Por cadu.bruno

Rio - Para tentar identificar e desarticular o grupo Black Bloc — apontado pela polícia como possível responsável por atos de vandalismo nos protestos no Rio —, agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) pediram à Justiça a quebra de sigilo dos dados de pelo menos 13 computadores apreendidos nesta sexta-feira.

Os equipamentos estavam em endereços das zonas Sul e Oeste. Dos 17 mandados de busca e apreensão, somente quatro não foram cumpridos. A polícia apreendeu, além dos computadores, HDs, pen-drives, celulares e máscaras. Nove pessoas foram levadas à sede da DRCI, no Jacarezinho, prestaram depoimento e foram liberadas.

Agentes da Polícia Civil apreenderam computadores e eletrônicos na casa de supostos integrantes do grupo radicalCarlos Moraes / Agência O Dia

A quebra do sigilo foi pedida para perícia e análise do conteúdo dos arquivos e movimentações feitas pelos usuários na internet. Através dos exames, a polícia espera chegar aos articuladores do grupo, contra o qual há suspeita de elo com quem promove as cenas de quebra-quebra.

“A partir desses dados, aqueles que praticaram atos cuja pena passa de quatro anos serão indiciados por organização criminosa, mas a princípio eles estão sendo objeto de investigação”, afirmou o diretor das delegacias especializadas, Fernando Reis.

Muitos dos que estiveram na delegacia se revoltaram. O estudante Cristhopher Creindel, 23 anos, afirmou que não pertence a nenhum grupo. “Participei das manifestações de 7 de Setembro, e o Black Bloc não é um grupo. É uma tática para proteger manifestantes. Não quebrei nada e fiquei até sem minha máscara de Carnaval e meus óculos de mergulho”.

Debora Moreira da Costa, que também prestou esclarecimentos à polícia, se disse vítima de tiro de bala de borracha no 7 de Setembro. “Fiquei sem meu computador, que foi apreendido pela polícia”, lamentou.

Cristhopher Creindel e Debora Moreira da Costa reclamaram da ação da PMCarlos Moraes / Agência O Dia

‘As pessoas são de direita e de esquerda’

Três advogados da ONG Instituto de Defesa de Direitos Humanos estiveram na delegacia. Eles não têm ainda procuração dos arrolados nas investigações, mas confirmaram que Black Bloc não é um grupo. “As pessoas são de direita e de esquerda”, disse Eloisa Samy, uma das defensoras. Ela esclareceu que as pessoas que estavam prestando esclarecimentos não participaram de badernas e nem quebraram lojas. Os advogados não tiveram acesso aos autos de investigações.

O delegado Fernando Reis ressaltou que a investigação é sigilosa e que ‘está caminhando’. “Um nome puxa outro. O que a gente está buscando é quem praticou os crimes, esteja ele paramentado de preto e com máscara, ou não. Nós temos vários casos em que o vândalo não tem esta estética do black bloc. A investigação busca os autores de atos de vandalismo.”

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