Por thiago.antunes

Rio - Eles estão deixando o modelo de sistema de saúde igualitário comunista para viver em áreas muitas vezes mais pobres do que a sua de origem, e onde a população enfrenta um grave problema social: a violência. Parte dos 65 médicos cubanos que vão trabalhar na capital vai ficar em regiões de risco. Estão na lista postos e Clínicas de Famílias localizados nas favelas do Chapadão (Pavuna), Fazenda Botafogo (Acari), Cavalo de Aço (Jacaré), Jacarezinho e nos Complexos do Alemão e da Maré. Nesta segunda-feira, eles se apresentam nessas unidades.

O dia será de reuniões e treinamentos com suas equipes de supervisão. Eles começam a atender a população, no entanto, somente no dia 12. Isso porque, antes, o grupo ainda terá que aguardar a expedição dos registros profissionais pelo Ministério da Saúde para que possa trabalhar. Os estrangeiros integram o programa Mais Médicos, do governo federal. Os profissionais recebem bolsa de R$ 10 mil por mês e ajuda de custo pagas pela União.

Da esquerda para a direita%2C os médicos cubanos Jorge Luiz Dvig%2C Jorge Carlos Cruz%2C Jorge Emilho Cruz e Joe Tomas Balva no Posto Belmira Vargas Paulo Alvadia / Agência O Dia

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 31 médicos cubanos vão atender em 18 postos e Clínicas na Zona Norte. Em 22 unidades da Zona Oeste —excluindo Barra, Jacarepaguá e proximidades —, estarão outros 34 profissionais. Esta região já conta com três estrangeiros. O grupo não ficará restrito a favelas. Haverá lotação em Realengo, Catiri, Cosmos e Costa Barros.

No total, o estado vai receber 118 médicos estrangeiros. São profissionais como o cubano Joe Tomas, 43, que chegou com mais três conterrâneos a Queimados, na Baixada Fluminense, na sexta-feira. “Tenho mais de 20 anos de experiência. Vejo semelhanças entres o programas de saúde desenvolvidos pelo governo brasileiro e o da minha terra. Mas, lá, não há setor privado. Todos são atendidos na mesma unidade”, afirmou Joe, que vai para o bairro Belmonte.

Queimados comemora apoio estrangeiro

Com o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Baixada, Queimados é um exemplo de município que sofre para manter atendimento de saúde qualificado para a população. Um dos problemas é que os profissionais não querem ir para a região. Não por acaso, a vinda dos cubanos foi comemorada pela gestão atual.

“Ganhamos quatro médicos estrangeiros e temos espaços para mais profissionais. Eles chegam para somar e vão ser bem recebidos pela população”, afirmou a secretária de Saúde de Queimados, Fátima Cristina Dias. Uma uruguaia chegou na semana passada e já está trabalhando. Os quatro cubanos vão atuar nas unidades de saúde Belmira Vargas, Belmonte e Vila Americana.

Mais 3 mil profissionais de Cuba desembarcam no Brasil

Nesta segunda-feira, mais 3 mil profissionais cubanos chegam ao Brasil para ocupar vagas ociosas da segunda etapa do programa. O primeiro grupo, de 2,6 mil médicos, desembarca até o dia 10. Os outros 400 chegam na semana seguinte. A previsão é que eles comecem a atuar nos municípios no mês que vem. Com esse reforço, o programa deverá beneficiar mais 10,3 milhões de pessoas que vivem em regiões carentes. 

A meta do governo federal é atender a demanda por 12.996 médicos até março de 2014. Atualmente, 3.664 profissionais participam do programa, sendo 819 brasileiros e 2.845 estrangeiros.

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