Neste sábado, uma "bolha cinza" será instalada na Praia de Icaraí como forma de chamar a atenção para a saúde das crianças. Divulgação

Não estranhe se passar pela Praia de Icaraí, na Zona Sul de Niterói (na altura da Rua Miguel de Frias), neste sábado (16), entre 7h às 19h, e ver uma “bolha cinza” gigante no local. A intervenção urbana, que faz parte da campanha global Livre para Brincar Lá Fora, tem o objetivo de chamar a atenção sobre a importância de reduzir os níveis de poluição, como forma de minimizar os impactos na saúde e desenvolvimento das crianças.
A ação é da Prefeitura de Niterói, em parceria com o programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, e a Fundação Bernard van Leer.  "A gestão municipal está implantando e ampliando uma série de iniciativas voltadas para promover mudança de comportamento no cuidado de crianças de zero a 6 anos. Em agosto, o prefeito Axel Grael assinou uma carta-compromisso com a Primeira Infância através da Rede Urban95, para promoção de mudanças duradouras nos espaços públicos e nas oportunidades que moldam este período da vida das crianças", explicou A Prefeitura na nota.

A secretária do Escritório de Gestão de Projetos (EGP) da Prefeitura de Niterói, Valéria Braga, contou que Niterói foi convidada pela Rede Urban95, da Fundação Bernard Van Leer, junto a mais duas cidades no Brasil para participar da campanha Livre para Brincar lá Fora.

“A indicação de Niterói tem a ver com a preocupação demonstrada pela cidade para com a qualidade do ar, principalmente com relação às crianças. Um bebê respira quatro vezes mais que um adulto, e fica sujeito a maiores cargas de poluentes em relação ao seu peso. É muito importante garantirmos ar puro para quem ainda está em formação. A Prefeitura de Niterói está comprometida com o assunto e está desenvolvendo projetos de monitoramento da qualidade do ar em locais de trânsito e permanência de crianças da primeira infância", detalhou a secretária.

Segundo dados, os impactos das mudanças climáticas nas capitais brasileiras também são alarmantes. Um estudo realizado pelo Carbon Disclosure Program (CDP) mostrou que 83 municípios relataram 307 perigos climáticos, como inundações, tempestades, secas e doenças causadas por insetos ou outros vetores. No que diz respeito à saúde, a implicação mais relatada está nas doenças transmissíveis como malária e dengue, mas outros tipos de problemas, como doenças relacionadas ao calor, também foram identificados.

O secretário municipal do Clima, Luciano Paez, frisou a importância de criar conexões entre a juventude e as discussões climáticas. "Cuidar das crianças é fundamental para termos uma sociedade mais sadia e respeitosa com a vida. Focar na questão climática é mais do que pensar na qualidade do ar que respiramos, mas também planejar um futuro melhor para todos", comentou Paez.

Realizada no Brasil em parceria entre o Instituto Alana e a Parents for Future, a ação #LivreParaBrincarLáFora (FreeToPlayOutside) visa engajar pais, mães e responsáveis sobre os impactos da poluição do ar na saúde das crianças e do planeta. É uma campanha global de conscientização para tornar a poluição do ar mais visível para todos, inspirada no grupo climático criado por Greta Thunberg, Fridays for Future.

“As crianças, em especial bebês, por terem pulmões ainda pequenos, respiram mais vezes por minuto do que um adulto, inalando mais poluentes, que podem acarretar em problemas como asma e complicações pulmonares, além de danos ao desenvolvimento físico e cognitivo ao longo de toda a vida. Essa ação tem o intuito de abordar, de forma tangível e visível, os impactos da poluição do ar a partir de um objeto de fácil reconhecimento, além de fomentar o debate e engajar mais pessoas a se mobilizarem por soluções”, salientou o coordenador do programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, JP Amaral.

RISCOS - Segundo informações, muitos são os efeitos da poluição do ar à vida humana, sobretudo nas crianças. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, a poluição do ar mata meio milhão de crianças de até cinco anos no planeta.

"Há evidências científicas de que a exposição de gestantes e bebês à poluição eleva o percentual de morte fetal e agrava o risco de mortalidade infantil. Além disso, centenas de milhares de crianças sofrem de doenças respiratórias crônicas, doenças pulmonares, entre outros problemas de saúde", informou o Executivo no texto.