Por bferreira
Rio - Com o aumento do número de carros e tantas obras pela cidade, há algum tempo o carioca vem reparando que o trânsito anda cada dia pior. São 50 frentes de trabalho nas ruas, preparando a cidade para as Olimpíadas de 2016. O secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, admite que 2013 será o pior ano da história do Rio em relação ao trânsito, mas afirma que o legado para a cidade será compensador.

“Estamos no pico das obras e as entregas já começam no ano que vem. Nosso esforço é para desenhar uma rede de transportes de alta capacidade e criar a integração dos modais”, disse ele, ao participar do primeiro debate do Observatório da Mobilidade, projeto do grupo Ejesa (responsável pela publicação dos jornais O DIA, Meia-Hora e Brasil Econômico), que abre espaço à busca de soluções para a mobilidade urbana.

Construção dos BRTs%2C como o Transoeste%2C é a base do futuro sistema integrado de transportes da cidadeFernando Souza / Agência O Dia

Além de Osório, participaram do debate “Os grandes projetos de transporte no Rio e seus impactos na mobilidade urbana” o gerente de Transportes da Empresa Olímpica Municipal, Ronaldo Balassiano, os professores Alexandre Rojas, do Centro de Tecnologia da Uerj, e Paulo Cezar Ribeiro, do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/ UFRJ.

Segundo Osório, a situação deve melhorar a partir de 2014, e a cidade deve ter, em 2016, um sistema de transportes mais integrado e eficaz.
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O gerente de Transportes da Empresa Olímpica Municipal, Ronaldo Balassiano, reforça o discurso. De acordo com ele, a rede de transporte do Rio está se transformando e será o grande legado dos Jogos. Entretanto, Balassiano ressalta que é fundamental que haja também uma mudança no comportamento da população. “Queremos estimular o cidadão a usar o sistema público, mas, para isso, o serviço precisa ter qualidade. Estamos trabalhando para isso, para que as pessoas possam se deslocar por um preço menor, com mais rapidez e conforto”.
O secretário de Transportes complementou: “Um país desenvolvido é aquele no qual os ricos usam o transporte público, e não onde os pobres usam carros.”
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Plano só atende aos Jogos?
O professor Alexandre Rojas, da Uerj, criticou parte das obras em andamento. Segundo ele, o plano atende às demandas dos Jogos Olímpicos e não é focado nas necessidades da população. “A maior parte dos moradores do Rio não está na Barra e no Recreio. O sistema de trens que atende áreas onde está a maioria da população não é priorizado. As estações são antigas, sem acessibilidade. Os trens estão em péssimo estado”.
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Ronaldo Balassiano rebateu em parte as críticas. “O sistema ferroviário precisa melhorar. Mas não é justo dizer que o projeto de transportes é para as Olimpíadas. As linhas de BRT, por exemplo, atendem à população das Zonas Norte e Oeste. Com o BRT Transbrasil, o cidadão virá da Zona Oeste para o Centro na metade do tempo e com muito mais conforto. O Transoeste já é usado pela população”, afirmou, lembrando que a Empresa Olímpica Municipal está cobrando investimentos no sistema de trens.
Prefeitura contrata sistema eletrônico para monitorar ônibus
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O secretário Carlos Roberto Osório disse que já deu início à contratação de um sistema tecnológico para monitorar o serviço de ônibus da cidade. Com investimento de R$ 3 milhões, a nova plataforma, que utilizará o controle por GPS (já exigido dos ônibus nos novos contratos de concessão) deverá entrar em operação no segundo semestre e dará informações em tempo real da quantidade de ônibus circulando, freqüência, itinerário e velocidade média dos veículos, 24 horas, sete dias por semana.
No caso de descumprimento de qualquer norma, as multas serão expedidas automaticamente aos consórcios infratores. Além disso, estão sendo instalados mais equipamentos de fiscalização eletrônica de avanços de sinais (pardais), que vão passar de 106 aparelhos para 150. A medida vai colaborar para a redução de acidentes: o objetivo é alcançar uma queda de 15% nos acidentes com vítimas em 2016, em relação ao ano de 2008.
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“Não se trata de uma indústria da multa. A prefeitura não está pensando em arrecadar dinheiro com isso. Queremos é salvar vidas. E oferecer um serviço com qualidade e segurança”, defendeu Osório.
BRS NA GRANDE TIJUCA
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A exemplo do que já ocorre na Zona Sul, a Grande Tijuca também receberá um corredor BRS, com pistas seletivas para ônibus e reorganização dos pontos. Ainda não há data prevista para a iniciativa ser implementada, mas o secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, garantiu que a região será contemplada. “Vamos expandir o BRS. Por enquanto ainda é cedo pra falar em locais e prazos, mas a região da Grande Tijuca certamente está nos nossos planos”, comentou, acrescentando que o BRS chegará às regiões não atendidas pelos BRTs.
Com o corredor BRS, a expectativa é de reduzir o tempo de viagem em 20%, possibilitando diminuição da frota de ônibus. “Não é novidade pra ninguém que hoje temos mais ônibus do que precisamos. Isso só atrapalha o trânsito e polui o meio ambiente”, disse Osório.
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O professor da Coope/UFRJ Paulo Cezar Ribeiro questionou a eficácia: “Há muito tempo se fala em ter menos ônibus circulando, mas o que se tem visto é a quantidade de coletivos aumentar desde 2000”. O especialista aponta que o caminho seria acabar com linhas sobrepostas. “Não se pode tomar a Zona Sul por base. Em outras regiões falta ônibus”, acrescentou Ribeiro.
Segundo a Fetranspor (Federação das Eempresas de Transporte), a reorganização das paradas de ônibus pela implantação do BRS reduziu a principal queixa dos usuários, a de que os motoristas não paravam nos pontos dos coletivos.
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