê na terceira idade a chance de fazer tudo que a juventude e seus inúmeros compromissos não permitiram: "Eu sou rainha do Carnaval e vivo intensamente tudo que Deus me consente fazer...Todo e qualquer processo de envelhecimento, de aceitação e amor a si mesmo é sempre melhor gestado em nós. Enfim, envelhecer envolve não somente o corpo, a aparência física, mas acima de tudo, o coração e a alma da pessoa. Se você está bem de cabeça e de coração, com certeza tem tudo para continuar gostando de si mesmo e envelhecer bem.", relata. 

Niterói também foi escolhida como a quarta melhor cidade da Região Sudeste e a sexta melhor do Brasil, atrás apenas de São Caetano do Sul (SP), Santos (SP), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e Florianópolis (SC).

Comparando com os municípios vizinhos, Niterói se destaca ainda mais: considerando as pessoas entre 60 e 75 anos, a cidade ficou em 6º lugar geral, São Gonçalo no 162º lugar, Itaboraí na 190º posição e Rio Bonito em 263º lugar do ranking Brasil.

O IDL aponta para Niterói como a melhor cidade do Estado e como uma das dez com melhor desempenho no IDL 2020, especialmente pelas questões relativas ao bem-estar (88,0), cultura e engajamento (85,4) e habitação (78,2). Dentre os pontos de destaque estão a grande quantidade de idosos com acesso a planos de saúde e uma das dez cidades com maior quantidade de estabelecimentos de condicionamento físico.

A Secretaria do Idoso, em parceria com o Centro de Convivência Helena Tibau, da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, tem promovido atividades virtuais de Ioga, Arteterapia, uso do smartphone, idiomas e cuidados com a saúde física e psicológica para atender aos idosos durante a pandemia.

“As atividades desenvolvidas prezam não apenas pela parte física, como também a saúde mental dos nossos idosos”, destaca o Secretário Municipal do Idoso, Michel Saad Neto e completa “precisamos prezar pela qualidade de vida deles. O equilíbrio físico e mental é essencial para evitar problemas de saúde e depressão. Além de reforçar o vínculo familiar e diminuir a solidão”.  

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QUANTOS ANOS TENHO?

Tenho a idade em que as coisas se olham com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.

Tenho os anos em que os sonhos começam a se acariciar com os dedos e as ilusões se tornam esperança.


Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma louca labareda, ansiosa para se consumir no fogo de uma paixão desejada. E outras, é um remanso de paz, como o entardecer na praia.

Quantos anos tenho? Não preciso de um número marcar, pois meus desejos alcançados, as lágrimas que pelo caminho derramei ao ver minhas ilusões quebradas…
Valem muito mais do que isso.
O que importa se fizer vinte, quarenta, ou sessenta!
O que importa é a idade que sinto.

Tenho os anos que preciso para viver livre e sem medos.
Para seguir sem temor pelo atalho, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus desejos.

Quantos anos tenho? Isso a quem importa!
Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e sinto.

José Saramago