Narrativas construídas, dirigidas, produzidas e protagonizado por mulheres cis e trans
Narrativas construídas, dirigidas, produzidas e protagonizado por mulheres cis e transImagem Arquivo Pessoal
Por O Dia
Niterói - O mês de março tá aí para ser comemorado, mas a busca por mais igualdade e equidade da mulher na sociedade continua e no mercado audiovisual não é diferente. Apesar dos avanços conquistados ao longo do tempo, a trajetória ainda é longa.
E duas niteroienses vieram para mostrar um novo ângulo da figura feminina na cidade. Sabem que a participação de mulheres, em diferentes espaços, com maior visibilidade e presença
política está sendo fundamental para questionar as práticas e manutenção da desigualdade de
gênero, tanto nas esferas públicas quanto nas privadas, o que vem contribuindo para mudar as
relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens. 
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Criado em 2017, com o intuito de realizar projetos que exploram a feminilidade contemporânea, o coletivo Manas vem ganhando cada vez mais espaço e ampliando discursos sobre o universo feminino. No seu primeiro ano, lançou a campanha "Abrace uma Mana", que recolheu doações de objetos pessoais, itens de beleza e higiene para mulheres em situação de rua.


Idealizado pelas produtoras culturais Carolina Rodriguez e Helena Claro, o Manas é formado por mulheres que atuam em diferentes áreas, mas que têm em comum o desejo de intervir em seus meios sociais construindo relações de trabalho que experimentem a transversalidade das pautas do feminismo contemporâneo. Elas abem que a história social brasileira está permeada por estas lutas e enfrentamento em busca de igualdade de gênero, decorrente destas disputas alguns avanços ocorreram, todavia, ainda deficitário em termos muitos substanciais e materiais, precisando que se avance mais.

Nos projetos de Carolina e Helena, a visão e compromisso de enaltecer as diferentes gerações de mulheres que têm se comprometido, em seus espaços de atuação, em construir um mundo mais igual, diverso e justo. A procura incessante de igualdade política, social, econômica e cultural entre mulheres e homens, com respeito às diferentes orientações sexuais e igualdade racial e étnica, uma vez que tais diferenças são produto da expressão da diversidade humana, e em função das quais é dever de todas e todos garantir igualdade de oportunidades e de uma vida plena de direitos para todas as pessoas. 


O Cine&Manas, principal projeto realizado pela produtora atualmente, é um cineclube itinerante que exibe filmes de protagonismo feminino, com narrativas construídas, dirigidas, produzidas e protagonizado por mulheres cis e trans. Pensando na formação de público e na difusão do audiovisual nacional realizado por mulheres, o cineclube exibe longas, médias e curtas metragens produzidos ou co produzidos no Brasil. Todas as sessões são seguidas de debate com realizadoras, diretoras, equipe e/ou agentes culturais relacionados com as temáticas do filme apresentado.
O Circuito Cine&Manas Verão 2021, uma continuidade do projeto de 2019, realizado em escolas públicas e espaços culturais da cidade e que foi fomentado pelo Programa Niterói Cidade do Audiovisual.

Neste novo cenário de 2021, o circuito, que era presencial, precisou passar por algumas mudanças, por isso a maioria das sessões dos debates estão sendo online e pode ser acompanhado nas redes sociais (@coletivomanass) e canal do Youtube Manas Produtora.
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"O Manas surgiu há quatro anos da nossa vontade de realizar os nossos próprios projetos. Individualmente passamos por algumas produtoras e instituições, juntas enxergamos o potencial de criação de um coletivo formado somente por mulheres que atuam em diferentes áreas, mas que têm em comum o desejo de intervir em seus meios sociais. O mercado de trabalho é muito desigual. Na produção, algumas funções ainda são predominantemente ocupadas por homens, muitos deles ainda não aprenderam a serem liderados por mulheres. Estamos empreendendo e crescendo juntas, construindo uma rede de profissionais.
A democratização do audiovisual brasileiro tem sido a nossa principal atividade, mas queremos realizar projetos de protagonismo feminino, então se você é mulher, tem uma ideia, um desejo a gente pode desenvolver isso juntas, captar recursos, planejar e botar esse bloco na rua.”, explica Carolina Rodriguez

As sessões são pensadas de acordo com cada território, onde a atividade é realizada através do estabelecimento de parcerias com instituições, grupos, artistas e associações locais. Essa metodologia se faz fundamental como dispositivo de democratização e difusão do cinema e do audiovisual, uma vez que grande parte da população ainda se vê distante dessas manifestações artísticas que historicamente foram estruturadas dentro de uma cultura de elite.


22 de marco - Exibição do filme “Minha História é Outra” direção de Mariana Campos. No Informe Criativo bate papo com as mulheres envolvidas no processo de produção do filme para saber um pouco mais das funções de produção.


As sessões presenciais estão com datas em aberto devido as restrições de realização de eventos, mas que já tem os locais definidos Niterói na Casa da Utopia e em São Gonçalo no CENART. O Manas pede para todos que fiquem em casa!

Nas sessões online, o filme fica disponível na página do coletivo para o público assistir durante uma semana. O bate papo fica por conta do Informe Criativo, transmitido pelo youtube, com a participação de grandes nomes do audiovisual brasileiro.


"A conversa pós exibição é o principal momento das sessões. Os filmes são muito importantes, mas poder trocar com o público sobre os sentidos que a aquela obra despertou neles é incrível. O cineclubismo é sobre isso, essa aproximação do cinema com o público" diz Carolina Rodriguez diretora e curadora do projeto. E como produzir esse lugar de troca e aproximação nas sessões online? O Manas tem pensado cada vez mais nos processos produção audiovisual, desde a ponta final, a democratização do acesso ao cinema, oportunizando que o público assista e conheça filmes com narrativas femininas, que por vezes não chegam aos circuitos comerciais. E também na formação e desenvolvimento dessas realizadoras, cineastas, produtoras... E assim surgiu o Informe Criativo, mais voltado para as manas que querem trabalhar ou que já trabalham com audiovisual, um espaço para troca de saberes, estratégias e aprendizados", explicam Carolina Rodrigues e Helena Claro, idealizadoras do Manas.

A simples presença de uma mulher em um cargo de comando já aumenta consideravelmente a proporção dos gêneros na equipe. O que corrobora mais uma vez para o fato de que o espaço das mulheres, realmente, só pode ser conquistado a partir do próprio protagonismo feminino nessa luta. Seja em frente às câmeras ou nos bastidores, cabe a cada uma abrir caminhos, portas, refletir e estimular a reflexão para a quebra de paradigmas e estereótipos tão enraizados em nossa sociedade histórica e culturalmente patriarcal.

“O circuito de cineclube Cine&Manas é um projeto que além de democratizar o acesso ao cinema, também oportuniza que o público assista e conheça filmes com narrativas e olhares femininos, que por vezes não chegam aos circuitos comerciais. Existe uma força quando mulheres se reúnem para compartilhar entre si. Daí a ideia de trabalhar em rede com outras mulheres. Aqui trabalhamos com mulheres cis e trans, mães, mulheres brancas, mulheres negras, mulheres que já ocupam o mercado e outras que estão chegando... A proposta é que o Manas seja um ambiente seguro para que a gente possa se apoiar e criarmos juntas projetos mais potentes e diversos.", evidencia Helena Claro