"Não somos bandidos e não confiamos na polícia. Os bombeiros são defensores da vida e estão impedindo que nosso irmão Guajajara recebe alimentação. Ele está fraco e pode cair da árvore a qualquer momento", afirmou Ashninka. O advogado do grupo, Arão da Providência, disse que tentou entregar água e banana para o cacique, mas foi impedido. "Me disseram que se eu entregasse, ele não ia sair de lá. Achei engraçado a postura deles. A ação da PM é ilegal, a posse do prédio nunca saiu da pauta dos indígenas, que ainda não foram integrados", avaliou o advogado. Cerca de 150 manifestantes ainda estão no local e tentam negociar com os policiais e bombeiros.

Cacique está há horas em árvore
O cacique Uratau está há mais de seis horas no alto de uma árvore no Museu do Índio, no Complexo do Maracanã, resistindo à desocupação do espaço, nesta segunda-feira. Um negociador do Batalhão de Operações Especiais (Bope) chegou a ser chamado para convencer o homem a descer, mas o indígena se recusou. Neste momento, bombeiros montam equipamento de rapel para retirá-lo da árvore. Por volta das 17h20, os manifestantes se organizaram para levar água e comida ao cacique. Os bombeiros entregaram os mantimentos. Mais cedo, 26 pessoas foram levadas para a 18ª DP (Praça da Bandeira). Destas, 24 foram autuadas por resistência e devem ser julgadas no Juizado Especial Criminal (Jecrim).

As outras duas pessoas foram autuadas por furto de material de escritório e resistência, desobediência e desacato, respectivamente. O furto ocorreu no prédio da Associação Nacional dos Agropecuaristas (Anagro), desativado há anos, que estava sendo usado pela Odebrecht, uma das empresas envolvidas nas obras do Complexo do Maracanã. Os ativistas ocuparam o espaço. Segundo o delegado Fábio Barucke, da 18ª DP, a outra pessoa xingou os policiais."A pessoa se dirigiu a um dos PMs com palavras de baixo calão. Além disso, todas as penas somam mais de dois anos, o que joga o caso para justiça comum", afirmou Barucke. Os 25 manifestantes foram liberados e, até às 16h desta segunda-feira, se reuniam para fazer uma 'vaquinha' e conseguir a quantia de um salário mínimo, necessária para a liberação do último detido.

Pela manhã, policiais realizaram um cerco na área e retiraram algumas pessoas à força. Segundo os agentes, 26 ativistas foram detidos e, até às 16h desta segunda, somente um deles aguarda o pagamento da fiança de um salário mínimo para ser liberado. A pista sentido Centro da Radial Oeste foi fechada a partir da Rua São Francisco Xavier, após o Viaduto da Mangueira, por cerca de 2h30. A via foi reaberta por volta das 10h. O grupo foi retirado do museu e levado para um ônibus da PM.