Por thiago.antunes

Rio - Para atender a uma das principais reivindicações dos manifestantes, a redução das passagens no Rio, a prefeitura teria que abrir mão da sua margem de lucro.

Economistas apontam esta e outras duas alternativas — a redução do ICMS do petróleo recolhido pelo estado, o que baratearia o óleo diesel, e o subsídio municipal às empresas de ônibus — como instrumentos possíveis para a queda da tarifa. O prefeito Eduardo Paes disse que está aberto a negociações.

Sete capitais já reduziram as tarifas: Porto Alegre, João Pessoa, Cuiabá, Manaus, Natal, Recife e Vitória. São Paulo sinalizou que pode baixar o valor das passagens. Em Porto Alegre, o prefeito José Fortunati divulgou nesta terça que o valor será reduzido, no mínimo, de R$ 2,85 para R$ 2,80.

Paes diz que está disposto a negociar%2C mas vê perdas para a prefeituraAndré Mourão / Agência O Dia

A queda, segundo ele, será possível devido à isenção do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) sobre o transporte coletivo.

Para Gilberto Braga, economista do Ibmec-Rio, a solução plausível para a queda tarifária no Rio de Janeiro seria um acordo com o governo do estado.

“Já que Paes e Cabral são aliados políticos, o governo poderia reduzir o ICMS do diesel. Seria uma possibilidade que não impactaria diretamente no município”, comenta Braga. No cálculo do reajuste das passagens, o diesel representa gasto de 21%, o segundo maior, perdendo apenas para o índice usado para reajuste, o INPC.

Consórcios

Para Gilberto Braga , a prefeitura também poderia abrir mão de parte da outorga das quatro concessionárias de ônibus. “Os consórcios pagam para explorar o serviço, que é público”, diz o economista.

Manifestantes pedem tarifa mais baixa no Rio. Passeatas de Norte a Sul do país começam a surtir efeitoFernando Souza / Agência O Dia

Já para Samy Dana, professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas, a prefeitura deveria subsidiar os gastos das empresas de ônibus: “Em outros estados, como São Paulo, há subsídio de 20% para que se tenham investimentos”. Segundo ele, este custo para as empresas no Rio de Janeiro é de R$ 1 bilhão por ano.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, admitiu nesta terça que pode derrubar o aumento da tarifa de ônibus, a maior do país, que foi reajustada de R$ 3 para R$ 3,20.

Movimento quer discutir concessões

Com objetivo de discutir as prioridades que devem ser levadas ao poder público, mais de 200 integrantes do Movimento Passe Livre se reuniram, na noite desta terça, no Instituto de Filosofia e Ciências Socais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Centro.

Um dos líderes da plenária, o universitário Gabriel Siqueira disse que uma das reivindicações será a participação do movimento em concessões públicas de transporte. “Temos que ser ouvidos sobre a necessidade de revisão das licitações dadas às empresas”, ressaltou.

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