Por marcello.victor

Rio - As areias e o calçadão da Praia de Copacabana, na Zona Sul, foram testemunhas de algo inédito na história do Rio, na madrugada deste domingo. Milhões de católicos lotaram a orla do bairro na Vigília da Jornada Mundial da Juventude, que terá como ponto alto a missa final do evento, às 10h, celebrada pelo Papa Francisco.

Com barracas, cobertores, colchões, colchonetes e muito agasalho, eles enfrentaram o frio que chegou a 15 graus para demonstrar sua fé e estar perto do Pontífice pela última vez. A previsão é de que cerca três milhões de pessoas participem do evento.

Milhões de peregrinos dormiram na Praia de Copacabana de sábado para domingoMaria Luiza Mesquita / Agência O Dia


Na areia, o número de barracas e peregrinos dormindo em barracas e colchões era incontável. Grupos se algomeravam na tentativa de espantar o frio. Muitos conversavam próximo a beira-mar, apreciavam o mar ou se revezavam na vigília aos pertences enquanto outros descansavam. Os espaços restantes se tornaram trilhas por onde os fiés se locomoviam entre o mar e o calçadão. Houve congestionamento, mas não foram registrados tumultos.

Às 3h30, um grupo de 28 peregrinos da Paróquia Santa Terezinha, em Juiz de Fora, Minas Gerais, permanecia acordado. Com um violão, eles entoavam cânticos religiosos, mesmo tendo chegado à Copacabana 12 horas antes. Instalados na Paróquia São João Batista, em Campo Grande, na Zona Oeste, os mineiros consideraram positiva a Jornada.

"Valeu a pena. Para a gente foi uma experiência inexplicável. Estar próximo do Papa, pedra fundamental da Igreja Católica. Francisco é a característica de Jesus com sua humildade", descreveu a autônoma Gilvania Crovatto da Costa, de 37 anos, elogiando o carismático Pontífice. Ela considerou os cariocas acolhedores e elogiou o clima de tranquilidade e paz que permearam o evento.

Fiéis usaram todos os espaço para se acomodar em CopacabanaOsvaldo Praddo / Agência O Dia


Com uma banqueta empresatada por um grupo vizinho, a balconista Maria Iluminata de Brito, de 57 anos, moradora de Ipanema, resista com casaco e boné ao frio de 16 graus, às 4h, na calçada da esquina das avenidas Atlântica e Princesa Isabel, próximo ao palco onde o Papa Francisco celebrará a missa de encerramento da Jornada.

Desde às 16h de sábado na companhia da irmã Maria José Pereira, 47, e da sobhinha Lívia Gabriela, 14, ela tinha fé de que ficaria o mais próximo possível para ver o Pontífice, apesar do mar de peregrinos instalados na areia.

"Vale a pena o sacrifício. É só uma vez em nossa vida que teremos a oportunidade de ver um Papa. Pretendo chegar o mais próximo possível do palco", disse.

Seis integrantes de um grupo de 28 jovens da Paróquia de Santo Antônio, em Carapicuíba, Região Metropolitana de São Paulo, não se incomodavam com o frio de 15 graus, às 4h30. Desde às 20h em Copacabana, eles se alimentavam do kit a que todo o peregrino inscrito na Jornada tem direito.

Coincidentemente hospedados em uma igreja de mesno nome na Pavuna, Zona Norte do Rio, eles passaram a madrugada conversando e aguardando a celebração da missa.

"É uma experiência inexplicável. O mais importante da Jornada é a partilha da mesma fé por pessoas de nacionalidades, idiomas e sotaques diferentes, com uma só motivação: o amor. O Pentecostes se repete", crê a professora Cristiane Aparecida Ribeiro, de 38 anos, se referindo a celebração da descida do Espirito Santo sobre os apóstolos e seguidores de Cristo, segundo os cristãos.

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