Rio - Há quase 30 anos, desde o histórico comício pelas Diretas Já, o Centro do Rio de Janeiro não via tantas pessoas reunidas para lutar pela democracia. Um milhão de cariocas marchou pela Avenida Presidente Vargas, empunhando cartazes que refletiam sua insatisfação com as mazelas sociais.
Mas, ao contrário da passeata de 1984, o protesto desta quinta-feira teve um final marcado por cenas de enfrentamento entre policiais e grupos de manifestantes, em frente à sede da prefeitura.
Com a vitória da mobilização popular na redução das passagens, muitos resolveram aderir à passeata ontem. O que se via nas ruas era a mistura de pessoas lutando por causas diversas, como educação, saúde, fim do preconceito contra homossexuais e os gastos excessivos com os grandes eventos.
Representantes de partidos com bandeiras cederam às pressões dos apartidários, que pediam a retirada de material de campanha.
A concentração começou ainda no meio da tarde, em frente à Igreja da Candelária. Muitas pessoas levaram seus filhos. “Eles são pequenos ainda, mas vão lembrar disso para sempre. É a História sentida na pele”, disse Adriana Passos, 31 anos, que levou os filhos, um de 7 anos e outro de 11 meses. Outro que levou a família foi o cabo Benevonuto Daciolo, que liderou a greve dos bombeiros há dois anos.
“Mais de 500 bombeiros aderiram, muitos sem camisa, para não chamar a atenção”.
Depois de participar ativamente do comício das Diretas, o advogado Francisco Pio Borges, 62 anos, voltou às ruas. “Acho fundamental apoiar os jovens, para que eles aprendam desde cedo a lutar por um futuro melhor”, disse ele, acompanhado da mulher.
Aplausos das janelas e Hino Nacional
Por duas horas, a manifestação foi pacífica. Das janelas de prédios, pessoas apoiavam o movimento, estendendo bandeiras do Brasil e aplaudindo os manifestantes. A maioria dos participantes pedia que todos mantivessem a calma e que o ato fosse de paz.
Em frente à Central do Brasil, a multidão cantou o Hino Nacional em coro emocionante. Está marcado um novo ato no Rio no dia 30, no jogo final da Copa das Confederações, no Maracanã.
Neste sábado, em Nova Iguaçu, haverá ato público. O comandante do 20º BPM (Mesquita), Max Fernandes, disse que escalou cerca de 200 policiais para garantir a ordem pública.