Por thiago.antunes

Rio - Setenta policiais que atuam na Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha — 10% do efetivo total, de 700 policiais — estão sendo trocados. O anúncio foi feito neste domingo pelo coronel Frederico Caldas, coordenador das UPPs, como medida para reforçar o patrulhamento. Segundo o oficial, os policiais estavam “retraídos” desde o surgimento do Caso Amarildo, auxiliar de pedreiro que foi torturado e morto na UPP. Os policiais se sentiam sem condições de atuar no policiamento local.

“Os policiais estavam se sentindo acuados, intimidados. A gente compreende o que está acontecendo e decidiu fazer a troca”, comentou Caldas, durante o enterro do soldado Melquisedeque Basílio dos Santos, assassinado no Parque Proletário. Segundo o coronel, os recentes enfrentamentos entre policiais e traficantes na região são resultados de uma nova forma de patrulhamento que vem sendo aplicado na comunidade. “O que a gente tem buscado é dar um reforço, na medida que os problemas vão surgindo. Os próprios comandantes das UPPs já sinalizaram que é necessário o reforço”, disse.

Viúva de Amarildo%2C Elisabete Gomes%2C participou de protesto na RocinhaEfe

O caso da UPP São Carlos/Mineira, que recebeu 30 policiais recentemente, também foi citado pelo oficial. Caldas revelou ainda que o fator psicológico influenciou em sua decisão, tomada também diante de pedidos dos próprios policiais para saírem da região. Para ele, o tráfico de drogas ainda é forte nas favelas, apesar da presença da polícia. “Não tenho dúvida de que tudo isso é movido pela venda da droga e de que o processo de pacificação foi um duro golpe, um prejuízo para eles.”

Favela tem novo tiroteio entre bandidos

Uma troca de tiros entre traficantes que varou a madrugada de domingo reforçou a sensação de que algo precisa mudar na Rocinha. De acordo com moradores, os tiroteios nas localidades Roupa Suja, Terreirão e Valão duraram mais de dez horas, até a manhã deste domingo, quando PMs trocaram tiros com um dos bandos na Rua 1, mas não houve feridos. “Esse clima de terror vem se tornando frequente”, desabafou um morador do Terreirão. Levantamento recente da polícia mostrou que cerca de 90 traficantes ainda atuam na comunidade de São Conrado, em cerca de 100 bocas de fumo. O faturamento mensal seria de cerca de R$ 6 milhões.

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